"Descobri que minha amiga está sendo traída": mulheres contam como reagiram
Imagine sair de um evento e se deparar com o marido da sua melhor amiga entrando no carro com outra mulher. E depois de investigar aqui e ali, descobrir que a pessoa em questão é alguém com quem ele vem mantendo um caso extraconjugal há meses. O que você faria?
A história faz parte do passado de Alessandra Augusto, psicóloga e escritora, de 49 anos. O homem que entrou no carro com outra era seu marido, mas a amiga que presenciou a cena escolheu não revelar a verdade — e guardou o segredo sobre a traição por mais de um ano. Consultada por Universa a fim de opinar sobre qual a melhor atitude a ser tomada ao descobrir que uma amiga está sendo traída, ela resgatou a experiência pessoal para exemplificar como a questão pode ser complexa.
Contar ou não contar sobre a infidelidade: existe uma resposta certa?
No caso de Alessandra, a amiga torcia para que seu ex-marido cometesse algum deslize e fosse descoberto — o que realmente aconteceu com o passar do tempo. "É claro que, quando eu soube de tudo, fiquei revoltada. Mas entendi que a posição dela era muito delicada e que eu provavelmente teria feito o mesmo. Ela me amava tanto, me via feliz. Meu ex-marido era um paizão, querido por todos. Ela não quis ser a portadora das más notícias", explica.
Depois que a verdade veio à tona, a união acabou, mas amizade continuou. "Nos conhecemos desde o meu nascimento e não perdemos a ligação ao longo da vida. Isso, para mim, é o mais importante", diz.
É preciso avaliar os prejuízos para os envolvidos
A psicóloga explica que a primeira sensação de quem descobre que um amigo está sendo traído é ficar indignado e triste. "Seres humanos tendem a proteger aqueles que amam, por isso, se o laço afetivo é verdadeiro, é impossível não se sensibilizar". No entanto, a situação fica ainda pior porque, imediatamente, a pessoa é colocada diante de um dilema moral: vale a pena revelar o segredo e correr o risco de estragar a amizade? Ou o melhor é ficar de boca fechada, sem saber até que ponto a situação irá se estender?
Na visão de Alessandra, enquanto se trata de uma questão moral, é compreensível não querer se envolver. "É preciso levar em conta os riscos: pode ser que você precise mentir, omitir ou que sinta culpa ao fazer isso, mas que ainda assim considere a melhor decisão", pondera.
Em compensação, ela considera que se a situação está trazendo prejuízos financeiros ou até emocionais para o outro, manter sigilo pode não ser a melhor solução. "Imagine que o infiel esteja, por exemplo, montando um apartamento ou que esteja bancando uma família em paralelo. A extensão dos danos e o contexto geral precisam sempre ser colocados na balança", opina.
Amigas que já descobriram garantem: é impossível prever a reação do outro
A seguir, Universa conta a história de duas mulheres que já passaram por isso. Ambas optaram por revelar o segredo para suas amigas, mas se depararam com cenários diferentes. Enquanto uma sentiu que os laços saíram fortalecidos do episódio, a outra assistiu, em pouco tempo, a amizade de anos sendo desfeita.
"Sabia que ela estava muito apaixonada, mas contei mesmo assim"
"Eu e Sabrina* estudamos juntas no Ensino Médio e continuamos próximas durante o período da faculdade. Há seis anos, estava na casa dela e recebi uma ligação. No momento em que atendi, estava sozinha no cômodo, então pude conversar tranquilamente. Do outro lado da linha estava outra amiga, que também a conhecia. Ela começou a conversa me sondando, perguntando se Sabrina e seu namorado ainda estavam juntos. Os dois tinham começado um relacionamento há pouco tempo.
Respondi que sim. Na época, ela estava muito apaixonada, com aquele sentimento forte de começo de relação.
Então, fui informada de que ele estava na praia, andando de mãos dadas com outra mulher. Perguntei a ela se poderia me mandar uma foto, mas eles não estavam mais à sua vista.
Confesso que não pensei muito: no mesmo momento, decidi que contaria, porque éramos do tipo conselheiras, não escondíamos nada uma da outra. Ela ficou nervosa e perguntou se poderia conversar diretamente com a minha amiga. Fiz a mediação e as duas conversaram diretamente.
Assim que desligou, ela ficou em choque com a notícia e chorou bastante. Mas conversamos um tempão sobre o assunto, até que, na mesma noite, Sabrina marcou de conversar com o namorado. Depois de confrontá-lo, ele confessou a traição e os dois terminaram.
Até hoje somos amigas: depois de um tempo já conseguíamos rir de tudo isso e, atualmente, nem tocamos mais no assunto, porque faz anos desde que tudo aconteceu. Naquela época, não passou pela minha cabeça que ela duvidaria do que eu estava dizendo, justamente pela nossa proximidade.
No entanto, algum tempo depois, passei por uma experiência semelhante com outra pessoa. Também contei sobre o que descobri e o resultado não foi tão bom assim. Por isso digo que só vale a pena contar se a pessoa realmente confiar em você. Caso contrário, pode sobrar para quem está tentando ajudar e o desgaste terá sido todo em vão"
Mariana*, 28 anos, funcionária pública
"Mostrei um áudio da amante dizendo que precisou se esconder embaixo da cama, mas ela não acreditou"
"Eu e Amanda* éramos amigas dos tempos de escola e nos conhecíamos há quatro anos. Éramos adolescentes e o rapaz com quem ela namorava pulava a cerca e não fazia muita questão de ser discreto: diversas pessoas próximas de nós sabiam das suas traições, porque ele espalhava para os próprios amigos e os boatos seguiam correndo. Um dia, calhou de ele se envolver com uma conhecida, que sabia sobre o namoro. Por pouco os dois não foram flagrados.
Como esta menina era próxima, chegou até o meu Whatsapp um áudio dela rindo da situação e contando, com todas as palavras, que precisou se esconder embaixo da cama porque quase foi pega durante a traição.
Imaginei que, diante de uma prova tão concreta, minha amiga não teria como colocar em dúvida a minha palavra. Me coloquei no seu lugar e pensei que, se algo do tipo acontecesse comigo, eu gostaria de ficar sabendo.
Porém, quando eu contei, foi um verdadeiro desastre. Primeiro ela chorou muito, dizendo que não merecia passar por uma situação do tipo. Depois, começou a dizer que aquilo não poderia ser verdade, porque gostava muito dele. No fim das contas, os dois marcaram de conversar, ele negou a história. Justamente por estar tão envolvida, ela escolheu acreditar na sua versão dos fatos. Nesta conversa, ele ainda pediu que ela se afastasse das amigas, pois isso seria melhor para o relacionamento dos dois.
Com o tempo, o namoro acabou e ela percebeu que se tratava de um envolvimento abusivo. Chegamos a conversar sobre isso, mas nunca mais tivemos a mesma intimidade. Hoje somos apenas conhecidas, que conversam pelas redes sociais".
Caroline de Andrade, 21 anos, vendedora
*Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas
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