MP investiga adesivo ofensivo de motoristas de app: 'Aceitamos xerecard'
Passageiras que utilizam aplicativos de transporte nos municípios de Marabá e Parauapebas, no sudeste do Pará, registraram imagens de veículos com adesivos contendo os dizeres "aceitamos xerecard", insinuando o pagamento do serviço em troca de relações sexuais. A frase é de uma letra de funk e as imagens viralizaram nas redes sociais.
O caso chegou ao Núcleo de Prevenção à Violência Contra a Mulher do Ministério Público, que abriu uma investigação para apurar os fatos e chamou os representantes de todos os aplicativos de transporte que atuam nas duas cidades para pedir explicações, bem como medidas punitivas aos motoristas que estivessem usando o adesivo nos carros.
A Promotoria de Justiça de Marabá expediu ainda uma recomendação às empresas solicitando que notifiquem os motoristas cadastrados para retirarem o adesivo com a frase sexista. "Eles (motoristas) não assumiram que estavam utilizando o adesivo, até porque isso gerou uma repercussão muito negativa. Mas os aplicativos se dispuseram a mostrar que não apoiam esse tipo de conduta sexista, machista", disse a promotora de justiça de Marabá, Paula Gama.
Ainda segundo a promotora, não foi possível identificar quem são e quantos motoristas estavam usando o adesivo no veículo, pois muitos trabalham para mais de um aplicativo, e quando tiveram a informação, é provável que os que usavam tenham retirado.
"Temos a confirmação de que aconteceu não só pela foto, mas por passageiras que denunciaram a conduta. Uma brincadeira machista, sem graça", diz a promotora. O adesivo teria sido aplicado em pelo menos dois veículos.
Gama explica que, nesses casos, foi possível coibir no início evitando a propagação da prática, que infelizmente já é comum nas redes sociais. "Inclusive em uma busca na internet, encontramos pessoas vendendo esses adesivos. Absurdo isso", reclama.
Denúncia
A promotora de justiça reforça que qualquer passageira que passe por situação semelhante deve primeiro denunciar o caso à plataforma para que fique registrado.
"Inclusive sugerimos às empresas que colocassem nos contratos com os motoristas que em casos de má conduta, que houvesse penalidades, dependendo do grau da conduta praticada", informa.
Ela alerta que, nesses casos, tanto motorista quanto plataforma podem ser responsabilizados.
"Cabe a avaliação de cada caso, mas no caso do motorista vejo como responsabilização criminal por crime contra a honra de todas as mulheres, podendo caber até incitação sexual. Tanto para as empresas como os motoristas também cabe dano moral, com indenização civil", alerta.
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