No Dia da Mulher, vereadora sofre ataque machista de colega no ES
Durante sessão ordinária realizada na Câmara de Vitória, no Espirito Santo, na tarde desta segunda-feira (08), a vereadora Camila Valadão (PSOL) recebeu críticas por causa de sua roupa, enquanto presidia o plenário a convite do presidente da Casa (Davi Esmael). Vídeos que mostram o momento em que o politico Gilvan da Federal (Patriota) questiona a formalidade da blusa usada por Camila, já circulam nas redes sociais.
"Na minha opinião, a vereadora não está com traje formal para a sessão", disse o político. Em entrevista para Universa, Camila Valadão afirmou que aquela não teria sido a primeira vez que usou tal blusa no plenário e que nunca havia recebido questionamentos sobre a formalidade da mesma até então.
"A intervenção do vereador aconteceu logo depois que eu e a minha colega Karla Coser assumimos o comanda da Mesa Central a convite do presidente da Casa, como um gesto simbólico do Dia da Mulher", comenta Camila, que foi a segunda vereadora com mais votos da última eleição. Ela também é a primeira mulher negra a ser eleita na capital capixaba.
Além de questionar a roupa da vereadora, Gilvan também criticou o adesivo de "Fora Bolsonaro" usado pela colega de plenário - vale ressaltar que o político usava uma máscara estampada com o rosto do presidente no momento em que fez o questionamento de ordem.
"Cheguei a olhar para a minha roupa e me questionar"
"Após ouvir as críticas, fiquei assustada, porém decidi responder os questionamentos dele. A gente não deixa de se chocar e se indignar com esses ataques - mas que bom que ainda não os naturalizamos", conta Camila para a reportagem. Ao comentar sobre o episódio, ela relembra detalhes do debate. "Nesse dia, iniciei os trabalhos desejando 'bom dia a todes' e ele (Gilvan) ficou muito incomodado com isso, porque já estava havendo uma discussão política a respeito do uso de pronomes neutros em cartilhas das escolas públicas de Vitória", comenta.
Camila disse que, por alguns segundos, chegou a se questionar sobre a escolha da roupa: "Na hora cheguei a olhar para minha roupa, me questionar - culpa de um sentimento arraigado do machismo, mas logo percebi que ele estava tentando me expor. Na minha opinião, ele ficou incomodado com o fato de duas mulheres estarem assumindo a Casa".
A vereadora disse que ainda está avaliando se rebaterá a acusação com alguma medida legal. "Tenho certeza que sofri violência de gênero. Primeiro pelo jeito como o questionamento foi feito, de uma maneira autoritária. Depois pela crítica direcionada a minha roupa. Digo mais, o ataque não foi só para a minha vestimenta. Foi uma tentativa de desautorizar o nosso jeito de fazer política pelo que nós vestimos".
"Não foi um ataque, foi um questionamento"
Universa conversou com o gabinete do Gilvan da Federal que assegurou que o comentário do vereador não teve fundamento sexista, mas que, na verdade, foi um questionamento de ordem envolvendo a formalidade e os padrões de vestimenta que regem a Câmara.
Quando a reportagem expos o fato da vereadora já ter usado a mesma blusa anteriormente em plenário, e que essa teria sido a primeira vez que alguém questionou a formalidade da mesma, a assessoria de Gilvan disse que as críticas só foram feitas na segunda-feira (8) porque ambos os parlamentares se sentaram um na frente do outro, dando a oportunidade do vereador reparar na roupa da colega.
A assessoria de Gilvan adiantou também que nesta quarta-feira o vereador apresentará um projeto de lei na Câmara de Vitória para proibir o uso de linguagem neutra nas escolas capixabas.
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