Pode preparar a tinta: as peças em tie-dye voltaram para ficar
A moda do tie-dye inundou o Instagram, você já deve ter reparado. Conjuntos de moletom, camisetas e até acessórios bem coloridos, com estampas tingidas artesanalmente, ganharam força principalmente durante os meses de quarentena. Afinal, muita gente resolveu passar o tempo e aliviar as angústias da pandemia fazendo algo bonito para vestir (em casa ou na rua).
Mas a verdade é que o tie-dye tem história. Nas décadas de 1960 e 1970, camisetas, camisas e outras peças coloridas vestiram os corpos dos hippies. E, então, o estilo ficou associado à juventude, descontração, paz e amor. Coisas das quais a gente precisa um pouquinho, né? Desde então, essa moda vai e volta e, boa notícia, deve continuar em alta pelos próximos meses.
Ele voltou
A pandemia turbinou o gosto pelo tie-dye, mas ele já estava de volta antes disso. Antes do início da pandemia, o tie-dye já fez sucesso no varejo do hemisfério norte no verão 2019 e continuou em alta em 2020.
"Apareceu há algumas temporadas nas passarelas, como no Outono/Inverno 2018-2019. O motivo pelo qual ele surgiu nesse momento tem a ver com uma busca por reconexão com a natureza como um antídoto contra as consequências negativas que a gente está vivendo de um mundo acelerado e digital. Passamos a valorizar as imperfeições da natureza e as técnicas mais artesanais, relacionadas ao humano mesmo", explica Isabela Bez, especialista em moda na WGSN, líder global de tendências em consumo e design.
Segue firme em 2021, com evoluções
Os desfiles de Primavera Verão 2021, que aconteceram entre setembro e outubro em Nova York, Londres, Milão e Paris, mostraram que o tie-dye passa por uma evolução para as próximas temporadas. A Dior, por exemplo, apostou na versão listras.
"Fica mais suave, mais refinado e se inspira nas fontes da natureza, do tingimento natural, apresentando mais imperfeições e mais manchas, não tão característico como que vimos bastante nas lojas e nas redes sociais, que, inclusive foi impulsionado pela questão do DIY (Do It Yourself, ou faça você mesmo, em português) e da valorização das técnicas manuais durante o isolamento social", conta Isabela.
Sai de cena, então, a estampa com cara de mergulho na tinta e entram as pinceladas aquareladas, que foram destaque na coleção de Jason Wu, em Nova York.
"Como a gente está vendo essa tendência como novidade entre os influenciadores e marcas que trazem inovações, ela deve vir com mais força para o próximo verão brasileiro e continua no verão de 2022", explica Isabela.
Arte na pandemia
Nesses tempos de pandemia, tem sido raro quem não passa por momentos de medo, ansiedade e incerteza. Mas muita gente encontrou no artesanato uma válvula de escape para dar vazão a estes sentimentos. Algumas pessoas passaram a cozinhar mais (e a queimar mais receitas também, ops), outras a fazer crochê, costurar, plantar e... a fazer tie-dye.
"Esse cenário acabou impulsionando o que a gente já estava vendo, pessoas lançando mão de peças mais artesanais. Os próprios designers investiram ainda mais em técnicas criativas, que impactam não somente o tie-dye, mas as estampas de um modo geral", avalia Isabela.
Um bom exemplo disso é o trabalho mais recente do designer britânico Christopher Kane. Durante o lockdown, ele se dedicou à pintura e transformou suas telas em estampas, verdadeiras explosões de cores e texturas para seus looks da coleção de verão 2021, batizada de Home Alone (em português, sozinho em casa).
"As pessoas buscam na cor, na estampa, na modelagem uma maneira de se sentirem bem. A gente antecipa a importância dessas estampas mais artísticas, que trazem energia, otimismo e relaxamento, porque isso está alinhado com esse comportamento de resposta emocional. Principalmente para o público jovem, o destaque nas redes sociais é muito importante e já estamos vendo isso nos influenciadores emergentes com bastante recorrência. Isso sinaliza um impacto na moda para as próximas temporadas", diz Isabela.
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