Produtora da Globo acusa loja de SP de racismo: "Senti impotência e raiva"
A produtora de moda Naiara Albuquerque não imaginava que passaria por um episódio traumático de racismo quando foi retirar peças de uma produção para Taís Araújo em um loja do Shopping Iguatemi, em São Paulo, na última quinta-feira, 21. O empréstimo das peças havia sido combinado previamente por Naiara com os responsáveis pelo marketing da grife Lool, para que a atriz usasse nas gravações da série "Aruanas", da Globo.
Juliana Souza, advogada da produtora, relata o acontecido. "Naiara chegou até a loja, onde havia uma senhora branca sendo atendida, e se apresentou à vendedora. Com desdém, a funcionária pediu que ela aguardasse lá fora e voltasse dali 15 minutos". Segundo a advogada, Naiara se retirou, por supor que se tratava de um protocolo de segurança contra o coronavírus, para evitar aglomeração no local. "No entanto, ao retornar, ela viu que havia mais clientes sendo atendidos, todos não-negros, transitando tranquilamente, sem receber nenhuma orientação para sair", contou.
Ao questionar a vendedora, Naiara, que é negra, relata ter sido tratada com descaso e ter recebido, novamente, a orientação de que "voltasse depois". Neste momento, a produtora foi embora, como ela contou à Universa.
Foi lamentável, primeiro me senti envergonhada, porque as ações aconteceram na frente de duas clientes. Depois, o sentimento é de impotência, de raiva. A gente fica frustrada e indignada diante de uma situação de racismo
No calor do momento, a produtora dividiu sua indignação com os seguidores nas redes sociais. Em seguida, contratou os serviços da advogada, para denunciar o tratamento.
"Denunciar é essencial para que situações assim não se repitam"
A advogada de Naiara, que também é negra, ressalta a importância de não se calar em situações como estas. "O Brasil é um país estrutural e institucionalmente racista. Esse racismo também passa pelas relações interpessoais, como foi o caso de Naiara. É muito importante que essas denúncias sejam feitas para que situações do tipo não se repitam e nem sejam tratadas como um caso isolado."
Para Juliana, quando casos assim vem a público, encorajam outras vítimas a denunciar. "Com a exposição, mais pessoas entendem que isso não pode acontecer com nenhuma pessoa negra, independentemente da sua classe social. Somos mais de 54% da população. Não inventamos o racismo, mas somos nós que enfrentamos situações assim todos os dias. Que sirva de exemplo para outras instituições, que nossas vidas têm valor e sejamos tratadas com dignidade em quaisquer lugares nos quais desejemos estar".
Lool se retratou por meio do Instagram
Em comunicado oficial pelo Instagram, a loja afirmou que as acusações "estão em completo desacordo com seus valores". O texto também informou que Luiza Setúbal, fundadora da marca, entrou em contato com Naiara para se desculpar pelo ocorrido.
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