"Desisti da advocacia para vender doces para mulheres na TPM"
No final de 2019, me formei na faculdade de Direito, em São Paulo, mas logo bati o martelo e decidi: não iria exercer a profissão. Até cheguei a estagiar na área mas não me identifiquei com a carreira. Eu queria mesmo era ser empreendedora e ter meu próprio negócio - essa ideia sempre me encantou. Só não sabia ainda exatamente em qual área iria trabalhar. Pensava em algo que tivesse a ver com vendas e com comodidade, algo que chegasse até a casa das pessoas.
Estava pensando nisso até o início deste ano quando, em meados de maio, começaram as campanhas de Dia dos Namorados. Vi meu irmão desesperado atrás de um presente criativo para sua namorada. Ele queria algo diferente e personalizado, que tivesse a cara dela. A mesma coisa rolou com uma amiga minha, que acabou me pedindo ajuda para montar uma cesta de chocolates especiais de presente.
Olhando para todos aqueles doces e mimos, finalmente me veio a ideia que eu tanto esperava: um clube de assinaturas mensal voltado para as mulheres no período da TPM que entregasse na casa delas, todos os meses, um kit pensado especialmente para tornar esse momento mais leve, com snacks, doces e demais presentinhos. Eu mesma sinto uma vontade absurda de comer doce na TPM - e às vezes, dependendo do dia, não dá nem ânimo de sair de casa pra comprar essas guloseimas. Nesses dias, o que eu gosto mesmo é de ser mimada. Então, dividi a ideia com as minhas amigas mais próximas, que me deram todo o apoio e me incentivaram bastante. Assim nasceu a TPM Fora da Caixa. O serviço oferece quatro opções de boxes diferentes, com valores entre R$59,99 e R$89,99 e poder ter diferentes tipos de snacks, doces e brindes.
Os produtos variam a cada mês e seguem os gostos pessoais das clientes, que assim que assinam o serviço preenchem um formulário me contando melhor sobre seus gostos pessoais e escolhendo também que dia do mês prefere receber o presente. Quem não quiser fazer a assinatura fixa, pode comprar a caixinha pra presentear uma amiga, por exemplo, ou somente num mês específico, que esteja pedindo um cuidado a mais. Não tem plano de fidelidade.
Eu quero que as mulheres, ao receberem o box, se sintam felizes, mimadas e surpreendidas. Pra mim, não é só chocolate, é um carinho, uma surpresa no dia da pessoa que vai receber aquele kit. Meu grande objetivo é que, assim, as mulheres possam ressignificar sua relação com a TPM.
Meu negócio foi lançado na pandemia e é óbvio que isso influenciou: quis fazer algo que chegasse na casa das pessoas, e que não fosse uma preocupação para elas terem que ir buscar o kit em algum lugar, até porque a regra era que a gente não saísse muito mesmo.
Na quarentena, aprendi a importância de ter um negócio que proporcione comodidade para as pessoas.
Brinco dizendo que sou empreendedora desde criança, quando vendia papel de carta na calçada em frente à casa que eu morava no sertão da Paraíba. Mais tarde, aos 16 anos, era manicure em um salão de beleza e resolvi sair do emprego para trabalhar com a minha mãe, que também tinha decidido abrir mão do emprego formal, com carteira assinada, para ser dona do seu próprio negócio. Ela é podóloga e até hoje trabalha por conta própria. Quando trabalhamos juntas, ela era um pouco minha chefe, mas eu ainda fazia meus próprios horários, tinha certa autonomia. Aí foi surgindo essa paixão por empreender. Queria fazer algo por mim. Nesse caminho, minha família sempre me apoiou muito.
Quando terminei a faculdade, eu falei que seguiria a vida por outros caminhos e eles compreenderam. Sei que não são todas as famílias que entendem. Mas eles bancaram minhas escolhas, aprovaram minha ideia para o negócio e hoje me auxiliam muito no dia a dia da marca - meu irmão e meu pai, por exemplo, me ajudam com as entregas das caixinhas em São Paulo, onde moramos. Esse apoio é muito importante.
O mais desafiador desse processo tem sido fazer tudo praticamente sozinha. A TPM Fora da Caixa está me ensinando muito. Quando ainda não temos experiência, a gente fantasia muito, sonha com um mundo perfeito. O lado bom existe, claro - você é sua própria chefe, faz seus horários, tem tudo na sua mão. Mas tem muito trabalho de formiguinha por trás. É preciso conquistar cada cliente, saber vender, organizar toda a parte financeira do negócio, lançar novos projetos e campanhas... Fazer tudo isso sozinha é difícil. Mas estou caminhando e aprendendo bastante. Fiz alguns cursos básicos antes de começar, nas áreas de empreendedorismo e de vendas pelo Instagram, mas a maior parte do trabalho vem do meu feeling mesmo.
As redes sociais, inclusive, são minha grande janela de divulgação - tenho perfis da marca no Instagram*, Facebook e Linkedin - mas evito ficar online o tempo todo e acompanhando outras mulheres empreendedoras. Na internet, ninguém conta como é o caminho do empreendedor até alcançar o sucesso, ter uma vida estabilizada. Fiz um investimento pequeno e todo lucro está sendo reinvestindo. Em pouco tempo, o negócio já está se pagando sem precisar de novos investimentos. Tento não ficar me comparando para não me desmotivar, ainda mais porque estou só começando.
Sempre digo que minha grande inspiração não está nas redes sociais. É minha mãe. Vejo ela lutando pelo seu próprio negócio no dia a dia. Quando ela saiu de um emprego fixo para montar seu salão do zero, não sentiu medo. Então quando resolvi fazer o mesmo foi nela que me inspirei. Não tem ninguém para quem eu olhe com tanta admiração quanto para a minha mãe.
A TPM Fora da Caixa é meu sonho e meu negócio de sucesso. Acho que quando a gente pensa grande, se incentiva a correr atrás. Pessoalmente, quero me aprimorar na área, estudar mais para que eu possa agregar coisas novas ao meu trabalho. Espero um dia poder dizer que sou dona de uma grande empresa, onde há pessoas me ajudando e eu ajudando pessoas.
Hoje, tenho pequenos e grandes objetivos. Os pequenos são conseguir mais assinantes e ter mulheres acompanhando meu trabalho pelo Brasil todo. Os grandes são sair na Forbes, virar uma empreendedora de prestígio e fazer do meu negócio o maior clube de assinatura do país.
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