Professor é condenado à prisão no CE após denúncias de abusos contra alunas
Após vítimas denunciarem em redes sociais casos de crimes sexuais, um professor foi condenado a 67 anos de prisão por estupro de vulnerável no município de Ocara (CE), a 160 km de Fortaleza. De acordo com a Justiça do Ceará, Jozinaldo Oliveira Santos praticava atos considerados libidinosos na época em que as vítimas eram crianças e adolescentes. A maioria dos crimes aconteceu no ambiente escolar onde ele trabalhava como professor de Matemática e de Educação Física.
De acordo com o Ministério Público do Ceará, órgão responsável por apresentar o caso para o Poder Judiciário, a primeira denúncia contra o homem surgiu em julho de 2020 por meio de uma página no Instagram chamada @expondoocara, quando uma das vítimas relatou o caso de abuso sexual em que sofreu na época de escola.
"Iniciou de forma despretensiosa. A denúncia não informava o nome do autor do crime. Foi aí que entramos em contato com a vítima por meio desta página e instauramos um inquérito para investigar o caso", explica o promotor Antônio Forte.
Outras vítimas surgiram e relataram os casos de abusos para o Ministério Público. "Ela (a primeira vítima) disse que outras colegas dela tinham sido vítimas desse professor, mas tinham medo de denunciar. A partir desse primeiro passo que ela deu, as outras vítimas se encorajaram e denunciaram os seus casos", detalha Antônio Forte.
Ao todo, seis alunas protocolaram uma denúncia contra o professor. No entanto, o promotor ressalta que o número de vítimas é ainda maior.
"Algumas delas foram apenas atendidas por psicólogos. Por serem casadas, não queriam se identificar. Por isso, elas foram só apoiadas emocionalmente", explicou o promotor.
De acordo com as investigações, o professor já cometia crimes sexuais desde 2005 e pelo menos até 2019. A maioria dos casos aconteceu no ambiente escolar.
"Ele se aproveitava dos momentos a sós com algumas alunas. Na verdade, ele criava esses momentos e cometia abusos sexuais. As vítimas que tinham às vezes de 9 a 10 anos não sabiam muito bem o que estava acontecendo. Temos casos de alunas que desistiram até de estudar após sofrer o abuso", comenta.
Jozinaldo Oliveira já estava preso de forma preventiva desde outubro. Na decisão do Poder Judiciário do Ceará, o professor foi condenado pela "prática de ato libidinoso com menor de 14 anos" e também por exercer papel de "autoridade sobre a vítima". Além disso, teve a pena aumentada por se tratar de vários crimes dolosos cometidos contra diferentes vítimas.
A violência sexual contra a mulher no Brasil
No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.
Como denunciar
Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.
Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.
Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.