#MinhaPrimeiraVez: Após menopausa, o impulso sexual deu lugar às fantasias
Aos 42 anos, na consulta anual ao ginecologista, descobri que estava nas minhas últimas ovulações. Fiquei péssima, aquilo me pareceu muito repentino. Me imaginei murchando como um maracujá. Mais adiante, comecei a ter ondas de calor, dormia pouquíssimo e ficava muito irritada. Mas essa situação não durou muito tempo. Hoje, aos 56 sinto que vivo uma fase de muita satisfação sexual.
Uma característica que eu tenho é que quando uma coisa não está legal para mim, eu não deixo continuar. Percebo a situação e tomo uma atitude. Então, quando surgiram todos esses sintomas desconfortáveis, já comecei a fazer a reposição hormonal e os exercícios regulares que o médico havia me indicado, mesmo antes de entrar na menopausa.
Por isso, para mim, o climatério foi muito mais complicado do que a menopausa de fato. Quando ela enfim chegou, seis anos depois, eu já sabia como lidar com aquilo. E isso incluiu as mudanças na minha vida sexual.
Eu tive a sorte de não desenvolver secura vaginal, percebi que minha libido não havia diminuído, mas que agora eram outros estímulos que despertavam o meu desejo. A mente tinha mais poder do que o corpo nessa fase. O impulso sexual movido pelos hormônios da juventude deram lugar às fantasias, à criatividade e à cumplicidade com o parceiro na cama.
E foi bem no meio dessa mudança interna, aos 46 anos, que eu comecei a namorar o Valmir, cara que foi o grande amor da minha vida. Não estamos mais juntos, mas ainda temos muito carinho um pelo outro, e ele foi fundamental para eu me abrir para essa nova fase sexual que estava começando.
Eu sempre tive muita vergonha de falar sobre as minhas fantasias sexuais, e até mesmo de dizer claramente o que eu queria na cama. E me sentir à vontade com o meu parceiro, como eu me sentia com ele, para falar sobre esses desejos se tornou imprescindível durante o climatério. Quando eu parei de menstruar, já tinha passado por esse processo de ressignificação do meu desejo, me adaptado às novas necessidades do meu corpo.
Então, na primeira vez que transei depois da menopausa eu já estava mais livre para expressar os meus desejos e as minhas fantasias. E essa liberdade e esse autoconhecimento me acompanham desde então, com todos os homens com os quais me envolvi nessa nova etapa da minha vida.
Se alguém me pedisse para contar como é a transa com uma mulher na menopausa, eu diria que ela começa no ouvido, nas conversas, na intimidade, na cumplicidade, na risada, na brincadeira. O que muda é só o fato de não termos mais os hormônios que nos faz olhar para um cara e querer transar com ele até sem conhecê-lo (eu tinha essa coisa na juventude).
Acho que os hormônios deixam os desejos muito aflorados, o que, às vezes, pode fazer com que a gente se arrependa depois de transar. Na menopausa isso é mais difícil de acontecer, pois o racional acompanha o tesão. Ficamos mais seletivas para escolher um parceiro. Mas posso garantir que o sexo continua tão bom quanto era antes.
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