Médica que caiu de prédio na BA nega tentativa de suicídio e relata ameaças
A médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, que caiu do 5º andar do prédio Serra do Mar, no bairro de Armação, em Salvador, em julho, prestou teve seu segundo depoimento revelado nesta quinta-feira (29). A vítima disse para a polícia que quando caiu da janela do apartamento, recordou que, o então namorado dela, o médico Rodolfo Cordeiro Lucas, estava 'segurando o pescoço dela, ameaçando cortar o rosto dela e dizendo que iria acabar com a vida dela'.
Sáttia foi ouvida pela polícia pela primeira vez no dia do acidente, em 20 de julho, mas não conseguia se lembrar de detalhes do ocorrido por conta do trauma sofrido. Após deixar a unidade de saúde, ela prestou o segundo depoimento, no dia 28 de setembro. Ela ainda passa por tratamento e se recupera da queda.
Neste segundo depoimento, obtido pela TV Bahia, Sáttia ainda contou à polícia que, durante a semana, antes da queda, Rodolfo teria dito que se ela terminasse o relacionamento, ele acabaria com a vida dela. Ela relatou que no dia da queda, ele repetia: "Eu avisei" enquanto partia para cima dela. A suposta vítima ainda afirmou que vinha sofrendo há alguns meses com um relacionamento abusivo com Rodolfo.
De acordo com Sáttia, Rodolfo já a agrediu com puxões de cabelo, socos e já até esfregou um pano no rosto dela para retirar a maquiagem que ela usava.
Procurado por Universa, Aloísio Freire, um dos advogados da família da médica, preferiu não comentar sobre o segundo depoimento prestado por Sáttia no último dia 28 de setembro. "Não quero atrapalhar as investigações".
Rodolfo chegou a ser preso como suspeito depois da queda, no dia 20 de julho, mas foi liberado para responder em liberdade. Em depoimento prestado na Delegacia de Atendimento Especial à Mulher, o suspeito negou que tenha jogado Sáttia do apartamento e disse que a ex-companheira sofria com depressão e se dopava - versão negada pela família dela. Rodolfo afirmou ainda que no dia do acidente a médica se pendurou na janela do apartamento e que ele ainda tentou ajudá-la, segurando as mãos dela, mas mesmo assim ela caiu.
No último mês de setembro, o Ministério Público da Bahia (MPBA) remeteu de volta o inquérito à unidade que investiga o caso para que sejam realizadas novas diligências, como escuta de novas testemunhas e realização de reconstituição do fato, além de solicitar que a vítima seja ouvida novamente.
Reconstituição do caso
Com a finalidade de esclarecer a suposta tentativa de feminicídio, equipes da Polícia Civil e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizaram, na noite da última quarta-feira (28), a reprodução simulada do fato. Durante a simulação, foram analisados posicionamentos da vítima, de objetos na cena do crime e de testemunhas. O laudo deve ficar pronto em cerca de 30 dias.
A titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), de Brotas, delegada Bianca Torres Andrade, acompanhou o trabalho dos técnicos. "Com esta simulação, poderemos chegar a um melhor entendimento do que ocorreu no dia 20 de julho e também atender a solicitação do Ministério Público da Bahia (MP-BA)", detalhou. "Já realizamos outras oitivas que também irão complementar esta nova fase das investigações", acrescentou a titular da Deam/Brotas.
Defesa de Rodolfo rebate
Procurado por Universa, Gamil Fopel, advogado de defesa de Rodolfo, também preferiu não comentar sobre o segundo depoimento prestado por Sáttia, e reforçou a versão contada pelo suspeito.
De acordo com o advogado, os peritos do Departamento Técnico da Polícia Civil (DPT), detectaram, na amostra de sangue e urina de Sáttia Aleixo, substâncias controladas, tais como como o metamizol, a fenitoína, o diazepam, amidazolam e midazolam. O que, em tese, endossa a versão de que Sáttia estaria sob efeito de entorpecentes na hora do acidente.
A equipe de reportagem solicitou um posicionamento da Polícia Civil sobre a presença das substâncias, mas ainda não obteve resposta.
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