Modelo relata volta à carreira após engordar 30 quilos: "Revolução pessoal"
Loiane Bienow já era uma modelo experiente, com desfiles internacionais e capas de revista no currículo, quando seu corpo "pediu socorro", como ela mesma diz, e mudou completamente: a capixaba de Nova Vencia (ES) ganhou 30 quilos em seis meses, por conta de uma infecção urinária silenciosa e que afetou seus rins.
Aos 23 anos, ela pensou que via o fim de sua carreira, mas hoje, aos 33, sabe que os dez anos longe das passarelas foram apenas uma pausa. Há um ano, Loiane voltou a trabalhar como modelo, agora plus size. À Universa, ela conta sobre a adaptação para o novo corpo, os anos em que evitou se expor e a "revolução pessoal" que viveu ao publicar fotos de biquíni pela primeira vez depois da mudança.
"Entendia que sem estar magra não trabalharia"
Loiane foi descoberta nos anos 90, época do boom da Gisele Bündchen. Também estavam no auge a Gianne Albertoni, a Linda Evangelista e a Kate Moss. As modelos tinham pouca variação nos corpos. O padrão da época era bem específico: modelos tinham que ser magras. "Como eu era muito nova [Loiane começou a carreira aos 12 anos], não sentia tanto impacto das pressões estéticas. Eu entendia que sem estar magra não trabalharia, claro, mas minha mãe cuidava bem da minha alimentação, o que tornava tudo muito mais suave", lembra.
Só percebi essa pressão toda quando comecei a engordar. Tinha 23 anos e ganhei 30 quilos em seis meses. Eu me olhava no espelho e pensava 'meu Deus, o que aconteceu?'. Hoje o mundo da moda é mais livre, mas naquela época os estereótipos eram bem marcados: tinha que ter altura, ser magra.
Pausa forçada
"Eu tive uma infecção urinária, uma coisa que era pra ser muito simples, mas se transformou em algo mais sério porque eu não tive sintomas, foi evoluindo e afetou meus rins. Era o meu corpo pedindo socorro. Foi uma época muito triste, provavelmente a mais triste da minha vida, mas não gosto de enfatizar isso, porque com a tristeza veio muito aprendizado, mas pensei que estava finalizando a carreira", diz.
A modelo decidiu deixar a modelagem de lado. Depois do baque, terminou os estudos, cursou Fotografia e trabalhou na área. Apesar dos diversos projetos, Loiane sentiu o baque: "foi um momento de transição bem complicado. Minhas amigas todas têm trabalho voltado para a imagem, são modelos, fotógrafas, trabalham com moda, e foram essenciais, me apoiando durante todo esse processo. Mas eu não conseguia nem me olhar no espelho, que dirá fazer foto."
Na época, estavam começando a surgir, principalmente em Nova York algumas agências com foco em modelos fora do padrão da época, mas ainda era uma coisa muito tímida, principalmente no Brasil.
Retorno e libertação
Fui aprendendo a me valorizar aos poucos, mas foram sete anos até conseguir me expor de novo. Uma grande amiga, dona de uma marca de biquínis, me chamou para fazer fotos com modelos da loja dela, prometeu que se eu não gostasse, ela não ia postar. Mas ficou bom. Foi uma libertação pessoal.
Uma década depois, a modela se viu fazendo fotos de campanhas publicitárias. Algo que pensou que não faria mais na vida. No final de 2019, a agência entrou em contato com ela e fez uma proposta para que ela voltasse a ser modelo, oficialmente. "Pensei "será?", mas não tinha nada a perder. Fiz book, fiz castings e, desde julho, voltei a me dedicar totalmente à carreira de modelo".
Foram dez anos longe, e a moda mudou muito. Não o trabalho em si, na prática as coisas estão bem parecidas. Quase nada mudou num set de fotografia, no backstage de um desfile. O que muda é como as marcas querem ser vistas pelos clientes. E os clientes estão mais abertos a novos rostos, novos corpos. Ainda bem.
Hoje, ela quer mostrar com o seu trabalho que toda mulher merece e deve se sentir forte, poderosa, bonita. "Tendo ou não curvas, ela tem que se vestir do jeito que bem entender"
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