Com manifesto antirracista, Avon lança campanha "Essa é a minha cor"
A Avon lança no Brasil uma nova campanha de combate ao racismo, no mês dedicado ao debate sobre igualdade racial e consciência negra. Com o mote "Essa É Minha Cor", a campanha conta com manifesto antirracista composto pela cantora e escritora Larissa Luz e é estrelada por Cris Viana, Zezé Mota, Magá Moura e Ana Paula Xongani, colunista de Universa. Além disso, a empresa passa a assumir compromisso de ampliar a representatividade na equipe e oferecer produtos com maior variedade de tons de pele.
A ideia da marca é trazer em forma de poesia, a força, potência e beleza das mulheres negras, características que são ampliadas quando reunidas. "Amplificar vozes femininas negras que são diariamente invisibilizadas num país racista é uma contribuição efetiva em prol de uma transformação necessária, e participar desse processo onde misturam-se não só tons, mas, também, grandes talentos, é potente e inspirador", disse Larissa sobre o projeto, por meio de nota.
Com o álbum "Território Conquistado" (2016), a cantora, uma expoente da música baiana contemporânea, recebeu o Prêmio Caymmi e foi indicada ao Grammy Latino (Melhor Álbum Pop Contemporâneo em português) e ao Prêmio da Música Brasileira.
A marca já esteve envolvida em projetos como a presença no Bloco Ilê Aiyê; o lançamento, em 2018, de um informativo sobre Afrofuturo; e estudos globais sobre tons de pele de mulheres em seis países, incluindo Brasil.
Ações concretas: 30% de mulheres negras em postos de liderança
As ações anunciadas pela Avon contemplam ampliar a empregabilidade de pessoas negras e a sua presença em cargos de liderança; acelerar a inovação nos produtos que incluam toda a diversidade da beleza brasileira; amplificar as vozes de mulheres negras por meio de suas campanhas; e buscar ativamente oportunidades de se posicionar como antirracista.
Entre as ações, a Avon definiu como meta contratar 50% de pessoas negras. Para as áreas da empresa com a menor representatividade, foi instituída a obrigatoriedade de, no mínimo, uma pessoa negra como finalista em processos seletivos para líderes dessas áreas. Além disso, foi estabelecida a meta de 30% de mulheres negras nos cargos de liderança até 2030.
Leia abaixo o texto escrito por Larissa Luz para a campanha:
ESSA É MINHA COR
"Ser mulher negra no Brasil é acordar todos os dias e bolar estratégias de resistência, de resiliência, estratégias para ser feliz, estratégias para amar.
Planejar o seu destino acreditando no aparente impossível, apostar no invisível, investir no que todos parecem duvidar.
Não ter muito tempo pra chorar, não ter muito tempo pra se divertir, não ter muito tempo pra comemorar, não ter muito tempo porque o tempo parece ser sempre pouco pro tanto a se fazer.
Ser mulher negra é nascer com uma missão: sobreviver.
Porque parece que estamos sempre no risco, senão de morrer, ao menos de enlouquecer.
Mas mesmo com tudo, quando estamos juntas, deixamos de ser apenas mulheres de guerra e passamos a ser mulheres de amor, de sensibilidade, de acolhimento, afeto...
Quando percebemos nos nossos diferentes tons, uma essência em comum, entendemos que, na mistura das nossas tintas, mora o tom do abraço, e ele é reluzente, é consistente.
O tom ideal vem da nossa união.
E na construção dessa paleta o único objetivo é achar o nosso lugar.
Poder assumir a nossa verdade, na pele crua, é acessar a liberdade, não sentir medo de estar nua.
Seguir com a segurança e a convicção de que o mundo é nosso e seremos a revolução.
Bater no peito e dizer com vontade:
"Me chama de preta. Me chame de negra. Essa é a minha Cor."
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