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"Tive câncer aos 16, perdi cabelos, mas não desisto do sonho de ser modelo"

A modelo Natasha Ferreira, de 16 anos -  Junior Maia/Gustavo Moreno/Divulgação
A modelo Natasha Ferreira, de 16 anos Imagem: Junior Maia/Gustavo Moreno/Divulgação

Natasha Ferreira em depoimento a Simone Machado

Colaboração para Universa

28/11/2020 04h00

"Tenho 16 anos e, há até pouco tempo, eu levava uma vida comum como a de qualquer garota da minha idade. Frequentava a escola, gostava de correr e ainda dava os primeiros passos na minha carreira de modelo em Brasília, onde moro. Mudei meus hábitos alimentares no início do ano e buscava levar uma vida saudável. Mas, em março, tudo começou a mudar. E não foi só por causa da pandemia, que chegou ao Brasil e fez todos reaprenderem a viver.

Em janeiro, eu comecei a sentir as primeiras dores e inchaços na barriga, mas achava que era cólica menstrual e não dei tanta importância. Dois meses depois, essas dores foram se intensificando e ficando cada vez mais frequentes. Com medo da covid-19, não procurei o hospital e, em casa mesmo, comecei a tomar remédios acreditando que seria apenas uma dor de estômago. Com a medicação, eu melhorei e segui a minha vida.

Por causa do isolamento social, passei a ficar o tempo todo em casa. As aulas passaram a ser remotas e os trabalhos como modelo foram paralisados. A pandemia trazia incertezas, mas eu jamais imaginava o que estava por vir.

Tumor evoluído e cirurgia de emergência

No dia 16 de julho, depois de meses tratando em casa as minhas dores de estômago, minha barriga inchada chamou a atenção e causou preocupação. Deixei o medo da covid-19 de lado e, junto com meus pais, procuramos um hospital para ver o que estava acontecendo comigo. Depois de alguns dias internada e diversos exames, o diagnóstico veio no dia 23 de julho: eu estava com câncer de ovário.

O tumor já estava evoluído e, no dia seguinte ao diagnóstico, já passei por uma cirurgia de emergência para retirar o ovário, uma das trompas e parte do intestino. Eles estavam comprometidos por causa dos tumores. Três semanas depois comecei a fazer quimioterapia.

Ressignificando o cabelo

natasha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Natasha Ferreira, 16, teve câncer de ovário
Imagem: Arquivo pessoal

Uma das fases mais difíceis, com certeza, foi quando meus cabelos começaram a cair. Uma semana depois de começar o tratamento, tive que cortar meu cabelo e depois raspá-lo. Eu era apaixonada por ele e chorei muito.

O cabelo significa tanto na nossa vida, ele retrata nossa personalidade. Além de ser uma garota vaidosa, sou modelo e meu cabelo sempre representou muito na minha vida.

Nessa fase, cheguei a pensar que seria o fim da minha carreira de modelo, que estava apenas começando a decolar. Mas lembrei como a indústria da moda está mais inclusiva e passei a me inspirar em modelos fora do padrão. Inclusive, já estou pesquisando cortes curtinhos para usar quando eu retomar minhas atividades.

Alta em breve e planos para o futuro

Neste mês, finalmente veio a boa notícia. Meu corpo respondeu bem às sessões de quimioterapia e pode ser que eu tenha alta do tratamento já no começo de dezembro, um mês antes da previsão que os médicos haviam dado.

Sei que 2021 será um ano maravilhoso para mim. Pretendo retomar meus estudos no ensino médio e me dedicar ainda mais à minha carreira. Inclusive, já tem uns olheiros acompanhando o meu trabalho.

Apesar dessa fase difícil, eu sempre fui muito positiva e sei que sairei bem mais forte dessa e com mais vontade ainda de viver."