Filha cria perfil para esclarecer se morte da mãe foi violência e viraliza
Uma adolescente paraense criou um perfil no Instagram para esclarecer a morte da mãe, atribuída a um infarto. Em três dias de publicação, o vídeo do relato do caso já tem mais de 340 mil visualizações e passa dos 5,7 mil comentários.
Em 12 minutos, a filha — cujo nome será mantido em sigilo — relata o que a levou a desconfiar do motivo atribuído à morte da mãe, a gestora de projetos Sandra Xavier, 47 anos, ocorrido em 25 de janeiro. Sandra morava no município de Altamira, no sudeste do Pará, com o filho de 8 anos e o marido, o eletricista Azemar Gonçalves dos Santos Júnior, 40.
A filha alega que ela sempre foi vítima de violência doméstica. No perfil, a jovem elenca vários pontos não esclarecidos sobre a morte, inclusive com um vídeo, prints e áudios de conversas que levantam a suspeita.
A adolescente estuda em Belém e conta que recebeu a notícia do falecimento através de uma pessoa da família do padrasto. De cara, achou estranha a situação repentina.
"Até então era uma morte natural, mas pelo histórico de agressão que a minha mãe já sofria a gente pediu a autópsia do corpo e bateu nisso", relata.
A Universa, ela contou que os dois estavam juntos há 10 anos e o relacionamento sempre foi conturbado.
"Ele sempre foi agressivo. Nunca foi ciumento, era agressividade mesmo, bebia. Sempre foi muito instável", conta a jovem, que afirma estar sem informações sobre o irmão, porque o padrasto a bloqueou de todos os contatos, inclusive do celular da criança.
Conversas com a mãe também a fizeram duvidar da sua morte natural. "Tenho conversas com a minha mãe dizendo que ela já estava separada dele desde o dia 1º (de janeiro)."
Ao chegar à cidade para o velório, a jovem foi procurada por um amigo de Sandra, que é proprietário de um bar à beira do rio onde o casal esteve no dia anterior à morte. Um vídeo mostra o momento em que os dois discutem.
"No vídeo, ela (a mãe) gesticula e aponta alguma coisa no celular, e ele (padrasto) joga o celular dela no rio. Perguntei sobre o celular dela e disseram que tinha sido perdido."
A filha continua e diz que ouviu relatos de funcionários do restaurante sobre as discussões do casal. "Tenho provas e testemunhas de horas antes dela morrer, onde uma garçonete presenciou uma discussão entre eles, com agressões verbais e xingamentos. Ela (mãe) disse que ia se separar, que não queria mais", disse a jovem à reportagem.
Na volta para casa em Altamira após o sepultamento da mãe, e de posse das informações colhidas, a filha resolveu olhar o computador de Sandra em busca de algum dado que pudesse esclarecer suas suspeitas, ação que o padrasto tentou impedir. "Fui agredida por ele e pela irmã dele e ainda ameaçaram meu namorado. Fui expulsa da minha própria casa por ele (padrasto)", relatou.
A jovem então procurou a polícia para registrar ocorrência sobre as agressões e sobre a suspeita de que a mãe não havia morrido de causa natural. Na delegacia, apresentou o vídeo do restaurante e informou sobre as testemunhas que presenciaram a discussão do casal.
"Não estamos acusando ninguém, só quero a exumação do corpo e a resposta. Há dois meses (quando Sandra morreu) não queríamos fazer isso, mas como as informações estão dispersas, mentiras foram contadas, não teve outra saída senão ir para a mídia para ver se a gente conseguia (esclarecer a morte)", defende.
Em nota a Polícia Civil, através da Superintendência Regional do Xingu e Delegacia de Homicídio, informou que a apuração foi concluída e encaminhada para os órgãos competentes, mas não informou o resultado da apuração, nem se foi feita a exumação do corpo de Sandra Xavier.
Universa procurou o eletricista Azemar Gonçalves dos Santos Júnior, mas ele não respondeu nenhuma das tentativas de contato.
Como denunciar
Já sofreu uma agressão e quer denunciar? Registre um Boletim de Ocorrência por violência doméstica em qualquer delegacia. Se puder, procure uma delegacia da mulher, especializada neste tipo de caso.
Conhece uma mulher em situação de perigo? Ligue para 180. O canal do governo federal funciona 24 horas, incluindo sábados, domingos e feriados. A ligação é anônima e a central dá orientações jurídicas, psicológicas e encaminha o pedido de investigação a órgãos de defesa à mulher, como o Ministério Público.
Em casos de emergência, é possível telefonar para 190 e acionar a polícia.
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