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CDHM pede apuração sobre conduta de juiz que zombou da Lei Maria da Penha

Juiz que zombou da Lei Maria da Penha durante audiência da Vara de Família de São Paulo - Reprodução/YouTube
Juiz que zombou da Lei Maria da Penha durante audiência da Vara de Família de São Paulo Imagem: Reprodução/YouTube

De Universa, em São Paulo

21/12/2020 20h25

Helder Salomão, presidente da CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados, pediu ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo uma apuração rigorosa sobre a conduta do juiz Rodrigo de Azevedo Costa, da Vara de Família da Freguesia do Ó, em São Paulo.

Na última semana, a coluna Papo de Mãe divulgou vídeos da audiência em que o juiz afirmou "não estar nem aí" para a lei Maria da Penha durante uma audiência sobre pensão alimentícia e guarda.

"Repudiamos a atuação do juiz durante audiência virtual em um processo de guarda, pensão alimentícia e visita aos filhos menores no dia 9 de dezembro, que violou o direito à dignidade da mãe, vítima de violência doméstica, cujo agressor é o pai das crianças", disse Salomão.

"A conduta do juiz legitima a violência contra a mulher e representa gravíssima violência institucional, que deve ser severamente repreendida pelos órgãos competentes", acrescentou.

Além da apuração, o presidente da CDHM também pediu que, como medida preventiva, sejam oferecidos cursos de atualização para os magistrados sobre o ordenamento jurídico nacional e internacional de proteção dos direitos humanos.

"Ninguém agride ninguém de graça"

Na audiência, o juiz em questão fez várias afirmações que demonstraram seu descrédito com a Lei da Maria da Penha, além de minimizar as agressões sofridas pela mulher, que já precisou de duas medidas protetivas contra o marido por causa da violência doméstica.

"Se tem Lei Maria da Penha contra a mãe, eu não tô nem aí. Uma coisa eu aprendi na vida de juiz: ninguém agride ninguém de graça", disse o juiz, que insistia na reaproximação do casal, mesmo com a mulher dizendo que "tem medo" do ex-marido.

Em outro momento, o juiz usou a necessidade de recorrer à lei para ameaçar a mulher com a perda da guarda dos filhos.

"Qualquer coisinha vira Lei Maria da Penha. É muito chato também, entende? Depõe muito contra quem... eu já tirei guarda de mãe, e sem o menor constrangimento, que cerceou acesso de pai. Já tirei e posso fazer de novo", afirmou.

O juiz ainda responsabilizou a mulher pela união com o ex-marido, afirmando que a escolha pela relação havia sido sua, mesmo diante dos relatos de violência doméstica.

"Ele pode ser um figo podre, mas foi uma escolha sua e você não tem mais 12 anos", disse.