Topo

Indicada à Suprema Corte integrou grupo que promovia clínica antiaborto

A juíza Amy Coney Barrett - AFP PHOTO /UNIVERSITY OF NOTRE DAME/JULIAN VELASCO
A juíza Amy Coney Barrett Imagem: AFP PHOTO /UNIVERSITY OF NOTRE DAME/JULIAN VELASCO

De Universa

12/10/2020 14h57

Indicada pelo presidente Donald Trump a ocupar uma vaga na Suprema Corte americano após a morte da juíza Ruth Bader Ginsburg, Amy Coney Barret tem evitado se posicionar publicamente contra a legislação que autoriza o aborto legal nos Estados Unidos, mas, segundo reportagem do jornal britânico "The Guardian", ela já integrou um grupo que promoveu uma clínica acusada de enganar mulheres para que desistissem de abortar.

Amy, que nesta segunda-feira (11) participa de uma audiência no Senado para confirmar sua indicação à cadeira, fez parte do grupo University Faculty for Life, da Universidade de Notre Dame, de 2010 a 2016. A organização fez propaganda, em seu site, do Centro de Cuidados da Mulher de South Bend.

Esse centro, como informa o "The Guardian", dá a entender que oferece serviços de interrupção de gravidez em um primeiro momento, assim como testes de gravidez e exames de ultrassom. Mas, ao clicar no link sobre aborto, informa o seguinte: "Se você está pensando em abortar, oferecemos serviços confidenciais e gratuitos para ajudá-la a conhecer os fatos e fazer um planejamento que seja melhor para você".

Também oferece informações para que as mulheres "entendam o procedimento", seja por meio de pílulas ou de procedimento cirúrgico. O centro, na verdade, não oferece nenhum serviço de aborto e é apoiado por igrejas e grupos antiaborto.

Na época em que foi indicada por Trump, no final de setembro, Amy levantou suspeitas entre ativistas em favor dos direitos das mulheres, que a veem como um risco para o avanço da igualdade de gênero no país, a começar pela questão do aborto. Caso o tema venha a figurar na Suprema Corte, seu volto seria contrário à manutenção da legalidade do aborto.

Ironicamente, Amy foi indicada para substituir Ruth Bader Ginsburg, conhecida por ser uma fervorosa defensora da equidade entre os gêneros. RBG, como era conhecida, tinha um perfil oposto ao da provável futura juíza. "É uma ironia dolorosa que grande parte do legado dela esteja em grande risco de ser desfeito por outra mulher", disse Lucinda Finley, professora da Escola de Direito da Universidade de Buffalo, também ao The Guardian. "Uma trágica ironia."