Ela perdeu a mãe para câncer de mama e hoje ajuda mulheres mastectomizadas
Aline Costa, 32, de Natal (RN), estava nas últimas semanas de gestação do primeiro filho quando recebeu uma das piores notícias da sua vida: sua mãe havia morrido depois de lutar por mais de uma década contra o câncer de mama.
A micropigmentadora lembra que tinha apenas 12 anos quando a mãe, Ludeni, na época com 40, recebeu o diagnóstico da doença. Por 12 anos, as duas lutaram juntas para superar o câncer que se espalhou para os ossos, pulmão e pâncreas.
Ela conta que era a responsável pelos cuidados com a mãe e, mesmo depois de engravidar, continuou com a tarefa. Até completar sete meses de gestação, Aline acompanhou aquela que também era sua melhor amiga durante as internações.
"No início, eu não entendia muito bem a doença, mas fui crescendo e vendo o sofrimento que ela causa. Minha mãe ficava muito debilitada durante o tratamento, perdeu cabelo, usou peruca e eu fui cuidando dela. Eu era quem dava banho, trocava fralda e dava a medicação. Era bem forte a ligação que eu tinha com minha mãe e acabei vivenciando muito de perto essa doença, " lembra.
Além das sessões de radioterapia e quimioterapia, a mãe de Aline precisou passar por uma mastectomia e retirou um dos seios a fim de conter o avanço da doença. A cirurgia, comum em mulheres que enfrentam esse tipo de câncer, além da mama também levou embora a autoestima da paciente, que passou a evitar se olhar no espelho.
"Apesar de a minha mãe ter feito a reconstrução, a mama ficou sem aréola e não era mais como antes. Lembro que isso afetou muito a autoestima dela, ela teve uma queda na sensação de feminilidade", diz Aline.
Apesar de toda a luta, a mãe de Aline não resistiu ao agravamento da doença e morreu em abril de 2002.
"Meu filho tinha apenas 13 dias quando minha mãe faleceu. Foi um baque muito grande e um período bem complicado na minha vida", diz.
"Quis ajudar outras mulheres para me sentir mais perto da minha mãe"
A dor serviu de incentivo para que ela buscasse ajudar outras mulheres que também tiveram a doença.
Um ano após a morte da mãe, em uma pesquisa na internet, Aline conheceu a técnica de reconstrução da aréola do seio por meio da micropigmentação. E não teve dúvidas: essa era a oportunidade de resgatar a autoestima de mulheres, que, assim como sua mãe, enfrentaram o câncer de mama.
Durante um ano, a micropigmentadora guardou dinheiro para fazer um curso específico sobre a técnica de reconstrução de aréolas. Em seguida, criou o projeto Reviver Mulher, que oferece a micropigmentação gratuita da aréola para mulheres que precisaram reconstruir a mama por causa do câncer. O desenho é feito à mão livre e busca ficar o mais próximo da realidade. A técnica é semelhante a uma tatuagem e tem longa duração.
"O projeto surgiu a partir do momento em que eu vi uma aréola pigmentada na internet. Passou um filme na minha cabeça e eu pude, então, entender que era aquilo que tinha faltado para minha mãe ter a autoestima de volta. Então pensei na possibilidade de fazer isso por outras mulheres e, assim, me sentir mais perto da minha mãe", diz.
"Choravam ela, a filha e o marido"
O projeto existe há quase dois anos e, nesse período, Aline já ajudou 15 mulheres.
"Essas mulheres já vêm com um sentimento de gratidão muito grande e é uma troca muito gostosa. Normalmente, depois do procedimento, elas choram, me abraçam e agradecem muito. Sentem como se elas tivessem voltado no tempo e estivessem ali, com suas mamas de volta, do jeito que era para ser", conta.
Cada sessão dura em torno de duas horas e significa muito mais do que um atendimento estético, diz Aline. Segundo ela, um elo entre ela e a mulher é criado e a micropigmentadora conta que acaba se tornando uma espécie de terapeuta, além de amiga, dessas mulheres.
"Já ouvi várias histórias, mas uma que me marcou muito foi a de uma mulher que veio com a filha. Elas eram de uma cidade vizinha e a filha quem agendou e fez a surpresa para a mãe. Quando a mulher viu o resultado, ficou muito feliz e disse que faria uma surpresa para o marido. Mas ela não aguentou esperar chegar em casa e, logo após o procedimento, fez uma chamada de vídeo com o marido para mostrar o resultado. Quando ele viu, começou a chorar. Choravam ela, a filha e o marido. Foi muito emocionante", lembra a micropigmentadora.
Os agendamentos podem ser feitos gratuitamente pelo WhatsApp de Aline e são feitos de acordo com a disponibilidade da agenda da micropigmentadora.
Quem pode fazer
Para fazer a micropimentação da aréola é preciso que a mulher já tenha finalizado o tratamento contra o câncer de mama e tenha autorização médica para passar pelo procedimento.
Segundo especialistas, o procedimento não é indicado para pessoas diabéticas e que tenham dificuldades de cicatrização.
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