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#Minhaprimeiravez: "Realizei a fantasia de levar dois homens para a cama"

Gabriela, em momento "nude selfie". - Arquivo pessoal
Gabriela, em momento "nude selfie". Imagem: Arquivo pessoal

Gabriela* em depoimento a Marcela Genaro

Colaboração para Universa

26/01/2021 04h00

"Eu voltava a pé da casa de uma amiga, em Trancoso, na Bahia, à noite, quando Julien* apareceu na minha frente. Alto, sorriso matador, puro borogodó. Nos apresentamos e o papo fluiu: ele era francês, apaixonado por música brasileira. Um cara simples, gentil. A energia do tesão pairava entre a gente.

Como se não bastasse, Julien vinha em dupla. Estava com um amigo italiano, o Pietro*, que era interessantíssimo também. Outro boy cheio de qualidades, inteligente. E com borogodó duplo: Pietro era bissexual e falava sobre isso na maior naturalidade.

Não demorou muito para que as carícias começassem ali mesmo, na rua em que nos conhecemos. Julien me abraçou com delicadeza enquanto caminhávamos, senti a temperatura quente daquele corpo. Tudo isso com Pietro ali bem pertinho.

Um beijo no canto da boca me deixou excitadíssima, era coisa de pele mesmo. Daí confesso que me bateu a dor na consciência: 'Está doida?' E parei por aí... Mas não sem antes trocar contatos com os dois. Fui para casa, com a sensação de história que ainda iria continuar...

Trocamos várias mensagens nos dias seguintes. Recebi deles convites para ir à praia, à casa em que eles estavam hospedados, para me juntar à turma deles. Receosa, arranjava desculpas e não ia. Como Trancoso é pequena, cruzei mais de uma vez com Julien e Pietro pela cidade. Mas estava sempre 'indo para a casa' ou 'indo almoçar com uma amiga'. Inventava essas mentirinhas para não me agarrar de novo com Julien - e talvez com Pietro também.

Gabriela, personagem entrevistada sobre sexo a três para Universa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Nos esbarramos novamente e eles me contaram que iriam embora no dia seguinte. Eu olhava aqueles boys lindos e pensava: 'Não é possível que vou ser trouxa assim! Já beijei mesmo, oras... Vou deixar passar por quê?'. Eu sabia que podia rolar um lance a três com eles. E não entendia qual eram meus sentimentos em relação a isso... Medo? Desejo?

Dessa vez aceitei o convite para ir à praia com eles. Já eram umas 16h, fazia sol e o mar de Trancoso estava naqueles 50 tons de azul.

Os dois foram mergulhar. Pensei por 5 segundos e decidi: 'Quer saber? Vou viver isso aqui!'. Nunca havia participado uma experiência com dois homens e, apesar de Julien ser 'meu par', o cara que eu já tinha beijado, era iminente que algo além ia acontecer com Pietro também. Deixei de pensar no que era moral e fui me jogar naquelas ondas com eles.

Julien me recebeu nos braços e com beijos, que foram esquentando. Braços, peitos, mamilos se roçando. Sorrisos livres entre ondas. Senti uma terceira mão tocando minha cintura. Recebi com a minha mão, consentindo. Eram vários toques ao mesmo tempo. Troquei a boca e o beijo. Pietro também tinha um beijo bom.

Um me abraçava por trás, outro pela frente. Eles não trocavam carícias entre si. Julien é hétero. Um deles começou a me massagear entre as pernas por cima do biquíni. Sim, azul para mim agora é a cor mais quente. O azul do mar em que estávamos naquele momento.

"Cantei 'Como uma deusa', da Rosana"

Eram mãos, braços, peitos, pernas e beijos que se misturavam. Num mergulho entre ondas para tomar fôlego, ouvi eles exclamarem: 'Que mulher!'. Sei que não devia ser a primeira vez deles compartilhando uma companhia feminina, mas não me importava.

Enquanto os dois me agarravam, eu imaginava a cena sendo fotografada por um drone, de cima, como em um filme. E dentro da leveza daquele instante cantei: 'como uma deusaaaa', à lá Rosana. Claro, eles não entenderam, mas riram... Hoje me acho mais uma Dona Flor, naquela vibe baiana de Jorge Amado.

O tesão foi aumentando e não dava para seguir com a pegação ali no mar. Queríamos um lugar mais confortável e íntimo. Quando os rapazes se acalmaram, por assim dizer, fomos caminhar pelo Quadrado. Julien não deixou de ser um cavalheiro, me dando beijos, abraços, me seduzindo. Com Pietro, a sedução rolava mais na conversa: enquanto caminhávamos, falávamos sobre a vida, política, trabalho... Ele era inteligente e isso é excitante.

Nessa caminhada até a casa deles, também falamos sobre sexo e eles queriam saber como eu estava me sentindo na experiência com dois homens até ali. Eu já tinha vivido oportunidades parecidas, mas não havia rolado. A energia não bateu, fiquei insegura e desisti... Pietro disse então algo que fez sentido: 'pessoas que nunca transaram a três colocam tanta expectativa nisso, que acaba ficando pesado e não sendo legal'.

Gabriela, entrevistada de Universa em reportagem sobre sexo a três - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Não era o meu caso ali: dessa vez eu estava liberta, me sentindo totalmente confortável com eles para viver aquilo. Desejando e assumindo isso para mim mesma.

"Não me entrego pros caretas"

A sequência de sedução foi bem como Pietro tinha dito que seria: não havia ali uma coisa de ir com tanta sede ao pote. Não podia ser em meia-hora, nada de rapidinha. Chegamos à casa em que eles estavam, tomamos umas cervejas. O italiano foi para a piscina, enquanto eu e Julien nos sentamos no dossel em frente. Colocamos uma música para tocar: 'Não me entrego pros caretas', da banda Lamparina e a Primavera. Super adequado.

O dossel foi se tornando uma cama para mim e Julien. A temperatura voltou a subir, com uma sequência de beijos de arrepiar o corpo inteiro, com carícias deixando tudo molhado mais uma vez. Eu estava doida para fazer sexo oral nele. Foi quando senti uma terceira mão na minha bunda, a outra na cintura. Era o Pietro se juntando a nós e os corpos começaram a se embolar mais uma vez.

Beijos nas bocas dos dois, as minhas mãos tentando dar conta de ambos. Provei dos dois, com muito prazer, enquanto Pietro usava os dedos, que começaram na parte externa da minha vulva e depois escorregavam para dentro de mim.

Curti as gostosuras de Pietro, enquanto Julien saía rapidamente para pegar camisinhas. Nas minhas lembranças, os espaços temporais desaparecem e as sequências de beijos, penetração e os toques se confundem. Só sei que o tempo se encurtou quando uma pessoa chegou na casa - e foi aí que percebi que já era noite.

"Já era hora de tomar banho. Banho. A três..."

Bem, com plateia, eu não queria não. Mas tudo dentro da maior naturalidade: entrei na piscina, já iluminada pela lua, o que fazia os rostos dos dois ficarem mais bonitos ali comigo. Olhava para eles e pensava: 'que homens lindos, que delcia foi tudo isso...'

As mãos por baixo da água procuravam minha vulva. Ok, ninguém estava vendo ali embaixo, mas não era confortável para mim. A sensação de outra pessoa circulando pela casa, além de nós três me incomodava. Não precisei demonstrar isso mais de uma vez. Eles concordaram que não era possível dar sequência ali na piscina.

Já passava da hora de os três tomarem banho e sair. Banho. À três... Julien pediu para Pietro apagar a luz, era mais bonito o clima assim no chuveiro. A claridade da lua já entrava pela janela, as silhuetas foram se misturando com a água e tudo recomeçou.

Dessa vez o meu prazer, além do orgástico, era ver os corpos deles se deliciarem. Voltei a beijá-los pelo corpo todo, enquanto me tocavam. O tesão foi retomado e eu estava totalmente entregue. Era a hora de realizar mais uma fantasia: 'Gozem no meu rosto', pedi.

Era o ápice. Chegamos à petite mort ['pequena morte', que é como os franceses se referem ao orgasmo] quase juntos. Fato consumado. Sorrisos. Nos abraçamos enquanto nos lavávamos, beijei os dois. Era a minha despedida.

Julien fez questão de separar um roupão limpinho e me vestir para que me enxugasse. Essas pequenas gentilezas, quando legítimas, são de uma beleza...

Eu tinha realizado uma fantasia sexual e não me sentia nada promíscua. O que eu tinha feito era dizer sim aos meus desejos. Saí livre, leve e solta.

Nós três ainda mantemos contato. Inclusive contei a eles que contaria nossa história para Universa. Julien e Pietro não viram problema. E esperam que ainda tenhamos a oportunidade de desenvolver o capítulo 2 da nossa aventura à 3."

Todos os nomes citados neste depoimento foram trocados a pedido da entrevistada