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Ela assumiu negócio de congelados da família em SP e hoje fatura milhões

Mariana Falcao, proprietaria na Fabrica do Mr Veggy  - Zanone Fraissat/Folhapress
Mariana Falcao, proprietaria na Fabrica do Mr Veggy Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Renata Turbiani

Colaboração para Universa

04/12/2020 04h00

Há 19 anos, quando parou de comer carne por influência de um amigo, a empresária paulista Mariana Falcão, 37, não imaginava que algum tempo depois a sua decisão se transformaria em um negócio: uma empresa de congelados vegetarianos.

"Meu novo estilo de vida fez com que meus pais passassem a procurar produtos naturais, sem ingredientes de origem animal, mas, naquela época, havia pouca opção no mercado. Essa dificuldade virou oportunidade e, em 2004, eles montaram uma fábrica em Santana do Parnaíba (SP) para produzir alimentos à base de soja", conta Mariana. Nascia a Mr. Veggy.

Com um investimento inicial de R$ 60 mil, começaram fabricando hambúrgueres e quibes. Nos primeiros anos, o faturamento ficou na casa dos R$ 15 mil por mês. Durante este período, Mariana não dedicou 100% do tempo na empresa, mas dava uma força no marketing e na elaboração de planilhas.

Em 2010, no entanto, a situação mudou. Ela assumiu o comandou e fez a empreitada decolar de vez. "A Mr. Veggy não era lucrativa e nem tinha rentabilidade, por isso, a primeira coisa que fiz foi focar nas vendas. Durante cinco anos visitei diariamente restaurantes, cozinhas industriais, empresas, lojas de produtos naturais. Aos poucos, consegui aumentar a nossa carteira de clientes."

O passo seguinte foi ajustar a produção, para torná-la menos artesanal e, portanto, mais eficiente, e criar a identidade visual da marca. Em um terceiro momento, a empresária, que é formada em administração de empresas pela FGV (Faculdade Getulio Vargas), ampliou o cardápio, com a introdução de coxinhas, almondegas, pasteis e falafel, e mais ingredientes (quinoa, abóbora, grão de bico, lentilha, palmito e jaca são alguns deles).

"A minha proposta sempre foi oferecer alternativas para as pessoas, para que elas reduzam o consumo ou parem totalmente de consumir alimentos de origem animal. Quando mais opções elas tiverem, melhor", diz a empresária.

Novos canais de venda alavancaram o negócio

O caminho natural da Mr. Veggy foi chegar aos supermercados, apesar da relutância inicial da sua comandante. "Antigamente, as redes varejistas não tinham uma categoria de produtos vegetarianos, e também sempre ouvi dizer que os contratos com elas eram muito predatórios. Segurei a entrada até 2014, quando comecei a notar um interesse pelo que tínhamos a oferecer. Encarei essa situação como uma forma de expandir os canais de venda e, consequentemente, atingir um público maior."

Fabrica do Mr Veggy  - Zanone Fraissat/Folhapress - Zanone Fraissat/Folhapress
Fabrica do Mr Veggy
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Com tantas novidades, os resultados logo apareceram. Segundo Mariana, a empresa passou a registrar alta de 30% a 35% no faturamento anualmente - em 2019, fechou com receita de R$ 4 milhões e lucro líquido de cerca de 10%.

Captação de fundos para a empresa crescer

Agora, para acelerar ainda mais o crescimento, ela decidiu iniciar um processo de captação de fundos.

"Produzimos um ótimo produto e somos uma marca com 16 anos de história e um propósito muito bacana. O que não temos é a mesma capacidade financeira das grandes indústrias. Mas para nos consolidarmos no mercado precisamos investir em marketing e distribuição, por isso, estamos preparando uma rodada de negócios ainda para 2020", conta.

A meta, conta a empresária, é encontrar investidores com conhecimento de varejo, alinhados aos interesses da Mr. Veggy e, de preferência que acreditem em um futuro com menos consumo de carne. Sua expectativa é um aporte inicial entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões.

Reformulação da loja virtual na pandemia

Este ano, mesmo com a pandemia, a Mr. Veggy não parou. Sua primeira grande ação se deu em abril, com a reformulação da loja virtual. Antes disso, a empresa até fazia vendas diretas para o consumidor final, mas de forma tímida - respondia por apenas 1% do faturamento - e sem uma boa estrutura de entrega, o que encarecia o frete e restringia a área de cobertura.

"Em abril, encontramos um parceiro [de entregas] que pratica valores mais baixos e competitivos e que consegue atender toda a Grande São Paulo. No ano que vem, nosso objetivo é expandir para outras capitais e o interior paulista", adianta Mariana, acrescentando que a participação do site na receita da empresa subiu para 10%.

Criação de uma linha com preços mais econômicos

Outra novidade foi o lançamento, em setembro, da marca Mari Mari, voltada para o público das classes C e D. De acordo com a empresária, os produtos vegetarianos, no geral, só chegam aos consumidos das classes mais altas, e por dois motivos: preço e a facilidade em encontrá-los.

Veggy - Zanone Fraissat/Folhapress - Zanone Fraissat/Folhapress
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

"Há muito tempo vínhamos pensando em uma solução para este outro nicho, pois sabemos que muitas pessoas têm o desejo de fazer uma transformação em seus hábitos alimentares, mas não encontram alternativas perto de onde vivem e nem que caibam no bolso", aponta.

A empresa apostou no hambúrguer de soja. Só que este, ao contrário dos ofertados pela linha Mr. Veggy, que são 100% plant-based, leva um tempero sabor churrasco.

Por enquanto, o produto está à venda no site da empresa e em alguns mercados populares de bairro - em breve, deverá chegar às redes de atacado. Seu preço sugerido é de R$ 1,90 a unidade. Segundo Mariana, o preço é resultado da combinação de ingredientes mais simples e nacionais, embalagens mais baratas e redução da margem de lucro.

"Queremos que todos os brasileiros possam incluir a proteína vegetal no prato. Isso é importante para o planeta, para a saúde e para o bem-estar dos animais", afirma a empresária, que aproveita para adiantar alguns dos planos para 2021.

"Teremos vários lançamentos. A Mari Mari ganhará almôndegas e quibes e, a Mr. Veggy, salsichas e a primeira sobremesa, um bronwnie. No futuro, acreditamos que nosso faturamento será divido igualmente entre as duas marcas", indica.