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Delegada: Homem preso em velório da companheira 'não alegou inocência'

Juliana Ferraz Nascimento tinha 23 anos - Redes sociais
Juliana Ferraz Nascimento tinha 23 anos Imagem: Redes sociais

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

08/12/2020 12h03

O homem preso acusado de ser o responsável pela morte da companheira, Juliana Ferraz Nascimento, de 23 anos, não demonstrou surpresa no momento em que foi detido pela Polícia Civil, segundo a delegada responsável pelo caso. O ajudante de motorista assinava os papéis para liberar o corpo da jovem, que ainda estava no Instituto Médico Legal, quando foi abordado pelos agentes. O caso aconteceu em Jundiaí (SP), cidade a cerca de 60 km de São Paulo.

Em conversa com Universa, a delegada Renata Yumi Ono, responsável pela prisão de Rogério Botelho, de 24 anos, disse que o fator crucial para determinar o pedido de prisão contra o homem foi o laudo do legista do IML.

"A prova determinante para mim que provou que não foi uma morte acidental [como o acusado havia informado], mas sim feminicídio foi o que o médico legista além de constatar as lesões externas nos braços, no rosto, nas pernas e na parte abdominal, no exame interno ele verificou nos exames que os ferimentos na região cervical dela mostraram que a causa da morte foi por asfixia mecânica por esganadura", disse a Ono.

"A esganadura é um tipo de asfixia que você só pratica com as mãos, não é igual enforcamento, por exemplo. Essa lesão que determinou realmente que a versão dele era totalmente incompatível com os ferimentos que ela apresentava", explicou a delegada.

Para os agentes, o homem alegou que após voltar de um evento, na companhia de Juliana, chegou em casa, comeu e foi dormir. Ele disse que a jovem estava no banheiro e só se deu conta de que ela não havia ido para a cama de madrugada. O acusado falou ainda que chegou a chamar o irmão de Juliana para arrombar a porta do banheiro e a encontrou sem vida.

A Polícia Civil disse que Rogério Botelho estava no velório preenchendo as declarações de óbito da jovem quando os agentes chegaram para prendê-lo. Apesar disso, nenhuma reação contrária foi notada pelos policiais.

"Ele simplesmente permaneceu em silêncio aparentando que ele já esperava essa prisão, ele não apresentou nenhuma reação, não perguntou o motivo de estar sendo preso, não alegou inocência em nenhum momento que foi dada a voz de prisão para ele. Na delegacia, nenhum advogado apareceu", disse Ono.

Rogério já foi encaminhado para o sistema prisional e foi autuado por feminicídio e fraude processual já que, segundo a delegada Renata Ono, ele "montou a cena para tentar induzir o perito, induzir o delegado, no sentido de indicar que a morte da companheira decorreu de um acidente, uma queda, totalmente incompatível com o exame pericial".

Vítima reclamava do relacionamento

A delegada informou que, a partir de agora, familiares e amigos de Juliana Ferraz serão ouvidos para que os agentes entendam como era o relacionamento do casal.

"Já ouvimos o irmão dela. Ele não relatou que presenciou agressões, mas mencionou que ela se queixava do relacionamento com o companheiro e que estava pensando até em se separar. Eles estavam namorando há 8 anos e mais ou menos 1 ano morando juntos", finalizou a delegada.

A reportagem de Universa não localizou a defesa do acusado.