Mulheres contam como fortaleceram a autoestima com a ajuda do esporte
São muitas as possibilidades para mulheres que buscam autoconhecimento, aceitação e, consequentemente, o fortalecimento da autoestima. Na conversa que fechou a terceira edição do Universa Talks, Débora Miranda, editora do Splash e colunista de Universa, abordou a experiência de três delas pelo caminho do esporte. A começar por Yara Achôa, jornalista e mãe de dois filhos, que às vésperas de completar 40 anos resolveu se aventurar na corrida incentivada por um amigo.
Na época, sedentária e se considerando acima do peso, ela se encontrou na modalidade e considera que este foi um divisor de águas em sua vida. "Teve a transformação física, claro. Mas ganhei além de qualidade de vida e energia, mais confiança", considera ela. Seis meses depois de incorporar o hábito a sua rotina, Yara se separou do então marido e percebeu que resgatava uma mulher até então adormecida dentro de si. "A corrida me encontrou e foi nela que me encontrei", afirmou.
A primeira maratona veio dois anos e meio depois dos primeiros passos. "É um acontecimento com impacto muito grande para corredores. Você se reinventa ao longo do percurso e o físico, a cabeça e o coração fazem lembrar de quem você é e onde está para chegar até o fim". Aos 54 anos, Yara contabiliza mais de dez corridas de longa distância e usa a determinação e outros aprendizados das maratonas na vida.
Suelen Naraisa se iniciou no esporte bem cedo, aos oito anos, quando surfou pelas primeiras vezes. Já mostrava jeito, mas teve a trajetória pausada em função de um câncer, descoberto aos dez anos e em estágio avançado. Três anos de tratamento, muita quimioterapia e a retirada de um rim depois, voltou para a vida normal. E para o surf!
Hoje é bicampeã brasileira na categoria profissional da modalidade. "Mas bati na trave muitas vezes, ainda que mantivesse o pensamento de que tudo era possível!", lembrou. A determinação é uma das heranças do período em que esteve doente. Ficou também uma cicatriz na barriga. "E não me incomodo com essa marca em meu corpo. Ela me faz lembrar a importância da minha saúde, pois as vezes a gente se perde em imposições que a sociedade coloca, quando fundamental é estar saudável".
Este é o lema também de Ellen Valias, criadora do perfil Atletas de Peso, que busca desmistificar a ideia de que esportistas necessariamente precisam ser magros ou praticar esportes para emagrecer. "Jogo basquete desde os 9 anos, sempre fui gorda. E sempre me senti sozinha nesses ambientes, por isso passei a questionar isso", contou. "Infelizmente atividade física está relacionada a estética, punição e emagrecimento. É algo enraizado".
Para Ellen, o acesso dos corpos gordos ao esporte é negado desde a infância; quando atividade física deveria ser algo acessível para qualquer um, incluindo aqueles que se sentem fora dos padrões. "A maioria dos profissionais de educação física não sabe acolher crianças gordas e evitar que elas sejam ridicularizadas", atentou. Desta forma, muitas crescem acreditando não serem capazes de praticar algo.
O fato de ter uma boa performance como jogadora de basquete, foi o que fez Ellen perseverar. E assumir a missão de combater a gordofobia nestes ambientes, além de incentivar outras mulheres a abraçar a atividade física sem constrangimentos. Yara Achoa completou: "não tem essa de corpo perfeito. É preciso descobrir o que você gosta e investir. Pois nossa principal barreira somos nós mesmas".
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