Marca chinesa de demaquilantes é acusada de 'demonizar' vítimas de assédio
Uma propaganda de lenços demaquilantes foi retirada da internet chinesa, após internautas acusarem a empresa de "demonizar" vítimas de agressão sexual no anúncio. Pressionada pelas críticas, e incitações de boicote, a Purcotton publicou ontem uma carta aberta com pedido de desculpas pela peça publicitária.
O anúncio, produzido pela marca chinesa de produtos de algodão Purcotton, mostra uma mulher caminhando por uma rua mal iluminada à noite, enquanto é seguida por um homem mascarado.
Quando o homem começa a se aproximar dela, a mulher é mostrada usando um pano Purcotton para remover a maquiagem, aparentemente horrorizando seu suposto agressor e fazendo-o fugir.
Embora não esteja claro quando o anúncio foi lançado pela primeira vez, internautas chinesas condenaram o vídeo curto, criticando sua aparente mensagem de culpabilização da vítima e rotulando-o de "nojento" e "errado".
"Você [a empresa] usa aquilo que mais assusta as mulheres em um anúncio, o que está além da compreensão e é inaceitável", foi o comentário de um usuário no Weibo, a plataforma chinesa semelhante ao Twitter, divulgado pela CNN Internacional.
O China Women's News, site operado pela Federação das Mulheres da China, afiliada ao governo, denunciou o anúncio em suas redes sociais por "demonizar" as vítimas de violência sexual.
"O anúncio é cheio de preconceito, malícia e ignorância. As mulheres são consumidoras e não bens de consumo. É inevitável que anúncios 'criativos' que insultam as mulheres sejam criticados pelo público", escreveu a entidade em uma publicação nas redes sociais.
Purcotton, que é propriedade do Winner Medical Group, tem mais de 240 lojas na China e cerca de 20 milhões de clientes, de acordo com o site da empresa.
Apesar da revolta, a Purcotton inicialmente defendeu o anúncio como uma forma criativa de anunciar a "função de limpeza do produto". Mas à medida que os pedidos de boicote aumentaram, a empresa removeu o vídeo de suas contas e acabou emitindo uma nota com um pedido de desculpas, na sexta-feira (8).
"Montamos uma equipe para responsabilizar as pessoas pelo problema e, enquanto isso, melhoraremos a produção de conteúdo e o processo de revisão para evitar que incidentes semelhantes ocorram novamente", disse a Purcotton na nota de esclarecimento.
Além da nota oficial, a empresa também publicou, ontem, uma carta de desculpas em seu perfil do Weibo.
Essa não é a primeira vez que uma empresa chinesa é forçada a se desculpar por acusações de sexismo.
No caso mais recente, ocorrido no ano passado, a rede de supermercados RT-Mart pediu desculpas depois que uma de suas lojas exibiu um gráfico de tamanhos que rotulava as mulheres que usavam roupas grandes ou XXL como "podres" e "terríveis".
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