Maya Gabeira: "Se não houvesse limitação, teríamos mais recordes femininos"
No ano em que o mundo dos esportes parou por conta da pandemia de coronavírus, a surfista brasileira Maya Gabeira celebra um baita recorde: surfou a maior onda do ano entre homens e mulheres, de 22,4 metros. A marca, realizada em fevereiro, mas anunciada em setembro pelo Guinness Book, é uma conquista pessoal e também coletiva. Em entrevista a Universa, ela conta acreditar que esse recorde pode impactar especialmente as próximas gerações de mulheres atletas.
"Eu fiquei meio abobada, não caiu a minha ficha ainda. Não sei se já houve no surfe uma mulher ganhando de um homem em uma categoria profissional, é muito difícil no esporte em geral acontecer isso, ainda mais num ambiente tão associado a coragem, força, atributos que ainda são vistos como masculinos", disse.
"A gente cresce achando que a mulher vai até ali e o homem vai até lá, e isso não é saudável. Talvez, se a gente não impusesse essa limitação, a gente veria mais recordes femininos, essa seria uma coisa mais buscada pelas meninas e, consequentemente, mais possível".
Há 17 anos fazendo carreira sobre a prancha, Maya vê seu esporte dando passos importantes em direção à igualdade de gênero, especialmente nos últimos 5 anos.
"A coisa mais simbólica, eu diria, é a igualdade das premiações [anunciada há dois anos pela World Surf League, responsável pelo Circuito Mundial de Surfe]. Esse foi um passo bem grande, ainda é raro um esporte que premia de forma igual homens e mulheres. E as mulheres têm conquistado mais espaço, campeonato, força para fazer demandas. Quando a sociedade começa a questionar, isso reflete no esporte, nas oportunidades".
Segunda casa
Maya, ao lado da skatista Letícia Bufoni, é o rosto da nova linha de proteção solar da Australian Gold, que é 100% segura para os corais, ameaçados por produtos químicos usados por turistas.
A surfista conta que a proteção do ecossistema marinho não é só uma forma de se preocupar com o futuro, mas de evitar problemas no presente: o plástico nos oceanos já afeta os treinos e coloca ela e sua equipe em risco no mar.
"Quando saio para treinar com jet ski, é um perigo, porque tem muita rede de pesca, muito plástico que fica no mar, e, às vezes, o motor puxa esses resíduos e fica mais lento, chegam até a parar de funcionar", explica. "Não é raro entrar no mar pra pegar onda gigante e ter que sair sem nem treinar direito para tirar alguma coisa presa na hélice do jet ski. A gente toma muito cuidado, mas é um perigo, são coisas que vão permanecer anos no meio ambiente".
Maya vive na cidade litorânea de Nazaré, em Portugal, e considera o mar sua segunda casa. Nos últimos anos, ela começou a praticar novos esportes para passar mais tempo na água quando as ondas estão ruins: kitesurf, foil, mergulho.
"Vejo o mar aqui de casa, mas não vejo as ondas gigantes. Minha casa dá de frente para a vila, o que pra mim é um alívio, porque seria tenso, uma sensação de adrenalina o tempo todo".
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