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Estudante é rejeitada para vaga de estágio em MT por ser mulher

Vinícius Rangel

Colaboração para Universa

20/09/2020 16h24Atualizada em 22/09/2020 08h58

Uma estudante de 24 anos do curso de medicina veterinária em Cuiabá buscava um estágio quando cadastrou seu currículo em uma empresa de agronegócio da região. Na semana passada, a resposta de um funcionário por email foi clara: o setor técnico da empresa não contrata mulheres.

O e-mail que a universitária recebeu dizia que a empresa "segue a política de não contratar mulheres para o departamento técnico. Infelizmente não posso te ajudar", assinou um supervisor comercial.

O cadastro no site foi feito em julho desse ano, mas o caso veio à tona na sexta, quando uma amiga da estudante publicou a resposta numa rede social. A publicação viralizou em poucas horas até sábado contava com 33 mil curtidas e quase 4.000 compartilhamentos.

Vários profissionais da área repudiaram a postura da empresa e avaliaram a resposta como "atitude machista". Uma advogada chegou a oferecer os serviços sem custos para que a universitária processasse a empresa.

A jovem, que preferiu não ser identificada, afirma que ficou com medo de denunciar o caso. "Eu não esperava essa resposta. Cheguei a comentar com meu namorado, mas não quis denunciar por medo de me prejudicar, porque eu precisava arrumar outro estágio, mas até hoje não consegui nada", disse ela à reportagem.

Um outro e-mail foi enviado à estudante, depois da exposição do caso, pelo mesmo funcionário. Ele afirma que teria cometido "um equívoco de não ter sido claro" no e-mail anterior.

A universitária ficou constrangida como a situação. "A gente não espera uma resposta como essa. Chegaram a dizer que eu tinha adulterado o e-mail. Lamentável tudo isso", contou.

No Instagram da empresa, o autor do e-mail pediu desculpas. "Foi uma resposta totalmente equivocada, muito mal expressa e infeliz. Eu não tenho conhecimento e nem autonomia para admitir ou demitir", afirmou.

Universa entrou em contato com um dos responsáveis pela empresa, em Cuiabá. O representante não quis ser identificado, mas lamentou a situação e informou que foi aberta uma investigação interna para entender o motivo da
postura do colaborador. Segundo ele, o funcionário foi afastado até que o caso seja esclarecido e eventuais novas medidas sejam adotadas.

Numa rede social, o grupo empresarial emitiu uma nota repudiando o ato. "Repudiamos qualquer tipo de discriminação e salientamos que nossa diretoria é responsável por oito pessoas, sendo que quatro são mulheres. Dentro do nosso quadro de funcionários, tanto no setor administrativo, quanto no departamento técnico, 41% são mulheres", justificou.