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"Meu peito é íntimo. O que dá direito a alguém de encostar?", diz Isa Penna

A deputada estadual Isa Penna (PSOL) na Alesp - José Antonio Teixeira/Alesp
A deputada estadual Isa Penna (PSOL) na Alesp Imagem: José Antonio Teixeira/Alesp

De Universa

17/12/2020 20h02Atualizada em 19/12/2020 12h36

A deputada estadual Isa Penna (PSOL) subiu à tribuna da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) hoje para protestar contra o assédio sexual sofrido por ela em plenário. Na noite de ontem, durante sessão da Alesp, Fernando Cury (Cidadania) se aproximou por trás da deputada, passou a mão na lateral de seu seio e colocou e manteve as mãos em sua cintura.

"Ontem, aqui nessa casa eu fui assediada, eu fui apalpada", disse a deputada no início do seu discurso. "O que dá o direito a alguém de encostar em uma parte do meu corpo íntima? Meu peito é íntimo, é meu corpo", reforçou. Um vídeo público da sessão mostra o momento. As imagens mostram que a deputada conversava com o presidente Cauê Macris (PSDB), apoiada no balcão do plenário, quando Cury se aproximou por trás dela.

O deputado estadual Fernando Cury foi filmado apalpando a deputada Isa Penna na Alesp - Divulgação - Divulgação
O deputado estadual Fernando Cury, que foi filmado assediando a deputada na Alesp
Imagem: Divulgação

"Imaginem vocês, homens, quantas vezes por dia vocês tem medo de passar por uma situação dessas? De serem estuprados? A gente cresce com esse medo. Inclusive cresce com a ideia e noção de que se acontecer, vai ser ruim pra gente, e que a gente precisa fugir dessas situações, que não pode dar brecha. É esse senso comum machista de que roupa curta é um convite para o estupro, mas nem isso existiu aqui."

Ela registrou um Boletim de Ocorrência por assédio sexual e uma denúncia formal por quebra de decoro contra o deputado estadual Fernando Cury. Ele alega que não houve tentativa de assédio.

A deputada relatou ainda que quando chegou ontem no plenário, ouviu alguns deputados falando sobre um vídeo em que ela dançava funk, com muitas insinuações e brincadeiras sobre seu corpo.

"Meu corpo está assim passando pelos celulares de vocês. Eu não me importo, eu não vejo problema em dançar funk, a dança é uma forma de expressão e eu vou fazer o que eu digo para todas as mulheres fazerem: vou entrar com um boletim de ocorrência", disse Isa.

"Não há igualdade aqui entre nós [deputados], isso não aconteceria com você, mas pode acontecer algum dia com a sua filha. Essa é a realidade de nós, mulheres", afirmou ao presidente da Alesp, Cauê Macris, depois de ele recusar exibir o vídeo enquanto a deputada se manifestava.