"Não percam esperança", diz brasileira vacinada contra covid na Inglaterra
Pelo menos 1,2 milhão profissionais da saúde e pessoas com mais de 80 anos já foram vacinados contra a covid-19 na Inglaterra. Do primeiro grupo faz parte a carioca Mariana Maia da Fonseca, 29, que trabalha há um ano na enfermaria de pneumologia de um hospital no norte da Inglaterra. Mariana viu sua "foto da vacina" ganhar repercussão no Twitter: até agora, foram 69 mil curtidas na postagem, que ela legendou, em tom de brincadeira, com um simples "imunizadah".
A médica recebeu a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech, no último domingo (10). A vacina vem sendo aplicada na população britânica desde dezembro e há estudos sobre a eficácia dela para a nova cepa do vírus. Mariana deve tomar a segunda dose em 11 semanas.
Há um ano sem ver os pais, que estão no Brasil, Mariana não vê a hora de poder visitá-los para matar a saudade. "Não quero colocar uma data específica, porque não sei como vão ficar as coisas. Tem que ter voo". A Inglaterra anunciou um novo lockdown no dia 4, depois da descoberta de uma variante do coronavírus.
Mariana contou para Universa que o hospital em que trabalha começou a vacinação em dezembro passado, pelas pessoas dos grupos de risco. Além dos idosos, os profissionais de saúde preenchiam um formulário de avaliação de risco, em que informavam se tinha comorbidades, a idade, e se pertenciam a alguma minoria étnica. Após o levantamento, o hospital enviou e-mail para que as pessoas agendassem a vacinação. Foi bem nessa época que ela descobriu que estava com covid.
Na enfermaria em que trabalho aconteceram vários surtos de covid. Muita gente ficou afastada. Como todo mundo estava tendo muito contato, foram muitos casos positivos. Eu peguei, mas não tive sintoma nenhum. Foi só pelo teste que descobri.
Depois de um período de isolamento, Mariana voltou ao trabalho. E, na semana passada, foi sua vez de receber o e-mail sobre o agendamento da vacinação. "Na segunda-feira, mandaram um comunicado falando que a política mudou; decidiram que em vez de dar a segunda dose em três semanas, iam abrir mais vagas para a primeira dose".
"Foi bem emocionante ver o e-mail confirmando o agendamento da minha vacina. Por mais que eu tenha testado positivo, há estudos que mostram que os casos mais leves não têm produzido tanta imunidade. Vejo muitos casos de reinfecção, alguns mais graves do que a inicial", diz.
O dia da vacinação
A médica resolveu marcar sua imunização em um domingo, em que não estava de plantão, caso precisasse prestar atenção em alguma reação [o Reino Unido recomenda que alérgicos não tomem a vacina da Pfizer, pela possibilidade de apresentar reações].
"Era por horário marcado, e pediram para não chegar tão mais cedo para não ter aglomeração. Entrei em uma fila peque a organizada, deram máscara e mantivemos os dois metros de distância. Aí, preenchi um formulário, para dizer se estava grávida, amamentando ou se tem alguma alergia, que depois era avaliado por um médico, que perguntou se eu já tinha tido covid-19, porque eles não vacinam se a pessoa tiver confirmado há menos de quatro semanas.
Na hora da vacina, era tudo uma linha de produção. Aí, eu quis tirar uma selfie para mandar para minha mãe, e uma das enfermeiras falou que a outra poderia tirar para mim. Pela reação dela, eu não fui a primeira pessoa que pediu uma foto
Segundo Mariana, no final do processo, dão um cartãozinho falando qual vacina foi aplicada. Esse cartão deve ser levado na aplicação da segunda dose, que já está marcada. "A enfermeira pede para a gente ficar uns 15 minutos sentado. Ofereceram café e biscoitinho. Eu senti que as pessoas envolvidas estavam felizes por estar fazendo aquilo".
"Agora, tem uma luz no fim do túnel"
"A mensagem que posso dar para as pessoas no Brasil é para a galera não perder a esperança. A situação está horrível mesmo e ninguém aguenta mais... Mas pelo menos tem agora uma luz no fim do túnel", pontua a médica.
A gente está mais perto de sair desse buraco do que já esteve. Então, se eu pudesse pedir uma coisa, seria que respeitassem as medidas de distanciamento social, que é tudo que a gente pode fazer por agora.
O Reino Unido enfrenta uma segunda onda de covid-19 com recorde de mortes em um dia. Segundo dados divulgados na sexta-feira (8), 1.325 pessoas morreram em 24 horas pela doença, o maior número diário registrado desde o início da pandemia.
Mariana diz que já ouviu pessoas contrárias à vacina, mas que, de forma geral, o movimento antivacina não parece ser igual ao que se vê no Brasil. "E uma reportagem da BCC mostrou que há pessoas que não queriam tomar a da Pzifer, porque preferiam a da Oxford, que é daqui, mas nem faz sentido, porque ela está sendo produzida na Índia".
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