Ex-atriz mirim, Cecilia Dassi é psicóloga e fala de saúde mental nas redes
Conhecida como atriz-mirim, com personagens como a Sandrinha da novela "Por Amor", que lhe rendeu o prêmio de revelação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Cecilia Dassi, hoje aos 30 anos, ouve as histórias reais de seus pacientes no divã.
Após colecionar personagens e participações em produções da TV Globo, como a de apresentadora da TV Globinho entre 2004 e 2005, Cecilia trocou a carreira de atriz pela psicologia em 2012.
"Minha intenção era estudar para ampliar perspectivas, entender mais o humano. Isso iria me ajudar de qualquer forma se eu seguisse como atriz. Mas também era uma outra possibilidade [de carreira] se eu decidisse mudar", diz Cecilia.
"Durante a faculdade, atuar começou a não me trazer mais realização, não mexia com o meu coração. E fui me encantando pela psicologia. Trocar de carreira foi um processo natural para mim", conta a psicóloga que, além do consultório, também tem um canal no YouTube com 160 mil inscritos, além de 258 mil seguidores no Instagram. Nas redes, aborda temas como saúde mental, depressão e ansiedade.
Cecilia recentemente se debruçou em estudos e escutas de quem teve histórico de tentativas ou pensamentos suicidas, a fim de descobrir como abordar o tema da forma mais efetiva possível.
Num de seus últimos posts, ela lembra que neste mês acontece o Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio e faz algumas recomendações a quem lida com alguém passando por essa situação.
"Se não souber como agir na hora, é muito melhor ouvir com atenção e abrir o jogo, dizer que não sabe como lidar com aquilo, mas que quer muito ajudar, que está lá pra ouvir, pra abraçar", escreve Cecilia na publicação.
"Esse tipo de informação precisa ser divulgado para que as pessoas que estão passando por isso tenham esperança e busquem ajuda. E para que aqueles que recebam pedidos de ajuda saibam a importância de buscar ajuda ou de orientar da forma correta o outro na busca", afirma em entrevista a Universa.
Como ajudar
Ela destaca que é essencial evitar falas que deem a entender que a dor do outro não está sendo percebida ou validada.
"Basicamente é não dizer nada do tipo: 'Ah, isso é coisa da sua cabeça', 'Pensa positivo', 'Você tem que ter mais fé', 'Você tem que ver as coisas por outro lado'. Ou qualquer coisa que faça a dor do outro parecer menor", diz Cecilia. "Sempre antes de falar, pense se o que pretende dizer vai fazer a pessoa achar que o que ela está sentindo é maluquice. Se a pessoa pudesse enxergar de outro ângulo, ela faria", explica.
Às vezes, diz a psicóloga, é possível observar que a percepção de realidade de quem tem pensamentos suicidas está diferente, mas não adianta se contrapor.
"Você pode sentir que a percepção dela está alterada, mas precisa entender que, para ela, aquela é a realidade. As ações são sempre [no sentido de] orientar a buscar ajuda, o que não é só dizer: procure ajuda, vá se tratar. É ajudar a entender o que pode ajudar aquela pessoa", afirma.
Segundo a psicóloga, alguns caminhos possíveis são indicar um terapeuta ou médico, dar o telefone e enviar matérias ou artigos em sites sobre o tema. Se a pessoa for resistente, vale sugerir que ela vá a um médico em quem confie, mesmo que de outra especialidade, pois ouvir de um profissional no qual já tem segurança que precisa de ajuda especializada, por exemplo, pode ajudar.
"Se a pessoa não está pedindo ajuda, você diz 'Estou levando uma comidinha para você', por exemplo. Pense em algo de que a pessoa goste, deixe na portaria dela, e não cobre que ela coma e te dê um feedback, que te diga que está uma delícia", diz.
"Muitas pessoas que não conseguem se expressar naquele momento porque estão adoecidas já relataram [posteriormente] o quanto aquilo fez bem ou o quanto elas ficaram felizes. Ficaram agradecidas por se sentirem importantes para alguém e que isso faz toda a diferença."
Escolha bem com quem se abrir
Como a pessoa que está procurando ajuda pode enfrentar preconceito e julgamento, diante dos tabus que cercam as questões de saúde mental, a psicóloga afirma que é fundamental buscar a pessoa certa para pedir ajuda.
"O mais importante para quem precisa buscar ajuda é escolher bem para quem pedir. Observar a sua volta pessoas que demonstrem ter uma abertura maior para este tipo de assunto, alguém que faça terapia ou que fale a favor dela", diz.
"Busque alguém que não faça comentários que depreciam como: 'É frescura, é besteira'. A questão é a psicofobia, essa aversão ou descrença na eficiência dos tratamentos terapêuticos. Se você percebe que a pessoa tem esse discurso, essa não é uma pessoa para você procurar."
Para buscar ajuda:
CVV - 188
https://mapasaudemental.com.br
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