ES: Mulher de 25 anos é morta a facadas voltando do trabalho; ex se entrega
A técnica de segurança do trabalho Luana Demonier, de 25 anos, foi morta a facadas quando voltada para casa do trabalho, em Cariacica (ES), segundo informações da Polícia Militar. Pouco antes do ataque, Luana recebeu uma mensagem do ex-namorado dizendo que iria matá-la.
O homem, que não teve a identidade revelada pela polícia, é o principal suspeito e se entregou nesta quarta-feira no início da tarde na Delegacia da Praia do Canto, em Vitória. O caso foi registrado como feminicídio.
O pai de Luana, o microempresário Adilson Nunes, disse que o sentimento é de alívio pela prisão do suspeito. "Fico mais confortável de ele estar preso. Espero agora que a Justiça funcione. O que ele fez com minha filha não se pode fazer com a vida de outra pessoa", afirmou.
Luana tinha medida protetiva; suspeito responde a 8 inquéritos
Segundo a Polícia Militar, a família relatou que a vítima era ameaçada pelo ex e que tinha medida protetiva que o impedia de se aproximar dela, mas que recorrentemente era descumprida.
Luana teve um relacionamento de aproximadamente um ano com o suspeito e que eles tiveram uma filha em 2020, mas o bebê morreu aos cinco meses após uma parada cardiorrespiratória.
O caso segue sob investigação da DHPM (Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher). A Polícia Civil afirmou que o suspeito é investigado desde 2015.
"Ele responde a oito inquéritos policiais instaurados nesta unidade, por crimes relacionados a violência doméstica. Em 30 de julho de 2020 ele foi preso em flagrante pelo crime de ameaça e encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, tendo recebido liberdade em 3 de setembro de 2020", informou a polícia por meio de nota.
O órgão ainda explicou que o homem "era um dos alvos da Operação Maria's, realizada em dezembro de 2020, e não foi localizado na ocasião. Em janeiro, novas diligências foram realizadas, mas ele não foi encontrado. Após tomar conhecimento da ordem de prisão, o investigado passou a viver em condição de andarilho, sem endereço fixo, o que dificulta sua localização", afirma comunicado.
Delegada acredita em crime premeditado
A titular da DHPM, delegada Rafaella Aguiar, disse que Rodrigo Pires Rosa, em depoimento, contou não lembrar o que aconteceu após desferir a primeira facada na ex-companheira. Para a delegada, o crime foi premeditado.
"Ele pegou a faca depois do almoço e entrou no mesmo ônibus da vítima. Ele já sabia a rotina [dela], então acredito que premeditou. Até porque não teve uma discussão para ele ter agido por raiva do momento", afirmou Aguiar.
A delegada explicou que os dois conversavam amigavelmente antes de Rodrigo cometer o crime. Segundo Rafaella, a vítima não teve chance de defesa.
Foram encontrados, pela perícia, 19 perfurações no corpo de Luana. Por isso, Rodrigo foi preso em flagrante e autuado por homicídio duplamente qualificado: por impossibilidade de defesa da vítima e por feminicídio.
Feminicídio
O feminicídio é o assassinato de uma mulher pelo fato de ela ser mulher. É um crime motivado por ódio, desprezo ou sentimento de perda do controle e da "posse" que o agressor acredita ter sob a vítima.
Nem todo assassinato de mulher é um feminicídio, pois há aqueles que acontecem durante um assalto, por exemplo. Por isso, quando se destaca um feminicídio não é o fato apenas de uma mulher ter sido assassinada, mas sim nas circunstâncias descritas no Código Penal. A pena para feminicídio é maior, de 12 a 30 anos de prisão para o autor, como nos homicídios qualificados. Nos casos de homicídio simples a pena é de seis a 20 anos de prisão.
Geralmente, a mulher perde a vida em uma situação de violência doméstica, mas o crime também pode acontecer em espaços públicos. Esta definição consta na Lei do Feminicídio, sancionada em 2015, que passou a determinar a pena específica para esse crime.
Em 2019, foram registrados 1.326 casos de feminicídio no Brasil, e em 90% desses homicídios o autor foi um companheiro ou ex-companheiro da vítima. E quase 60% de todos esses crimes aconteceram dentro de casa. No primeiro semestre de 2020, o número de feminicídios chegou a 648, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Como denunciar uma agressão
Já sofreu uma agressão e quer denunciar? Registre um Boletim de Ocorrência por violência doméstica em qualquer delegacia. Se puder, procure uma delegacia da mulher, especializada neste tipo de caso.
Conhece uma mulher em situação de perigo? Ligue para 180. O canal do governo federal funciona 24 horas, incluindo sábados, domingos e feriados. A ligação é anônima e a central dá orientações jurídicas, psicológicas e encaminha o pedido de investigação a órgãos de defesa à mulher, como o Ministério Público.
Em casos de emergência, é possível telefonar para 190 e acionar a polícia.
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