Vítima de violência faz apelo nas redes: "Não sei se estarei viva amanhã"
Depois de ser espancada pelo ex-companheiro, com quem tem um filho de um ano, uma mulher de 21 anos, moradora de Campo Grande, foi às redes sociais fazer um apelo desesperado: "Meu ex-companheiro não aceita o fim do relacionamento, que acabou justamente pelas inúmeras agressões, estou sendo ameaçada de morte, meu filho mais velho e minha mãe também, não tenho trabalho porque ele sempre me obrigou a ficar só em casa e quando eu conseguia um emprego ele me espancava de novo".
O caso aconteceu nos últimos dias de 2020. Desempregada, ferida por chutes e socos e ameaçada de morte junto de seus dois filhos e da mãe, ela reforça que a medida protetiva que o obriga a manter distância não é respeitada. "Estou com meu rosto desfigurado e inchado, extremamente machucado, estou pedindo SOCORRO, faço esse apelo sem saber se amanhã estarei viva, por favor", diz ela no post.
O Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher aponta crimes de lesão corporal qualificada pela violência doméstica, descumprimento de medida protetiva de urgência e ameaça de morte. Dez dias depois do registro e do apelo nas redes, o homem, de 27 anos, se entregou e está preso preventivamente.
Agressões desde o início do relacionamento
Segundo a mãe da vítima, Rosineide*, 47, o homem de 27 anos foi agressivo desde o início do relacionamento, que durou pouco mais de dois anos. "Eles moraram na minha casa por seis meses e depois se mudaram. Pouco tempo depois, ela ficou grávida e ele bateu muito nela, pois não queria a gravidez. Ele chegou a ser preso e usou tornozeleira por três meses. Um mês depois de ser liberado, voltaram as agressões", conta.
"Era para ela ter separado antes, mas ele disse que mataria ela e o bebê, por isso ficou quieta e suportou as agressões constantes." A mãe conta que incentivou a filha a não se calar mais e denunciar na internet o sofrimento que vivia.
Depois de registrado o Boletim de Ocorrência, uma nova medida protetiva para impedir a aproximação do agressor foi expedida. "Alguém tem que detê-lo, precisa ficar preso, senão vai matar todos nós", diz Rosineide.
Ajuda de amigos e família separada para se proteger
Com a repercussão do texto publicado nas redes sociais, a vítima foi acolhida fora da cidade junto do filho mais novo. Mesmo com o ex-companheiro preso e com a medida protetiva, a família teve que se separar para tentar se resguardar das ameaças de morte e escapar das estatísticas que apontam ao menos duas mulheres vítimas de feminício todos os dias no país.
"Enviamos o filho mais velho para longe, porque ele disse que ia estourar a cabeça da minha filha, minha e dos meus netos. Estou desesperada. Agora minha filha está escondida longe daqui para evitar o pior", desabafa.
Ela conta que o agressor está com uma motocicleta que pertence a ela e pede ajuda para ter o veículo de volta. "Eu sou empregada doméstica e tento ajudar minha filha com o pouco que tenho, mas, agora estou sem a moto e sem condições de pagar as prestações", diz.
Conforme informado pela assessoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, com a prisão, as investigações devem ser concluídas em até 10 dias e encaminhadas ao Poder Judiciário e Ministério Público.
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