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Ministro do STF diz que Mariana Ferrer sofreu humilhação em audiência

Do UOL, em São Paulo

03/11/2020 16h30Atualizada em 29/12/2020 12h13

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes condenou a audiência que absolveu o empresário André de Camargo Aranha da acusação de estupro contra Mariana Ferrer, de 23 anos. Imagens da audiência, que ocorreu em setembro, foram divulgadas hoje pelo site The Intercept.

Em mensagem nas redes sociais, Mendes classificou as cenas como "estarrecedoras" e ressaltou que a Justiça não deve ser instrumento de "tortura e humilhação".

No vídeo divulgado, o advogado de defesa Cláudio Gastão da Rosa Filho exibiu fotos sensuais de Mariana, que atuava como modelo profissional, para reforçar o argumento de que a relação sexual foi consensual. Classificando as imagens como "ginecológicas", o advogado ainda disse que "jamais teria uma filha" do "nível" de Mariana.

Em seguida, Cláudio Gastão repreende o choro de Mariana: "Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo".

Durante a audiência, o advogado ainda acusou a vítima de manipular os fatos do ocorrido. "Tu vive disso? Esse é teu criadouro, né, Mariana, a verdade é essa, né? É teu ganha-pão a desgraça dos outros? Manipular essa história de virgem?".

A audiência de setembro foi encerrada com o André de Camargo Aranha absolvido. O promotor do caso argumentou que o empresário não poderia saber que Mariana não tinha condições de consentir a relação. Desta forma, não existiria a "intenção" de estuprar, de acordo com ele.

Segundo o Intercept, o advogado Cláudio Gastão é um dos mais caros de Santa Catarina e já representou Olavo de Carvalho, além de defender a ativista Sara Giromini quando ela foi presa pela Polícia Federal por manifestações contra o STF.

Relembre o caso

Em 15 de dezembro de 2018, Mariana Ferrer, influenciadora conhecida como Mari Ferrer, trabalhava em um evento promovido pelo estabelecimento, em Florianópolis, como embaixadora da casa — divulgando o espaço nas redes sociais.

Segundo a mãe da jovem, em entrevista para Universa concedida em novembro de 2019, ela chegou em casa do trabalho chorando muito, com o body e a calcinha que usava ensanguentados. A roupa que usava também estaria com forte odor de esperma.

No dia seguinte, Mariana registrou um boletim de ocorrência de estupro. Em exame pericial feito com o esperma encontrado na roupa da jovem, foi constatado que o material era compatível com o DNA do empresário paulistano André de Camargo Aranha. Em julho de 2019, ele se tornou réu do caso, investigado como estupro de vulnerável.