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Coletivo feminino ajuda negras a desenvolverem negócios e sua comunidade

Criado em 2016, o Meninas Mahin atende 70 microempreendedoras oferencendo cursos e realizando uma feira preta na zona leste de SP - Divulgação/Agência Ophelia
Criado em 2016, o Meninas Mahin atende 70 microempreendedoras oferencendo cursos e realizando uma feira preta na zona leste de SP Imagem: Divulgação/Agência Ophelia

Deborah Bresser

Colaboração para Universa

24/03/2021 04h00

"Somos mulheres pretas, trabalhando para que mulheres pretas desenvolvam seus negócios e a comunidade do seu entorno." A definição vem de Ednusa Ribeiro, coordenadora e uma das fundadoras do Coletivo Meninas Mahin, que tem como objetivo fomentar o empreendedorismo das mulheres pretas na periferia de São Paulo. "Nosso trabalho é transformar essas mulheres em potentes gestoras de negócios", diz.

O Coletivo Meninas Mahin surgiu como extensão de um projeto chamado Itaquera Futuro, no início de 2016, onde foram desenvolvidas ações afirmativas, como oficinas de tranças e turbantes, para atender à população negra de Itaquera e de outras regiões da zona leste de São Paulo. Esse grupo foi se fortalecendo, empoderando outras artesãs, pequenas produtoras de moda, trancistas, oficineiras (oficina de boneca de tecido, de turbantes, de contação de história) e outras mulheres negras militantes e ativistas.

"Começamos com as oficinas e no final daquele ano, para comemorar o encerramento desse projeto, que era financiado pelo Instituto Camargo Corrêa, realizamos a primeira feira com a produção dessas mulheres", lembra Ednusa. A experiência trouxe a certeza de que era preciso um espaço contínuo para fortalecer o afroempreendedorismo e disseminar a cultura dos artistas locais. Nascia, em dezembro 2016, o Coletivo Meninas Mahin. "Através da feira afro, o coletivo tem o objetivo de fomentar o empreendedorismo da mulher preta e contribuir no combate às desigualdades raciais", explica a fundadora.

coletivo meninas mahin - Divulgação/Agência Ophelia - Divulgação/Agência Ophelia
Com a pandemia, a feira agora é virtual
Imagem: Divulgação/Agência Ophelia

O negócio prosperou. A feira passou a ser realizada todo segundo e terceiro sábados do mês, na praça das Professoras, na Cidade A.E. Carvalho, na zona leste de São Paulo. "Também fazemos feiras em outras regiões e chegamos a ter um público médio de 1.500 pessoas. Já fomos para o Rio e para alguns municípios da região metropolitana de São Paulo. Viramos uma feira itinerante."

Hoje são 70 mulheres, com nano e micronegócios, que participam do Meninas Mahin. Segundo ela, a maioria empreende por necessidade, e não se se vê como gestora. Para empoderá-las, o coletivo traduz para uma linguagem simples conhecimentos técnicos e acadêmicos, para que elas aprendam como gerir seus negócios. "Por exemplo, gestão de marketing social. A gente ensina a postar e usar as redes sociais, de forma prática e objetiva."

A pandemia de coronavírus também obrigou o Meninas Mahin a se reinventar. Depois de um 2019 vitorioso, com as feiras se multiplicando, 2020 chegou com a promessa de abertura da primeira loja colaborativa de negócios de impacto social, mas veio a pandemia. "Confesso que na primeira semana eu dei uma surtada, mas as coisas foram se resolvendo", lembra Ednusa.

Mas logo elas fizeram um crowdfunding e conseguiram recursos para manter que 12 microempreendedoras pudessem continuar desenvolvendo seus negócios. Essas mulheres também receberam cestas básicas e kits de higiene. O Meninas Mahin também disponibilizou cursos on-line sobre gestão de negócios, lançaram um site, investiram na produção de conteúdo mais especializado e de interesse de seu público nas redes sociais, realizaram lives e produziram feiras digitais.

Ednusa conta que, por março ser o mês do Dia da Mulher, elas fizeram uma feira virtual no dia 14, no canal do YouTube, e têm outra agendada para o próximo dia 28. A ideia é tentar fazer uma feira virtual por mês a partir de abril. "Fora a venda, o importante é continuar fazendo com que essas meninas divulguem e consolidem suas marcas", diz. "Curtam, comentem, compartilhem. Fazendo isso nas redes sociais do Meninas Mahin já vão nos ajudar muito."

Esse conteúdo é resultado da parceria entre Facebook e Universa no projeto #CompreDelas, de incentivo a mulheres empreendedoras