Retrospectiva feminista 2020: 10 fatos que mostram avanços da nossa luta
2020 foi um ano de medos, angústias e tragédias para as mulheres. Universa noticiou com estarrecimento inúmeros casos de feminicídio e violência de gênero. Mas, por outro lado, também não podemos nos esquecer que houve avanços.
Relembramos algumas das notícias que comprovam os efeitos da luta feminista e que nos trouxeram um pouco de esperança neste ano tão complicado.
1- Legalização do aborto é aprovada por deputados na Argentina.
No dia 11 de dezembro, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou o projeto que legaliza o aborto até a 14ª semana de gestação. O texto segue agora para o Senado. A decisão promete ser acirrada, uma vez que, em 2018, a legalização do aborto já havia sido debatida no país e foi rejeitada por senadores. Caso a nova lei seja aprovada, a Argentina se tornará o primeiro país latino-americano de relevância regional a permitir a interrupção da gravidez.
2- Após caso Mari Ferrer: Câmara aprova projeto contra violência institucional
O tratamento que Mariana Ferrer recebeu durante uma audiência virtual gerou indignação em todo o Brasil. Na ocasião, o advogado do acusado de estupro, Cláudio Gastão da Rosa Filho, chamou a influenciadora mineira de dissimulada, expôs fotos supostamente sensuais da vítima e ainda afirmou que "não gostaria de ter uma filha no nível dela". O juiz Rudson Marcos tampouco fez alguma intervenção durante o discurso do advogado e, no final, absolveu o réu por "falta de provas contundentes".
Apesar da notícia ter vindo como um golpe de desesperança para todas as mulheres que já foram abusadas sexualmente, o caso de Mari Ferrer despertou uma luz na forma com a qual vítimas são tratadas nos tribunais. Em 10 de dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que torna crime a violência institucional, atos ou a omissão de agentes públicos que prejudiquem o atendimento à vítima ou à testemunha de violência. A matéria segue agora para o Senado.
3- Olimpíadas 2024: Pela primeira vez, Jogos terão paridade de gêneros
O Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou, no dia 7 de dezembro, que pela primeira vez da história dos Jogos Olímpicos haverá paridade no número de atletas homens e mulheres a participarem do evento. O feito acontecerá nas Olimpíadas de Paris em 2024. Para que a paridade possa ser alcançada, provas e modalidades de alguns esportes, como boxe, vela, kitesurf, canoagem, entre outros, sofrerão alterações e/ou passarão a ser mistas.
4- Escócia é o primeiro país a oferecer produtos menstruais gratuitos
Em novembro de 2020, o Parlamento escocês votou a favor de um projeto de lei que estabelece o direito gratuito de acesso a absorventes internos e externos. Com isso, a Escócia se tornou o primeiro país do mundo a adotar essa iniciativa. Absorventes já eram de graça para alunas de ensino médio e universitárias no país, mas agora ministros deverão estabelecer um plano pensando no acesso universal, o que vai favorecer especialmente aquelas pessoas que não podem pagar por produtos menstruais adequados.
A pergunta que fica é: no Brasil, ainda falta muito para termos uma legislação como essa?
5- Eleição tem recorde de mulheres candidatas no Brasil
As eleições municipais que aconteceram em novembro deste ano no Brasil quebraram recordes no quesito diversidade. Pela primeira vez na história, 34% das candidaturas para as Câmaras Municipais foram femininas.
Candidatas trans também fizeram história, se tornando as mais votadas em capitais como São Paulo (Erika Hilton, do PSOL), Aracaju (Linda Brasil, também do PSOL) e Belo Horizonte (Duda Salabert, do PDT). Ainda que o número de mulheres nas Câmaras Municipais continue baixo e desproporcional ao de homens (menos de 20%), a conquista representa um avanço em direção à mudança.
6- Kamala Harris se torna a 1ª vice-presidente dos Estados Unidos
A partir de 2021, o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos será ocupado pela primeira vez por uma mulher. Kamala Harris, negra e filha de imigrantes asiáticos, foi eleita vice de Joe Biden em 7 de novembro de 2020. A eleição de Harris foi um marco histórico no que diz respeito à representatividade e aos movimentos antirracistas e femininos.
"Serei a primeira vice dos EUA, mas não a última", afirmou a própria Kamala em seu discurso de vitória. Que sirva de inspiração para muitas meninas e mulheres para o mundo.
7- Instagram passa a liberar fotos de seios femininos no feed
Desde outubro, o Instagram passou a permitir posts de mulheres que estejam "simplesmente abraçando, acariciando ou segurando seus seios". A medida foi alterada depois que a modelo e influenciadora britânica Nyome Nicholas-Williams denunciou a rede social por excluir fotos de seios de mulheres gordas e negras, mas não de brancas e magras. O Instagram reconheceu o erro e prometeu continuar trabalhando para melhorar a experiência de seus usuários.
8- Países liderados por mulheres lidaram melhor com a pandemia
2020 mostrou que ter mulheres no poder não é apenas uma questão de representatividade, mas também de tomadas de decisões mais conscientes. Em agosto, o Centro de Pesquisa de Política Econômica e o Fórum Econômico Mundial publicaram um estudo comprovando que os países liderados por mulheres lidaram com a crise do novo coronavírus de forma "sistematicamente e significativamente melhor".
Medidas adotadas na Alemanha (liderada por Angela Merkel), na Nova Zelândia (Jacinda Ardern), na Dinamarca (Mette Frederiksen), em Taiwan (Tsai Ing-wen) e na Finlândia (Sanna Marin) foram apontadas como sucesso. "Nossos resultados indicam claramente que mulheres chefes de Estado reagiram mais rapidamente e decisivamente diante de potenciais fatalidades", afirmou a pesquisadora Supriya Garikipati, co-autora do estudo, em entrevista ao jornal The Guardian.
9- Liderado por mulheres, grupo de cientistas brasileiros sequencia o novo coronavírus
No começo de março, quando apenas quatro casos de Covid-19 haviam sido confirmados no país, um grupo de pesquisadores brasileiros liderado por mulheres conseguiu sequenciar em tempo recorde o genoma do novo coronavírus.
O estudo, dirigido pela médica Ester Sabino e coordenado por Jaqueline Goes de Jesus e Claudio Tavares Sacchi concluiu o feito em apenas 48 horas, enquanto outros países levaram em média 15 dias para chegar ao resultado. A descoberta serviu para ajudar o mundo a compreender como o vírus funciona e até mesmo levantar estratégias para tentar conter a pandemia em sua fase inicial.
10- Harvey Weinstein é condenado a 23 anos de prisão por estupro e agressão sexual
Em 2017, os jornais The New York Times e The New Yorker publicaram relatos de dezenas de mulheres que acusavam o então produtor de Hollywood Harvey Weinstein de assédio, abuso sexual e estupro. O caso desencadeou mais uma série de denúncias, feitas por mais de oitenta mulheres da indústria cinematográfica, e se tornou o estopim para o movimento #MeToo, que luta contra o assédio e a agressão sexual em ambientes de trabalho.
Em fevereiro de 2020 Weinstein foi julgado e, em março, ele recebeu a sentença de 23 anos de prisão por dois dos cinco casos de estupro e assédio sexual aos quais tinha sido acusado judicialmente. Ainda que fosse esperada uma sentença maior pela quantidade de crimes que cometeu, o fato serviu como exemplo para que mais mulheres ao redor do mundo reconhecessem e denunciassem assédios e abusos.
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