Erica Malunguinho sobre morte de trans em SP: "Silicone é questão de saúde"
Lorena Muniz tinha 25 anos e veio do Recife para São Paulo, na semana passada, para realizar o sonho de colocar próteses mamárias. Ela, porém, acabou morrendo dias depois, após ter sido deixada sedada, na sala de cirurgia, inalando fumaça, enquanto um incêndio atingia a clínica, em São Paulo.
A jovem passou cinco dias internada em estado grave no Hospital das Clínicas até ter a morte cerebral confirmada ontem.
A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) acompanhou de perto os desdobramentos do caso e prestou apoio para que o marido de Lorena, Washington Barbosa, viajasse para São Paulo (ele estava no Recife e passou dias sem notícias da mulher).
A Universa, Malunguinho lembrou que o caso de Lorena não é isolado, e reforçou que a cirurgia para implante de próteses mamárias, para mulheres trans, vai muito além da estética.
"Não se trata de um procedimento estético"
"O que aconteceu com Lorena faz parte da trágica realidade que pessoas trans enfrentam. Muitas de nós se submetem a esses procedimentos atraídas pelo baixo custo. É muito importante saber que não se trata de um procedimento estético, mas de saúde, porque faz com que nosso corpo se encontre com a nossa identidade de gênero", diz Malunguinho.
A deputada diz que o procedimento de implantes de próteses mamárias é oferecido pelo SUS [Sistema Único de Saúde], mas defendeu que o programa precisa ser ampliado e a fiscalização de clínicas como a que Lorena estava internada deve ser mais rigorosa.
"O SUS oferece parte dos procedimentos do processo transexualizador, mas é importante avançar nessas políticas, e garantir que haja fiscalização dos órgãos competentes em relação a clínicas que não tem registro para funcionamento, instalações muitas vezes precárias, profissionais não habilitados", pede a deputada estadual.
Malunguinho lembra, ainda, que esta não é uma questão que atinge apenas a população trans, e prometeu ajudar Washington, marido de Lorena, a "pensar estratégias possíveis para que as pessoas culpadas sejam imediatamente responsabilizadas".
Entenda o caso
Segundo Washington Barbosa, informou nas redes sociais, Lorena veio a São Paulo com uma amiga para realizar o procedimento, que era seu maior sonho. Durante a cirurgia, na última quarta-feira, ela chegou a receber anestesia e estava deitada na maca quando um curto-circuito atingiu a clínica Saúde Aqui, na Liberdade, região central de São Paulo.
Washington só soube do ocorrido dois dias depois, ao ver circulando nas redes sociais o vídeo de profissionais de saúde correndo para fora da clínica enquanto Lorena era deixada na sala de cirurgia. A cena foi publicada pela vereadora Érika Hilton (PSOL-SP) e pela deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP), cujos gabinetes estão prestando apoio ao marido da vítima.
O gabinete de Malunguinho informou em nota que, segundo o marido de Lorena e testemunhas que estavam com ela no dia da cirurgia, a jovem só foi socorrida com a chegada dos Bombeiros, que a levaram ao hospital.
Lorena morreu no pronto-socorro do Hospital das Clínicas, onde estava internada em estado grave desde a cirurgia.
Segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), a clínica Saúde Aqui tem alta procura justamente por conta das longas filas de espera para a realização deste procedimento pelo SUS, e pelo preço relativamente acessível.
No Instagram, o marido de Lorena, Washington, disse que ela desembolsou R$ 4.000 para realizar o sonho de colocar próteses mamárias. "R$ 4.000 reais. A vida de Lorena valeu R$ 4.000 reais, minha gente", disse, chorando, ao anunciar a morte da esposa.
Universa tentou contato com a clínica Saúde Aqui por telefone, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
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