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SC: adolescente morreu estrangulada, indica MP; suspeito será internado

Ana Kemilli foi encontrada sem vida e amarrada em árvore em Campo Belo do Sul - Arquivo Pessoal
Ana Kemilli foi encontrada sem vida e amarrada em árvore em Campo Belo do Sul Imagem: Arquivo Pessoal

Luan Martendal

Colaboração para o UOL, em Florianópolis (SC)

12/02/2021 20h01Atualizada em 13/02/2021 16h07

A adolescente Ana Kemilli, 14, morreu por estrangulamento, segundo informou na sexta-feira o Ministério Público de Santa Catarina. Ela foi encontrada amarrada em uma árvore na tarde de quarta-feira (10) em Campo Belo do Sul, na Serra Catarinense.

A Justiça determinou a internação provisória do adolescente de 15 anos suspeito de participação no crime, que deve ser levado ao Dease (Centro Socioeducativo Regional de Lages). A internação do adolescente foi pedida pela Polícia Civil e Ministério Público depois que o suspeito confirmou, em depoimento ter participado do crime.

De acordo com o delegado Thiago Gomez, que lidera as investigações do caso, testemunhas viram o menino com a garota momentos antes do desaparecimento dela. O adolescente confirmou à polícia que esteve com a vítima e que participou do assassinato. Segundo a polícia, ele não agiu sozinho e pelo menos um adulto também é suspeito.

"Nós já descobrimos o envolvimento de um maior de idade na morte de Ana Kemilli, mas não podemos passar mais informações para não prejudicar as investigações", afirma o delegado. De acordo com as medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente para casos como esse, onde ainda não há sentença, o prazo de internação provisório inicial pode ser determinado pelo prazo máximo de 45 dias.

Entenda o caso

Ana Kemilli, de 14 anos, foi encontrada morta amarrada em uma árvore em Campo Belo do Sul, na Serra Catarinense, na quarta-feira (10). A suspeita é de que a garota tenha sido vítima de feminicídio.

Ela estava desaparecida desde segunda-feira e as buscas começaram por volta das 19h de terça, quando uma equipe do 5º Batalhão de Bombeiros Militar de Lages foi acionada para encontrá-la no interior do município, nas proximidades de onde ela morava.

Segundo os Bombeiros, a mãe relatou que a garota saiu para levar uma amiga em casa e não voltou mais.

A procura pela adolescente se estendeu durante toda a terça-feira e o ponto de partida das buscas foi um chinelo que Ana usava quando desapareceu. Os bombeiros e policiais militares percorreram cerca de 12 quilômetros em mata fechada e densa nas proximidades em que o objeto foi achado.

O corpo da adolescente foi encontrado por moradores da comunidade amarrado a uma árvore e coberto com vegetação.

Feminicídio

O feminicídio é o assassinato de uma mulher pelo fato de ela ser mulher. É um crime motivado por ódio, desprezo ou sentimento de perda do controle e da "posse" que o agressor acredita ter sob a vítima.

Nem todo assassinato de mulher é um feminicídio, pois há aqueles que acontecem durante um assalto, por exemplo. Por isso, quando se destaca um feminicídio não é o fato apenas de uma mulher ter sido assassinada, mas sim nas circunstâncias descritas no Código Penal. A pena para feminicídio é maior, de 12 a 30 anos de prisão para o autor, como nos homicídios qualificados. Nos casos de homicídio simples a pena é de seis a 20 anos de prisão.

Geralmente, a mulher perde a vida em uma situação de violência doméstica, mas o crime também pode acontecer em espaços públicos. Esta definição consta na Lei do Feminicídio, sancionada em 2015, que passou a determinar a pena específica para esse crime.

Em 2019, foram registrados 1.326 casos de feminicídio no Brasil, e em 90% desses homicídios o autor foi um companheiro ou ex-companheiro da vítima. E quase 60% de todos esses crimes aconteceram dentro de casa. No primeiro semestre de 2020, o número de feminicídios chegou a 648, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.