"Percebi que sou machista". Veja como começar a mudar suas atitudes
Foi durante a quarentena que o professor Rodrigo, 42, se conscientizou sobre a divisão desigual de tarefas entre homens e mulheres em casa. Mais especificamente, em sua própria casa. "Entendi o trabalho invisível que a minha esposa acumulava ao planejar tudo, do desfralde das crianças e o almoço do dia seguinte", afirma. E apesar de dizer que tem feito o possível para dividir essas obrigações mais igualmente e dar exemplo para as filhas, Rodrigo acha que dificilmente vai conseguir chegar nessa igualdade (veja a história completa a partir do minuto 51:15 do vídeo abaixo).
Ele tem razão, pelo menos no curto prazo, e isso é fruto do machismo, que está presente no cotidiano de 99% dos brasileiros, segundo pesquisa divulgada recentemente. A notícia boa é que o machismo vem sendo cada vez mais discutido e combatido, principalmente pelas mulheres, mas também por uma parcela masculina que, assim como Rodrigo, se deu conta de que existe um machismo enraizado e está disposta a combatê-lo
Um trabalho árduo, lembra o especialista em sexualidade masculina Cláudio Serva, fundador do Prazerele. "A estrutura da sociedade é machista: o homem trabalha fora, e a mulher fica com aquele trabalho sem fim em casa. Essa é a primeira ficha que cai. Os homens vão precisar, além de fazer uma reflexão pessoal, perceber que o mundo estruturalmente está construído para que ele fique de boa e agir para mudar isso", afirma.
Uma pesquisa norte-americana sobre divisão de tarefas feita com 487 casais heterossexuais revelou que as mulheres precisam mandar, ser impositivas, para que seus parceiros façam a parte deles nas tarefas domésticas. "Isso mostra que os homens precisam se apropriar da casa e parar de ficar só orbitando em volta dela. O casamento é o projeto do casal, e nesse projeto entra tudo: as emoções, a sexualidade, as tarefas de casa e os cuidados com os filhos", diz Ana Canosa, sexóloga e apresentadora do podcast Sexoterapia.
Exemplo que vem de berço
E nesses cuidados com os filhos deve estar incluída, desde cedo, a preocupação em não reproduzir essa estrutura desigual entre homens e mulheres, lembra Cláudio. "O sexismo está presente na sociedade, mas se dentro de casa houver o exemplo, principalmente para os meninos, do pai lavando louça, passando vassoura na casa, trocando fralda, ele vai crescer entendo aquilo como normal", diz Cláudio.
O especialista reforça ainda que, reconhecer o próprio machismo, e repensar seu lugar nas relações e na sociedade, já é um começo para se livrar dele. Coisa que Rodrigo já fez. "Eu achava que não era machista, e que minha esposa exagerava sempre que falava disso. Mas a verdade é que eu fui criado em uma casa machista, nunca tive que lavar uma louça ou comprar uma cueca", conta. Parece que esse jogo já está virando!
Para saber mais
Documentário: O Silêncio dos Homens (Youtube), Precisamos Falar com os Homens? (Youtube).
Filme: Eu não sou um Homem Fácil (Netflix).
Livro: "O Cavaleiro Preso na Armadura", Robert Fisher; "Sobre a Sombra de Saturno, a Ferida e a Cura dos Homens", Jamis Hollis; "Para Educar Crianças Feministas", Chimamanda Ngozi Adichie.
Podcasts: Memoh; Praia dos Ossos.
Acompanhe o Sexoterapia
Machismo é o tema do trigésimo sexto episódio do podcast Sexoterapia. A quinta temporada do programa será dedicada a refletir sobre dilemas masculinos. Nesse episódio, as apresentadoras Marina Bessa, jornalista, e Ana Canosa, sexóloga, recebem Cláudio Serva, fundador do Prazerele.
Sexoterapia está disponível no UOL, no Youtube de Universa e em todas as plataformas de podcasts, como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Castbox.
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