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Ex-namorado é condenado pela morte de Gabriela Chermont 24 anos após crime

Gabriela Regattieri Chermont morreu em 1996; Justiça considerou ex-namorado culpado - TV Gazeta/Reprodução
Gabriela Regattieri Chermont morreu em 1996; Justiça considerou ex-namorado culpado Imagem: TV Gazeta/Reprodução

Felipe Munhoz

Colaboração para Universa, em Lençóis (BA)

13/11/2020 13h04

O empresário Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg foi condenado na noite de ontem a 23 anos e três meses de prisão pela morte da ex-namorada, Gabriela Regattieri Chermont, em Vitória (ES). Ele foi acusado de ter jogado a vítima da sacada do 12º andar de um apart hotel.

O caso demorou 24 anos para ser julgado, sendo que o júri popular foi adiado por nove vezes. O réu saiu preso do Fórum Criminal de Vitória ontem, após três dias de julgamento. Desde o crime, o empresário aguardava a decisão da Justiça em liberdade em função de um habeas corpus conseguido junto ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Foram três dias de muita batalha, mas no decorrer do julgamento conseguimos afastar a tese de suicídio e provar para o júri que haviam lesões que foram praticadas antes da queda", disse a Universa o advogado de defesa da família da vítima, Cristiano Medina da Rocha. "Provamos que haviam lesões no braço direito, fraturas nos dentes e na face que foram cometidas antes da queda. Ou seja, foi provado que ela foi torturada antes de ser arremessada", completou.

A reportagem tentou entrar em contato com o advogado de defesa de Sardenberg, Raphael Câmara, mas não obteve resposta até a publicação.

De acordo com Rocha, o juiz reconheceu, durante a decisão da sentença, que a Justiça falhou por demorar tanto tempo para julgar o crime.

"O próprio magistrado disse que foi uma falha do Poder Judiciário e da Polícia Civil por demorar tanto tempo para conseguir as provas necessárias para julgar o caso. Para se ter uma ideia, tivemos que recorrer à perícia de Brasília, pois a perícia local materializou a tese do réu. A própria perita do Espírito Santo afirmou no julgamento que não considerou a queda pela janela de outro cômodo — o que é um absurdo. Ela periciou com base no que o réu tinha dito", afirmou o advogado da família da vítima.

Rocha também informou que pediu a prisão preventiva do réu logo após o julgamento com receio que ele fugisse. "Ele chegou a ficar quase um ano foragido durante este tempo, então para evitar que isso acontecesse novamente, pedimos a prisão preventiva, que foi prontamente acatada pelo juiz", explicou o advogado.

Relembre o caso

Gabriela Regattieri Chermont tinha 19 anos quando morreu após cair do 12º andar do Apart Hotel La Residence, na Mata da Praia, na madrugada de 21 de setembro de 1996. O ex-namorado da jovem, Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg, foi apontado logo de início como responsável pelo crime. Porém, defendia a tese de que Gabriela teria cometido suicídio.

Segundo consta nos autos, o casal rompeu o relacionamento e ela teria iniciado uma nova relação. Ao saber disso por meio de amigos, Luiz Cláudio passou a telefonar para Gabriela até conseguiu marcar um encontro na noite de 20 de setembro de 1996.

De acordo com testemunhas ouvidas no processo, os dois foram para um bar no bairro Jardim da Penha, em Vitória, e, em seguida, se hospedaram no apart hotel. Luiz Cláudio disse que, naquela noite, eles tiveram relações sexuais — fato que a família e a defesa da vítima contestam, afirmando que ela foi agredida, causando inclusive quebra de dentes e escoriações na lombar, até ser arrastada e jogada da sacada do prédio.

Luiz Cláudio também defende que teria ingerido apenas cerveja na noite do crime, porém, um exame toxicológico feito na época revelou que o empresário usou cocaína.