MPSC afirma que vídeo da audiência de Mari Ferrer foi editado e manipulado
O MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) se manifestou hoje sobre o vídeo da audiência da influencer Mariana Ferrer divulgado ontem pelo site Intercept Brasil. Segundo acusação do órgão, o vídeo foi editado de forma que os trechos em que o promotor e o juiz interferem contra excessos praticados pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho são suprimidos, dando a impressão de que a vítima foi humilhada sem nenhum tipo de interferência.
O MPSC também informou que já entrou com um pedido de quebra de sigilo processual para que o vídeo possa ser divulgado na íntegra, de forma que seja feita a defesa do promotor Thiago Carriço de Oliveira no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e na Corregedoria.
Quem requereu a retirada do sigilo das suas alegações finais e dos trechos das audiências dos dias 20 e 27 de julho foi o próprio promotor Thiago, para provar suas interrupções a fim de evitar o constrangimento da vítima.
O MPSC ainda reafirmou que o vídeo não condiz com a realidade dos fatos e que foram seguidas todas as normas de audiências, que impedem que o MP ou Juiz interrompam o advogado de defesa no momento de inquirir a vítima, e que, nos momentos oportunos (e não divulgadas no vídeo), foram feitas interferências em favor da vítima.
Por fim, o MPSC afirmou ter solicitado a quebra de sigilo para que a verdade venha à tona para toda a sociedade e se comprove que ao longo de todo o processo foram adotadas toda a sensibilidade e respeito que a situação exigia.
As alegações do MPSC, entretanto, vão contra a percepção do ministro do STF, Gilmar Mendes. Por meio de mensagens em suas redes sociais, o Ministro classificou as cenas como "estarrecedoras" e afirmou que a Justiça não deve ser usada como instrumento de "tortura e humilhação".
Além disso, especialistas contestam a argumentação do MPSC e advogadas ouvidas pelo UOL afirmaram que cenas como as ocorridas na audiência de Mari Ferrer são comuns em outras audiências da mesma natureza.
O vídeo
O juiz Rudson Marcos foi o responsável por comandar a audiência do processo em que o empresário André de Camargo Aranha foi acusado pelo Ministério Público de ter estuprado a influenciadora Mariana Ferrer em um bar de Florianópolis (SC) em 2018. Mariana tinha 21 anos na época.
Aranha foi absolvido das acusações, em sentença publicada em setembro.
A audiência foi registrada em vídeo e teve a gravação revelada por reportagem publicada ontem pelo The Intercept Brasil. Durante a audiência do caso, segundo o Intercept, o advogado do empresário, o defensor Cláudio Gastão da Rosa Filho, se refere como "ginecológicas" a fotografias profissionais feitas por Mariana em sua carreira de produtora de conteúdo para redes sociais e diz que não gostaria de ter "uma filha do teu nível".
Na audiência, o advogado segue exibindo fotos da jovem e afirma: "Peço a Deus que meu filho não encontre uma mulher que nem você". O defensor do réu prossegue: "Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lágrima de crocodilo".
A jovem reage à investida do advogado e, chorando, se dirige ao juiz: "Eu gostaria de respeito, eu tô implorando por respeito, nem os assassinos são tratados da forma como eu estou sendo tratada", de acordo com o vídeo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.