Mulher é agredida pelo companheiro em SP após amiga comentar sobre ex
A representante comercial Mariana Gonzalez Barrero, de 32 anos, foi agredida pelo seu companheiro após uma amiga fazer um comentário sobre os relacionamentos anteriores da vítima, durante a comemoração do aniversário de Mariana na casa em que ambos moravam, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
Depois do ocorrido, a Polícia Civil expediu uma medida protetiva contra o motorista Mayron Carvalho Ribeiro, de 26 anos, baseada na Lei Maria da Penha, e agora o suspeito é obrigado a manter uma distância mínima de 100 metros da vítima. Levado à delegacia algemado e depois liberado, Mayron foi indiciado por lesão corporal leve, artigo 129 da Constituição Penal, e pode pegar de três meses a um ano de prisão, de acordo com o boletim de ocorrência.
Os advogados de Mariana, Luiz Carlos Tiburcio da Silva Júnior e Lais Cristina Biancalana da Silva, porém, querem a prisão preventiva do suspeito por tentativa de homicídio. Além disso, pretendem também processar o Estado de São Paulo por falha no procedimento da ocorrência, na perícia, na preservação do local dos fatos e nas investigações iniciais.
Universa tentou entrar em contato com o advogado de defesa do suspeito, mas a reportagem não foi atendida até o momento da publicação.
Na sexta-feira (4), Mariana e o companheiro, que moram juntos desde setembro, saíram com amigos e com a irmã e o cunhado do suspeito para celebrar o aniversário da vítima. O grupo esteve em dois locais e depois seguiu para a residência do casal no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
Segundo os depoimentos coletados pela Polícia Civil, uma amiga de Mariana comentou sobre relações anteriores da vítima e, quando só estavam na casa, a amiga, um primo de Mariana e o companheiro dela, por volta das 3h de terça-feira (5), o suspeito desferiu agressões contra a companheira e só parou quando foi atingido com um banco pela amiga da vítima. Neste momento, Mariana fugiu da residência e foi para a delegacia prestar depoimento.
A Polícia Militar foi acionada e imagens obtidas por Universa mostram que os policiais conversaram com o suspeito, que discute com a irmã, que o agride. Ela tinha retornado para o local depois que Mariana foi atacada. Pouco depois, todos são liberados e o suspeito vai embora com a irmã e o cunhado.
No entanto, outro vídeo mostra que Mayron retorna para casa e joga pertences da vítima e até um televisor pela janela na calçada. A PM foi novamente acionada e encaminhou o suspeito algemado para a delegacia.
'Não podia me ver feliz'
Ainda muito abalada com tudo que viveu, Mariana disse a Universa que o companheiro não tinha motivo para fazer o que fez. "Ele é louco, ciumento, não tinha motivo algum para isso. Pegava meu celular quando eu estava dormindo e colocava meu dedo [para destravar]. Ninguém podia me ligar, falar comigo", desabafou a vítima.
A representante comercial afirmou que nunca tinha sido agredida antes, mas que o companheiro brigava com outras pessoas ao redor dela. "Nunca [me agrediu antes]. Ele não podia me ver feliz. Arrumava briga com outras pessoas por causa de mim, mas nunca eu. Minha felicidade incomodava ele. Ele não queria meus amigos por perto de jeito nenhum", disse.
'Ela não podia ver TV', diz amiga
Uma amiga de Mariana, que não terá a identidade revelada, disse que presenciou outros momentos nos quais o suspeito já demonstrava que tinha "algum distúrbio", como descreveu. Segundo ela, o suspeito não deixava Mariana nem mesmo ver TV.
"Teve um dia que fomos em um aniversário de uma amiga. O ex-namorado da Mariana chegou, pois era amigo em comum. Ele [o suspeito] se transformou da mesma forma que mostra as filmagens. Resumindo, ele falou que todas as pessoas que andavam com a aniversariante não prestavam, que eram tudo um bando de vagabunda", afirmou a amiga da vítima.
"A aniversariante começou a chorar. Ele pegou uma mesa e lançou contra uma menina que estava na festa. Ele acabou com o aniversário, estava furioso. Conseguimos colocar ele para fora do prédio, mas ele não parava, continuou o escândalo na rua. Liguei para a família dele para ver se alguém acalmava ele. Quando as irmãs chegaram, ele se revoltou mais ainda. A polícia foi no local e conseguiu levar ele embora. Então ele já dava indícios que tinha algum distúrbio. Essa é uma de várias brigas", contou a amiga.
Advogado quer prisão preventiva
O advogado de Mariana, Luiz Carlos Tiburcio da Silva Júnior, disse a Universa que a vítima sofreu uma tentativa de homicídio. "Ele não parou de agredi-la por vontade própria. Ele só parou porque foi atingido pela amiga e, neste momento, Mariana conseguiu fugir", afirmou.
Segundo ele, houve falha por parte dos órgãos de segurança do Estado. "O local não foi preservado, havia uma parede manchada de sangue que não foi periciada e depois limparam o local. O suspeito teve acesso ao local dos fatos, como mostram as imagens, mesmo depois do ocorrido e com a polícia no local. Ele saiu algemado e disseram que não houve flagrante", afirmou Luiz Carlos.
O advogado também se queixou da vítima ter tido que prestar depoimento duas vezes, sendo que um deles demorou mais de cinco horas. "Não bastasse sofrer a agressão, como a vítima pode ser exposta em um boletim de ocorrência com duração de cinco horas, sendo que o primeiro, por exemplo, demorou 30 minutos, tempo que normalmente demora", questionou.
A Secretaria de Segurança Pública informou, em nota enviada para Universa, que o caso é investigado por meio de inquérito policial instaurado pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). "A autoridade policial solicitou medida protetiva à vítima, que foi ouvida, assim como o autor e testemunhas. A equipe aguarda o resultado dos laudos de corpo de delito do autor e da vítima. Diligências estão em andamento para esclarecer todas as circunstâncias da ocorrência e individualizar a conduta de cada um", diz o texto.
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