"A colorimetria mudou o tom do meu cabelo e minha relação com a moda"
Quem me conhece sabe que eu amo preto e o quão raro é me ver com uma roupa colorida. Eu, que sempre defendi o pretinho básico (arriscaria dizer que 80% do meu armário é composto dessa cor), me vi no desafio de descobrir uma nova e extensa cartela de cores que favoreciam minha beleza natural. E, para a minha surpresa, o preto não me favorece. Outra cor que não está na minha paleta ideal é a branca, que, coincidentemente, compõe os outros 20% do meu armário.
Ok, é sempre frustrante saber que suas crenças até então inabaláveis estão sendo questionadas, mas posso afirmar que a análise é surpreendende e foi capaz de mudar não somente a minha relação com as roupas, mas com o meu cabelo e com minha nécessaire de maquiagem.
O início de tudo
Resolvi fazer a análise de coloração pessoal por indicação de uma amiga, que havia feito e amado. De uma hora para outra, o feed dela mudou: ela estava arriscando em looks mais alegres e diferentes. E como estava linda! Pensei que seria uma boa oportunidade de conhecer outras versões de mim mesma e até de me desafiar. Quem disse que aquilo que eu julgava ser o melhor era o que mais valorizava meus traços?
Marquei, então, minha análise com a consultora de imagem Fla Gnone (@flagnone.resolva, da empresa @resolvameulook). Quando abri a porta e a vi com um look todo colorido comecei a entender o desafio que teria pela frente!
A análise durou cerca de duas horas e começou com um bate papo sobre o universo das cores. Nunca gostei de roupas coloridas e, sem querer, estava adotando isso como uma verdade absoluta sem nem sequer dar uma chance para elas. Só comprava preto e nem pensava nas outras possibilidades!
O que eu conhecia sobre combinação de cores se restringia ao clássico "quente" e "frio". Mas descobri que coloração pessoal é muito mais que isso. Na verdade, a análise detecta à qual estação do ano (sim!) sua pele se aproxima e detalha o restante da paleta considerando três características: temperatura (fria ou quente), profundidade (clara ou escura) e intensidade (brilhante ou suave).
Nunca gostei de roupas coloridas e, sem querer, estava adotando isso como uma verdade absoluta sem nem sequer dar uma chance para elas.
Na prática
As consultoras trazem para a consulta uma malinha cheia de tecidos com combinações diferentes. São as ferramentas que elas usam para, por exclusão, chegar à cor que mais harmoniza com a cliente. Mas como isso é possível? A explicação básica é que cor é luz. Ao mesmo tempo em que um tecido colorido absorve um segmento de luz, ele rebate outros segmentos do espectro em você. Algumas paletas nos favorecem, nos deixam mais iluminadas e radiantes. Por outro lado, cores que não harmonizam bem podem trazer visuais indesejados, reforçar o ar de cansaço, uma olheira mais evidente, manchinhas na pele, palidez... "É importante saber que existe uma maneira de contornar o nosso visual naqueles dias que estamos naturalmente mais abatidas", me explicou Fla.
Outra coisa importante que aprendi é que temos um contraste natural no rosto, marcado pelas diferenças de cores entre pele, sobrancelhas, cor dos olhos e cabelo. E uma paleta ideal reproduz as características desse contraste. "Uma pessoa que tem pele e olhos claros, cabelo loiro e sobrancelha nesse mesmo tom, por exemplo, tem um baixo contraste", explica Flávia. Eu, que tenho pele clara e cabelo escuro, tenho mais contraste. A tendência, portanto, é que meu rosto harmonize melhor com cores escuras.
No começo dos testes a consultora nos coloca sentada de frente para um espelho, com uma luz adequada e um avental cinza (que não gera nenhuma interferência nos tons). Então, aproxima muitas cores de tecido diferentes ao rosto, buscando as melhores harmonizações. Fiquei realmente impressionada com a diferença entre um e outro. Na foto, abaixo, dá para ter uma ideia (embora elas não reproduzam exatamente o efeito que é visível a olho nu).
