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"Só pensei na minha filha", diz mulher que expulsou invasor de casa

Mulher tem casa invadida por desconhecido enquanto gravava vídeo de dança - Reprodução/Facebook
Mulher tem casa invadida por desconhecido enquanto gravava vídeo de dança Imagem: Reprodução/Facebook

Ana Bardella

De Universa

24/02/2021 10h57

Um vídeo caseiro da técnica de enfermagem Ângela Gonçalves, 39 anos, viralizou na na última quarta-feira (17). Ela estava dançando na sala de casa, em Paranaguá (PR), quando foi surpreendida com um homem invadindo a propriedade e tentando atacá-la. No momento da invasão, ela reagiu e conseguiu expulsá-lo a chutes e socos.

Como a câmera do celular permaneceu ligada durante o crime, Ângela conseguiu utilizar as imagens como prova quando foi à delegacia Delegacia Cidadã de Paranaguá, dois dias depois, denunciar o ocorrido. O ato foi denunciado como atentado violento ao pudor e está sendo investigado. O homem ainda não foi identificado e nem localizado.

O vídeo postado por ela no Facebook teve 21 mil compartilhamentos e, em pouco tempo, foi reproduzido em diversos portais de notícias. A seguir, ela conta a Universa detalhes do que aconteceu.

"Não dei liberdade para ninguém entrar na minha casa"

Angela Maria expulsou um invasor de casa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Angela Maria expulsou um invasor de casa
Imagem: Arquivo pessoal

Ângela relembra que costuma postar em redes sociais, como Instagram, Facebook e TikTok vídeos dançando. "Eu monto coreografias, surfo, jogo futebol. Faço tudo isso por hobbie", explica. Na ocasião, estava na sala de casa gravando. "A porta da estava parcialmente fechada. Costumo deixar assim para dificultar a visão de quem passa na rua. Como o vidro é fumê, não é possível enxergar do lado de fora exatamente o que estão fazendo do lado de dentro", explica.

Na filmagem, é possível ver o homem empurrando o portão e entrando devagar na propriedade. "Minha cachorra é meiga, dócil. Tudo aconteceu muito rápido, então ela nem reagiu", comenta.

Ela relembra o que sentiu no momento em que se deparou com um estranho no cômodo. "No primeiro instante ele veio na minha direção, sorriu para mim. Pensei que se tratava de um conhecido. Mas na hora em que percebi que ele estava vindo me abraçar, avançando, sentei a mão nele sem querer saber. Não dei liberdade para ninguém entrar na minha casa", relembra.

E como conseguiu reagir de forma tão veemente? "Nem eu sei explicar a minha reação, a ausência do medo. Foi uma defesa de quem é mãe, de quem sabia que tinha uma filha de 11 anos na cozinha e não poderia deixar nada de ruim acontecer com ela. Acho que até se ele estivesse armado eu teria reagido", reflete.

Medo e insegurança

Ângela, que é casada, conta que no momento em que a invasão aconteceu, seu marido estava trabalhando na loja de autopeças da família. "Imediatamente liguei para ele, que veio para cá e rodou pelo bairro de moto, tentando localizar o homem. Mas como ele desapareceu, meu marido voltou para casa, me fez um café e conseguiu me acalmar", diz. No mesmo dia, a técnica de enfermagem entrou no site da polícia civil com o intuito de registrar o crime, mas teve dúvidas na hora de preencher o formulário online.

"Não encontrei um tipo de crime que fosse condizente com o que aconteceu. Havia a opção de violência doméstica, por exemplo, mas sabia que não era bem isso". Então, ligou na delegacia e foi informada de que poderia fazer a queixa posteriormente, uma vez que tinha em mãos o vídeo com o registro do crime. "No dia seguinte, trabalhei até depois do fechamento da delegacia, então só consegui ir dois dias depois que tudo aconteceu. Mas fui bem atendida, na mesma hora foi aberto um inquérito", diz.

Segundo ela, o medo agora é grande. "Ainda estou assustada. Como aqui é muito quente e não temos ar condicionado, costumamos deixar as janelas abertas. É uma cidade pacata e nunca soubemos de um caso parecido. No entanto, agora, já estamos nos organizando para trocar o portão por um eletrônico e pensando na instalação de câmeras para aumentar a segurança. São coisas que nem temos condições financeiras de fazer agora, mas precisamos".

Quando questionada sobre as motivações para postar o vídeo, Ângela é direta: "Minha intenção é alertas as mulheres. É só ver a forma como ele chegou, tentando me abordar, sorrindo, de mansinho. Mas é claro que não foi lá para tomar um cafezinho. Se ele conseguisse me conter, não teríamos como medir forças. O alerta é para que as mulheres denunciem, não tenham vergonha".

Ela relembra que tem sofrido críticas de pessoas duvidando da veracidade das gravações. "Já li por aí que se trata de uma simulação. Isso me indigna, me irrita. Se fosse mentira, não teria procurado a polícia, soltado a cara dele por aí, para todo mundo ver. Eu sou a vítima. Denunciar dá uma sensação de dever cumprido, por que não somos objetos sexuais de ninguém. Ninguém pode nos tocar sem a nossa permissão. Isso vale para o uber, para o encontro do site de relacionamento, para o ponto de ônibus e para todas as situações que as mulheres já estão cansadas de saber que correm perigo", diz.