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"Não tenho pretensão de aparentar vinte anos", diz Carolina Ferraz

Lia Rizzo

08/11/2020 04h00

Há cerca de quatro anos, Gina Pell, publicitária americana, passou a difundir o termo perennial para se referir às pessoas acima de 40 anos que parecem não envelhecer. E não pela aparência estética, mas por buscarem se manter ativas em atividade corriqueiras e também naquelas que, antigamente, pareciam ter prazo de validade.

O que parecia ser tendência de personalidades inquietas, hoje se mostra um estilo de vida sobretudo entre mulheres, para quem envelhecer não significa mais ficar antiquada. Em mais um painel da terceira edição de Universa Talks, a atriz Carolina Ferraz mostrou ser um exemplo dessas mulheres ao comentar que nunca teve tido problemas em amadurecer. "Os anos passaram e não tenho pretensão de aparentar vinte anos. Ao contrário, quero valorizar os efeitos do tempo, incluindo as imperfeições".

Carolina ponderou, no entanto, que o processo não é fácil e a falta de representatividade de mulheres 45+, na imprensa e também no mercado publicitário, se configuram em uma dificuldade a mais. A conversa fez parte do painel "A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer", mediado por Silvia Ruiz, colunista de UOL.

“Falar sobre o envelhecer faz com que nos olhemos com mais interesse”, diz Rosana Hermann no Universa Talks - Mariana Pekin / UOL - Mariana Pekin / UOL
“Falar sobre o envelhecer faz com que nos olhemos com mais interesse”, disse Rosana Hermann no Universa Talks
Imagem: Mariana Pekin / UOL

Jornalista, corredora e entusiasta de inovação, Rosana Hermann foi uma das convidas. Durante a pandemia, como muitas mulheres, ela acabou assumindo um novo visual: cabelos que continuaram curtíssimo, mas agora brancos. "Fiquei um tempo trancada no banheiro depois de olhar para a cabeça inteira branca, enquanto minha filha chamava dizendo que eu deveria sair, porque estava lindo", contou com bom humor.

Ela reconheceu, porém, que a sociedade ainda impões regras - implícitas, de certa forma, mas bem claras. "Ao envelhecer, te tiram do mercado do sexo, do mercado de trabalho. É como se você virasse café com leite", pontuou. E ganhou coro da atriz Zezé Motta: "existe esse mito de que, com a menopausa, nunca seremos as mulheres de antes, não teremos mais prazer e não proporcionaremos prazer a nossos parceiros.".

A beleza de ser
Zezé admitiu ter vivido algumas crises ao longo da vida, sobretudo na chegada dos 40 e 50 anos. "Quando chegou os 60, nenhum comentário me atingia mais. Disse a mim mesma que não sofreria por estar envelhecendo", afirmou. "E passei a agradecer por estar viva, produzindo e levando a vida!".

Zezé Motta (atriz e cantora), Rosana Hermann (jornalista) e Carolina Ferraz (atriz e apresentadora) estiveram juntas em painel de Unversa Talks - Mariana Pekin / UOL - Mariana Pekin / UOL
Zezé Motta (atriz e cantora), Rosana Hermann (jornalista) e Carolina Ferraz (atriz e apresentadora) estiveram juntas em painel de Unversa Talks
Imagem: Mariana Pekin / UOL

Para Carolina, mulheres mais velhas estão cansadas da falta de realidade nos meios de comunicação e redes sociais. "Queremos olhar o outro e nos reconhecer nele", apontou, lembrando que em outros países já é mais comum ver atrizes e modelos maduras em grandes campanhas. Um movimento que começou no Brasil, mas ainda é mais tímido no país. "Falar sobre o envelhecer é necessário até para que nós mesmas possamos nos olhar com mais interesse e não com julgamentos", completou Rosana Hermann.

Zezé Motta acrescentou que em sua jornada, pesou ainda a falta de representatividade como mulher negra. "Eu já vinha daquela luta sendo brasileira e negra. Ao perceber que a idade me preocupava, parei e pensei: vou arrumar mais esse problema para sofrer? Não. Deixa a idade chegar", finalizou, no tom que parece ser o mais adotado para mulheres que, ainda que em alguns momentos se ressintam por ter chegado a uma idade mais avançada, não querem perder tempo ou desperdiçar nenhum pedaço de vida.

::O evento Universa Talks - Conversas sobre autoestima, reuniu mulheres incríveis para falar de beleza, quebra de padrões e aceitação, em 4 de novembro de 2020::

Confira, aqui, o que rolou de mais legal na programação.

Discurso de abertura: Joice Berth.

A jornada do corpo gordo
Mediação: Maqui Nóbrega (colunista de Universa). Convidadas: Alexandra Gurgel (fundadora do @movimentocorpolivre), Dani Lima (criadora de conteúdo), Marcela Kotait (nutricionista) e Flávia Durante (criadora da feira Pop Plus).

Cicatrizes: meu corpo, minha história

Discurso: "Amor próprio é o novo sexy", com Letticia Munniz Mediação: Dolores Orosco (editora-chefe de Universa). Convidadas: Giulia Dias (modelo), Juliana Romano (criadora de conteúdo digital), Nina Gabriella (influenciadora digital) e Ana Paula Xongani (empresária e colunista de Universa)

A coisa mais moderna que existe nesta vida é envelhecer
Mediação: Silvia Ruiz (colunista do UOL). Convidadas: Carolina Ferraz (atriz e apresentadora), Zezé Motta (atriz e cantora) e Rosana Hermann (jornalista).

Os caminhos da autoaceitação

Bate-bola entre as colunistas de Universa Xan Ravelli (colunista de Universa) e Fabi Gomes (maquiadora e colunista de Universa).

Movimentos que constroem a autoestima

Mediação: Débora Miranda (editora de Splash e colunista de Universa). Convidadas: Yara Achoa (maratonista), Suelen Naraísa (surfista) e Ellen Valias (criadora do perfil @atletadepeso)

Assista aqui a íntegra do evento: