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Ex premeditou morte de jovem achada em terreno no RJ, aponta delegado

Jeniffer Capella do Amaral informou à família que iria dormir em casa de amiga - Acervo pessoal
Jeniffer Capella do Amaral informou à família que iria dormir em casa de amiga Imagem: Acervo pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

05/02/2021 08h45

A Polícia Civil do Rio prendeu ontem Jorge Rios da Motta Neto, de 21 anos, acusado de premeditar a morte da ex-namorada Jeniffer Capella, de 18 anos, que foi vista pela última vez no dia 21 de janeiro, após entrar em um carro chamado por aplicativo. O caso é tratado como feminicídio.

A jovem disse à família que ia para casa de uma amiga e desapareceu. No entanto, segundo a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a vítima foi para a casa do ex-namorado. Os dois marcaram o encontro pelas redes sociais. Na casa dele, o casal discutiu e Neto a matou, segundo confessou em depoimento à polícia. Ainda pelas informações da corporação, o homem afirmou que não se arrependeu e que, inclusive, o cometeria de novo.

"O corpo foi enrolado em lençol e edredom e deixado na casa que [Neto] reside com a genitora, que não estava presente naquela noite. Em seguida teria ido ao encontro de Maiara [atual namorada] com quem teria dormido, segundo sua versão. Por volta de 5h do dia 22, ele acordou e retornou para casa, enterrando o corpo em uma cova rasa no quintal do vizinho onde há uma casa em construção", comunicou o delegado Uriel Alcantara, da DHBF.

De acordo com as investigações, Neto mentiu em depoimento ao dizer que não mantinha contato com Jeniffer desde outubro de 2020 - quando a atual namorada dele, Maiara da Silva Pacheco, 20, flagrou as conversas e o repreendeu. No entanto, a polícia encontrou as trocas de mensagens entre o casal no dia do crime e também em datas anteriores.

Em uma delas, Neto fingiu ter terminado o atual relacionamento. Ele acreditava que a morte de Jeniffer "traria tranquilidade diante dos conflitos psicológicos e emocionais" que enfrentava, explicou o delegado.

O jovem alegou que já havia terminado outros dois relacionamentos por causa da pressão da vítima sobre ele.

A Polícia Civil cumpriu contra o ex-namorado de Jennifer um mandado de prisão temporária. Ele é investigado pelos crimes de homicídio qualificado por feminicídio e ocultação de cadáver.

A atual namorada dele também foi presa. Segundo a DHBF, Maiara também mentiu em depoimento. Ela afirmou à polícia que encontrou com Neto no mesmo local e no mesmo horário em que Jeniffer desembarcou do carro e que os dois dormiram juntos. No entanto, o autor do crime alegou que a atual namorada, Maiara, só soube ontem sobre o homicídio. A participação dela no crime ainda é apurada pela DHBF.

Neto disse à polícia que acreditava que o corpo não seria encontrado.

Família não tinha conhecimento do encontro

O padrasto de Jeniffer, Jonas de Santana, disse ontem ao UOL que a família não tinha conhecimento do encontro. Jeniffer saiu de casa dizendo que ia para a casa de uma amiga e não retornou. Segundo o parente, os dois terminaram no final de 2018. Jeniffer chegou a engravidar de Neto, mas perdeu o bebê.

Na ocasião, ao saber da gravidez, o casal terminou o relacionamento. De acordo com o padrasto, Neto não queria assumir a criança e alegou aJeniffer que era muito novo para ter um filho.

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.

Como denunciar

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.