Casal é vítima de homofobia no interior de SP: 'Isso não é coisa de Deus'
Um casal sofreu ataque homofóbico dentro uma clínica veterinária e pet shop, em Birigui, no interior de São Paulo. O crime ocorreu na sexta-feira.
Nas imagens feitas pelos homens, é possível ver que uma mulher, ainda não identificada, se aproxima e começa a ofender os dois rapazes.
De acordo com o universitário Guilherme Franceschini Simoso, 23, uma das vítimas, as ofensas contra ele e o namorado, o também universitário Eric Cordeiro Cavaca, 24, começaram antes de a gravação começar a ser feita por eles.
Além das ofensas, o casal conta que a mulher não usava máscara de proteção facial e zombava da situação.
Um funcionário do petshop aparece, conversa com a mulher e tenta impedir as agressões verbais. "Por favor, aqui dentro não", diz ele à mulher. "Então vai lá fora, que eu falo pra vocês lá fora!", retruca a senhora ao casal, os desafiando.
Logo depois, uma das vítimas pergunta se a mulher sabe que homofobia é crime, mas ela responde que "não acha que é crime".
Uma das vítimas tenta dialogar com a mulher e se defende dos ataques: "A gente não quer ouvir a opinião da senhora. Guarde para você. Ninguém aqui está pedindo a opinião da senhora. Eu não estou sendo desrespeitoso. Estou dizendo para você guardar para a senhora", diz um dos ofendidos.
Em seguida, a mulher insiste nas agressões verbais, volta a se aproximar do casal e começa a gesticular novamente. "Olha aqui. Estou falando que é homem com mulher. Não é homem com homem e mulher com mulher. Está ouvindo? Isso não é de Deus. Isso não é de Deus", diz a mulher.
Uma das vítimas ainda pede para a mulher parar de se aproximar e diz que vai chamar a Polícia Militar. O funcionário da clínica, então, intervém na discussão mais uma vez, retira a mulher de perto do casal e pede que ela os respeite.
"Ela já entrou no petshop falando alto. Ela falava sobre Deus e outros assuntos. Quando ela nos viu, do outro lado da loja, começou a menosprezar os gays em tom alto e olhando para a gente. Foi aí que meu namorado disse que isso era crime e ela veio para cima da gente gritando, e falando tudo o que ela falou no vídeo", explica Guilherme.
Boletim de ocorrência
Após o episódio o casal procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência. A mulher que aparece nas imagens está sendo identificada pela polícia e será chamada para prestar depoimento.
"Já tinha enfrentado situações de preconceito, mas estando junto com meu namorado foi a primeira vez. Infelizmente a comunidade LGBTQIAPN+ sofre muito com esse tipo de situação", diz.
Estabelecimento diz repudiar a situação
O pet shop São Francisco onde o caso aconteceu emitiu uma nota de repúdio e afirmou que a ação não partiu de nenhum de seus funcionários.
"A equipe clínica veterinária e pet shop São Francisco vem manifestar seu repúdio contra o ato de discriminação e preconceito ocorrido no dia 25/09 em nosso estabelecimento e esclarecer que não foi praticado por qualquer integrante da nossa equipe ou diretoria. Reforçamos que essa atitude não condiz com as diretrizes e valores da nossa empresa, atendendo a todos os clientes e amigos com dignidade e em busca de sua satisfação. Assim, a empresa manifesta publicamente sua solidariedade aos ofendidos, a todas e todos aqueles que tem sofrido qualquer tipo de preconceito ou discriminação", disse, em nota.
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