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Moradora de rua tem 70% do corpo queimado em ataque; companheiro é preso

Suspeito acompanhou a vítima durante atendimento inicial e disse que teria ocorrido um acidente, mas a mulher conseguiu informar aos agentes que ele teria sido o responsável pelo caso - Getty Images/iStockphoto
Suspeito acompanhou a vítima durante atendimento inicial e disse que teria ocorrido um acidente, mas a mulher conseguiu informar aos agentes que ele teria sido o responsável pelo caso Imagem: Getty Images/iStockphoto

Júlia V. Kurtz

Colaboração para Universa, em Passo Fundo (RS)

09/03/2021 16h50

Uma moradora de rua de 36 anos ficou com o corpo 70% queimado após ter sido ateada fogo. O caso ocorreu na tarde de ontem, em Inhumas (GO), na região metropolitana de Goiânia. O companheiro dela, de 52 anos, é o principal suspeito do crime e foi preso em flagrante.

De acordo com informações da Polícia, a vítima foi encontrada na área central da cidade, próxima a uma igreja, e foi socorrida por outras pessoas que passavam pelo local e tentaram apagar o fogo. O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou a vítima para a UPA (Unidade de Pronto Socorro).

O suspeito acompanhou a vítima durante o atendimento inicial e disse que teria ocorrido um acidente, mas a mulher conseguiu informar aos agentes que ele teria sido o responsável pelo caso. O companheiro foi preso em flagrante pela Polícia Militar, acusado de tentativa de feminicídio e encaminhado ao presídio da região.

Depois de receber os primeiros socorros, a vítima foi transferida para o Hospital de Urgência Governador Otávio Lage, em Goiânia. Ela sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus. No boletim de informações mais recente, divulgado na manhã de hoje, a unidade aponta que ela está em estado regular, consciente e respirando normalmente.

A Polícia Civil, que investiga o caso, ainda não sabe a motivação do crime, mas testemunhas afirmaram aos policiais que o casal possuía uma relação difícil e costumava beber em excesso. A identidade dos envolvidos não foi revelada.

Feminicídio

O feminicídio é o assassinato de uma mulher pelo fato de ela ser mulher. É um crime motivado por ódio, desprezo ou sentimento de perda do controle e da "posse" que o agressor acredita ter sob a vítima.

Nem todo assassinato de mulher é um feminicídio, pois há aqueles que acontecem durante um assalto, por exemplo. Por isso, quando se destaca um feminicídio não é o fato apenas de uma mulher ter sido assassinada, mas sim nas circunstâncias descritas no Código Penal. A pena para feminicídio é maior, de 12 a 30 anos de prisão para o autor, como nos homicídios qualificados. Nos casos de homicídio simples a pena é de seis a 20 anos de prisão.

Geralmente, a mulher perde a vida em uma situação de violência doméstica, mas o crime também pode acontecer em espaços públicos. Esta definição consta na Lei do Feminicídio, sancionada em 2015, que passou a determinar a pena específica para esse crime.

Em 2019, foram registrados 1.326 casos de feminicídio no Brasil, e em 90% desses homicídios o autor foi um companheiro ou ex-companheiro da vítima. E quase 60% de todos esses crimes aconteceram dentro de casa. No primeiro semestre de 2020, o número de feminicídios chegou a 648, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Como denunciar

Já sofreu uma agressão e quer denunciar? Registre um Boletim de Ocorrência por violência doméstica em qualquer delegacia. Se puder, procure uma delegacia da mulher, especializada neste tipo de caso.

Conhece uma mulher em situação de perigo? Ligue para 180. O canal do governo federal funciona 24 horas, incluindo sábados, domingos e feriados. A ligação é anônima e a central dá orientações jurídicas, psicológicas e encaminha o pedido de investigação a órgãos de defesa à mulher, como o Ministério Público.

Em casos de emergência, é possível telefonar para 190 e acionar a polícia.