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Médium Paulinho de Deus é preso suspeito de estupro; há mais 2 denúncias

O médium Paulo Roberto Roveroni  - Reprodução/Redes Sociais
O médium Paulo Roberto Roveroni Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Simone Machado

Colaboração para Universa

09/03/2021 13h52

O médium e diretor da Associação Espírita Beneficente Paulo de Tarso, Paulo Roberto Roveroni, conhecido como Paulinho de Deus, foi preso preventivamente suspeito de estupro de vulnerável, em Catanduva, cidade a 390 km de São Paulo. A prisão aconteceu na quinta-feira (4) em cumprimento de mandado de prisão com base em um inquérito policial da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher).

De acordo com a Polícia Civil o inquérito que investiga o médium é baseado na denúncia de uma mulher, hoje com 25 anos, de ter ter sido abusada pelo homem desde a infância. Depois da prisão de Paulo, na semana passada, a reportagem apurou que outras duas mulheres procuraram a DDM da cidade para relatar supostos abusos sofridos e denunciar o médium.

O caso veio à tona depois que a mãe, junto com a filha que teria sido uma das vítimas, procuraram a polícia para relatar o suposto estupro. Segundo a mulher, que por segurança pediu para não ter a identidade divulgada, a filha sofreu abusos sexuais do médium dos 3 aos 23 anos.

"O Paulo era uma pessoa considerada de bem e eu jamais desconfiei de qualquer coisa. Minha filha sempre teve muitos problemas psicológicos, era uma menina sem amigos e ficava muito retraída e eu não entendia o motivo. Há um ano ela começou a fazer acompanhamento psicológico e foi depois disso que conseguiu me contar tudo o que havia acontecido durante esses 20 anos", conta a mãe.

Ainda segundo a mulher, o médium teria dito à menina que os atos eram processos de cura espiritual.

"Ele dizia que precisava fazer aquilo para que ela [a filha] fosse curada, porque havia espíritos ruins tentando influenciá-la", explica a mãe.

Paulo foi preso por policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Catanduva. Ele está na cadeia da cidade aguardando transferência para o presídio de Céu Azul (PR).

Por se tratar de caso de estupro de vulnerável, a Polícia Civil não deu detalhes sobre as investigações.

O que diz a defesa

A defesa de Paulo afirmou em nota a Universa que as acusações contra o médium são infundadas e não retratam a realidade dos fatos.

"Em relação à prisão de Paulo Roberto Roveroni, tem-se que, em que pese ele estar preso preventivamente, não há elementos, por ora, que possam imputar a ele a prática de qualquer crime. As acusações que fizeram contra a pessoa de Paulo Roberto Roveroni, além de infundadas, não retratam a realidade dos fatos. No deslinde da ação penal, será demonstrado, através de provas documentais e testemunhais que referidas acusações foram realizadas com o objetivo de manchar a reputação de Paulo e do Centro Espírita Paulo de Tarso", diz o comunicado.

"Por fim, Paulo Roberto Roveroni e a Associação Espírita Beneficente Paulo de Tarso, por meio de seus procuradores, já alertam que, em caso de compartilhamento de mensagens que desmoralizam Paulo e a Associação medida judiciais serão tomadas no âmbito cível e, principalmente, penal", conclui a nota.

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.

Como denunciar

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.