Resultado real
O que mais me impressionou foi a tonalidade mais pálida que meu rosto adquiriu com os tons menos intensos, e o brilho instantâneo com a aproximação das cores corretas. Depois de testar diversos tecidos e os efeitos na minha pele, chegamos à minha paleta ideal: a outono escuro. Ela inclui tons terrosos, magenta, melancia, mostarda, verde-musgo. Nada muito vibrante — e nada de preto ou branco.
Então eu nunca mais vou poder usar preto? Não é essa a intenção: é possível usar as cores fora da nossa paleta sem ter que lidar com os efeitos que nos desfavorecem. "Não existe certo e errado. Existe uma paleta de cores que melhor harmonizam com as nossas cores. Mas somos livres para usar o que quisermos", disse Flávia.
Ou seja, não é preciso deixar de usar aquele vestido que você ama só porque ele não está na sua paleta. Mas algumas dicas podem unir o útil ao agradável. Por exemplo: use esses tons nas parte de baixo, como em saias, calças e shorts. Que usar na parte de cima? Prefira as versões com decotes, que mostram mais a cor da sua pele.
As cores indicadas na sua cartela, por outro lado, podem operar maravilhas se usadas perto do rosto, como num brinco, colar, num lenço ou numa gola - achei uma ótima estratégia para começar a incluir cor no meu dia a dia.
Entendo que isso é um processo — não é de uma hora para outra que vou mudar todo o meu guarda-roupa. Mas ter uma paleta ideal para mim, depois de ver com os meus próprios olhos a diferença que faz, me deu uma segurança enorme de começar a ousar mais e sair do básico.
As cores indicadas na sua cartela podem operar maravilhas se usadas perto do rosto, como num brinco, colar, num lenço ou numa gola.
Make e cabelo
E a colorimetria pode ajudar também na escolha da maquiagem ou tinturas de cabelo? Sim. O princípio é o mesmo. Para mim, as dicas foram: preferir lápis de olho marrom ao preto; evitar sombras muito frias, como prata e pérola, usar tons de blush mais terrosos e batons da paleta outono escuro. Intuitivamente, eu já preferia essas cores de make.
Finalmente chegamos no cabelo. Sempre gostei de fazer luzes, mas achar o tom ideal é essencial para não errar a mão. Também, eu sabia que eu não ficaria bem loira, por exemplo. Mas luzes estrategicamente posicionadas e no tom da minha paleta (como o mel ou dourado mais quente), iluminam, trazem o estilo que eu busco e deixam o meu rosto harmonioso.
Por causa da pandemia, eu estava com um "restinho" de cor, já desbotada e sem vida. O problema é que isso levou justamente para o tom de loiro frio que não me favorece. Resolvi o problema com a Valéria Ribeiro, cabeleireira, de São Paulo.
"Fizemos luzes bem sutis, puxadas para o mel, sem sair do tom moreno natural", explicou ela. Para não causar muito contraste, é importante deixar alguns dedos perto da raiz na cor natural, e fazer o clareamento de forma gradual, em mechas bem fininhas.
Autoimagem é tudo
Eu finalmente entendi por que diversas tentativas de luzes e clareamento deram errado (mais de uma vez, voltei ao salão para escurecer o que eu tinha acabado de pedir para clarear). Agora, sabendo o que dá certo, já sei o que pedir sempre que eu for ao salão.
Após um mês do meu encontro com a Flávia, posso dizer que criei uma relação mais amigável e prazerosa com as minhas roupas. Tirei do fundo da gaveta algumas peças abandonadas, de cores que antes eu não "bancava" e que agora uso com segurança.
É muito interessante como passei a me olhar de outra forma — parece que agora me conheço melhor. Acho que é importante encarar a nossa paleta de cores de uma forma amigável: sem proibições, mas com a consciência de aquelas orientações serão capazes de valorizar sua beleza. Isso muda tudo!
Ainda não desapeguei totalmente das minhas roupas pretas, mas os novos momentos de cor me animaram bastante. E é impressionante como as pessoas percebem e reparam a mudança. O próximo passo é aprender a ousar mais nas combinações e não ter medo de errar.
Passei a me olhar de outra forma, como se eu tivesse criado um novo olhar para a minha autoimagem. Parece que agora me conheço melhor.
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