Conheça Anne Frank, que virou um dos assuntos mais comentados no Twitter
O Twitter amanheceu neste domingo (7) com o nome da adolescente judia Anne Frank entre os assuntos mais comentados da rede. Entre os posts, perfis perguntando quem foi a jovem, que morreu num campo de concentração nazista, deixando sua experiência registrada num diário.
Ao mesmo tempo em que sua identidade é questionada, Anne teve ainda o nome envolvido numa polêmica esta semana: um jornal canadense deletou um artigo comparando o lockdown decretado para conter o avanço da covid-19 aos anos que a pré-adolescente judia se escondeu dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
No texto publicado no The Globe and Mail, na última quarta-feira, Debra Dolan escreveu no título de seu artigo que estava "canalizando o espírito de Anne Frank no lockdown". Depois, o alterou para "Lições de vida de Anne Frank".
No texto, Dolan disse que à medida que seu cansaço no combate à covid-19 levou seu melhor últimas semanas, começou a se questionar o que Anne faria, ou como Anne descreveria esse cenário e como lidaria com tudo isso.
O artigo causou uma reação generalizada no Twitter. Usuários acharam injusta a compração entre o lockdown e o confinamento de Anne junto a sua família e amigos. O Globe and Mail então excluiu o artigo, e tuitou um pedido de desculpas no dia seguinte.
Da Alemanha para Holanda, e diário de presente
Anne nasceu na Alemanha em 1929. Seu verdadeiro nome era Annelies Marie, mas todos em sua família a chamavam carinhosamente de "Anne". Ela era a segunda filha do casal Otto e Edith Frank. Sua irmã, Margot, era quatro anos mais velha.
O pai era um homem de negócios e um oficial condecorado que lutou no exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1934, quando o nazismo fez aumentar as perseguições aos judeus na Alemanha, a família mudou-se para Amsterdã, na Holanda.
Em maio de 1940, a Alemanha nazista invadiu e ocupou a Holanda. Sob a ocupação nazista, os judeus que viviam naquele país passaram a ser alvo de leis segregacionistas. Crianças judias ficaram proibidas de estudar nas mesmas escolas onde estudavam crianças não-judias.
No dia 12 de junho de 1942, quando completou 13 anos, Anne Frank ganhou de presente de seu pai um livro para autógrafos, e ela começou a usá-lo como diário.
Um mês após seu aniversário, sua família recebeu a notícia de que seria obrigada a se mudar para um campo de trabalhos forçados. Para fugir desse destino, seus membros foram para um esconderijo no prédio onde funcionava o escritório do pai.
Mais famílias chegam ao esconderijo
O prédio comercial onde Anne e sua família se esconderam tinha dois andares, com escritórios, um moinho e depósitos de grãos. O espaço onde ficaram onsistia em alguns cômodos num anexo que ficava nos fundos do prédio. Para disfarçar o esconderijo, uma estante de livros foi colocada na frente da porta que dava para o anexo.
No final de julho daquele ano, outros judeus buscaram abrigo no mesmo esconderijo: a família van Pels, que era composta por Hermann, o sócio de Otto Frank, sua esposa, Auguste, e o filho Peter, um jovem de dezesseis anos. Em novembro, um amigo judeu da família de Anne também passou a morar no esconderijo: o dentista Fritz Pfeffer. Eles recebiam ainda ajuda de amigos, que levavam alimentos ao local.
Toda a rotina dessas pessoas foi descrita no diário de Anne. Ela relatou, por exemplo, os dias em que passavam medo quando escutavam movimentações do lado de fora do anexo e até bombas lançadas na cidade pelos alemães. Também não se podia fazer barulhos, e, durante o dia, quando o armazém funcionava na parte inferior do prédio, nem mesmo as torneiras do anexo poderiam ser abertas. O rádio e os poucos amigos da família que tinham acesso ao anexo eram os únicos meios de informação do mundo externo.
Na manhã de 4 de agosto de 1944, a polícia nazista invadiu o esconderijo, cuja localização foi descoberta por um informante que jamais foi identificado. Todos os refugiados foram colocados em caminhões e levados para interrogatório. Dois integrantes do grupo que ajudava a família, Miep Gies e Bep Voskuijl, foram descobertos, mas liberados. Eles voltaram ao esconderijo onde encontraram os papéis de Anne espalhados no chão e diversos álbuns com fotografias da família. A dupla reuniu esse material e o guardou na esperança de devolver à Anne depois que a guerra terminasse.
Memórias publicadas em 1947
Anne Frank e sua família foram mandadas para o campo de Auschwitz, na Polônia. Mais do que um campo de concentração, era também um campo de extermínio. Idosos, crianças pequenas e todos aqueles que fossem considerados inaptos para o trabalho eram separados do demais para serem exterminados de imediato.
No dia 28 de outubro, Anne, Margot e a senhora van Pels foram transferidas para um outro campo, localizado em Bergen-Belsen, na Alemanha. A mãe, Edith, foi deixada para trás, permanecendo em Auschwitiz. Em março de 1945, uma epidemia de tifo se espalhou pelo campo de Bergen-Belsen. Estima-se que cerca de 17 mil pessoas morreram por causa da doença. Entre as vítimas estavam Margot e Anne, que morreu com apenas 15 anos de idade, poucos dias depois de sua irmã ter morrido. Seus corpos foram jogados numa pilha de cadáveres e então cremados.
Otto Frank foi o único membro da família que sobreviveu e voltou para a Holanda. Ao ser libertado, soube que a esposa havia morrido e que as filhas haviam sido transferidas para Bergen-Belsen. Ele ainda tinha esperança de reencontrar as filhas vivas. Em julho de 1945, a Cruz Vermelha confirmou as mortes de Anne e Margot. Foi então que Miep Gies entregou para Otto Frank o diário que Anne havia escrito. Otto mostrou o diário à historiadora Annie Romein-Verschoor, que tentou sem sucesso publicá-lo. Ela o mostrou ao marido, o jornalista Jan Romein, que escreveu um texto sobre o diário de Anne. O diário foi finalmente publicado pela primeira vez em 1947, sob o título "O diário de Anne Frank".
Atualmente, o local onde Anne e sua família esconderam-se transformou-se em um dos pontos turísticos mais visitados de Amsterdã. O imóvel foi restaurado para manter-se a aparência próxima à original. A Casa de Anne Frank, em Amsterdã, está localizada na rua Prinsengraght, 263, mesmo local onde ficava o anexo secreto. O diário original de Anne também está exposto no local.
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