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'Não me ignore': Mulher relata agressões em bilhete na matrícula de filho

Mulher relata agressões do marido em bilhete na matrícula de filho - Reprodução/Redes sociais
Mulher relata agressões do marido em bilhete na matrícula de filho Imagem: Reprodução/Redes sociais

Aliny Gama

Colaboração para Universa, em Maceió

10/02/2021 07h46Atualizada em 19/02/2021 11h26

Uma mulher, de 28 anos, pediu ajuda relatando agressões físicas cometidas pelo seu companheiro em um bilhete entregue no meio de documentos do filho do casal durante a matrícula escolar do menino, realizada na tarde de segunda-feira (8), na escola estadual Laura Dantas, localizada no Cepa (Centro Educacional de Pesquisa Aplicada), no bairro do Farol, em Maceió.

A Polícia Militar foi acionada pela direção da escola, e o homem foi preso em flagrante por violência doméstica. O caso ocorreu por volta das 13h de ontem.

O bilhete traz a seguinte mensagem: "Por favor, me ajude. Estou sendo espancada. Não posso falar. Estou com hematomas na perna e meu filho foi seriamente sofrido (sic) por psicológico. Ele me bateu com o facão. Me ajude, ele não me deixa falar, me ameaça toda hora. Não consigo mais ficar calada, eu me cansei. Não me ignore."

A mulher entrou na escola junto com o filho, e o homem ficou na porta. Ela entregou o bilhete junto com a documentação à servidora do estado, que saiu e foi até a direção. Imediatamente, a direção da escola acionou a equipe de Policiais Militares do Batalhão de Polícia Escolar, que estava no Cepa. Os policiais prenderam o investigado do crime ainda na calçada da escola e ele não esboçou reação.

A mulher contou que nos últimos dias tinha sido espancada pelo companheiro, inclusive com uso de um facão, e que tudo ocorreu na presença do filho do casal, que segundo ela, está traumatizado. Ela afirmou ainda que sofria agressões físicas e era ameaçada constantemente para não procurar a polícia.

Mas ontem, não aguentando mais um espancamento, resolveu escrever o bilhete à mão e teve a ideia de entregar junto dos documentos do filho na escola. Ela disse que o companheiro a acompanhou até a escola e, no caminho, outras agressões e ameaças ocorreram.

A mulher apresentava escoriações e hematomas pelo corpo. Ela se submeteu a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, do bairro do Tabuleiro do Martins. O laudo será entregue à delegacia da mulher, onde as investigações do caso seguirão.

Depois de ser detido, o investigado foi levado para a Central de Flagrantes do bairro Gruta de Lourdes. Ele está preso aguardando audiência de custódia. Ele não constituiu advogado e deve ser assistido por um defensor público. O caso foi repassado para a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), e uma medida protetiva está sendo providenciada para proteger mãe e filho.

A Seduc (Secretaria de Estado da Educação) informou que não repassará informações porque o caso corre em sigilo para preservar a identidade do estudante e da mãe dele.

Como denunciar

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.