"Barrigão ao sol" piora manchas e estrias na gravidez? O que dizem médicas

As marcas durante e após a gestação fazem parte do rol de preocupações que algumas grávidas têm e, em tempos de pandemia, quando o hábito de pegar um solzinho na varanda ou na piscina dentro de casa é recomendado, surge uma dúvida: expor a barriga ao sol pode agravar o aparecimento de estrias e melasma nessa parte do corpo?

Nos Stories do Instagram, a influenciadora Virginia Fonseca, que está na 30ª semana de gestação, explicou que recebeu orientação médica de não tomar mais sol. Isso porque ela apresentou estrias avermelhadas no corpo, que poderiam se transformar em manchas na pele. Conversamos com duas dermatologistas para tirar as dúvidas sobre o tema.

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Tomar sol na gravidez: o que pode acontecer?

Segundo a dermatologista Thais Helena Bello Di Giacomo, durante a gravidez, há um aumento dos níveis do hormônio MSH, responsável por estimular a produção de melanina, no corpo. É ele, aliás, que está trabalhando quando surge uma linha escura vertical na barriga e axilas, virilha e aréolas ficam mais escurecidas.

Ao se expor ao sol, há um incentivo ainda maior para a produção da melanina. "Por esse motivo, as grávidas precisam se proteger bastante na gestação, para que esses dois estímulos não resultem em manchas indesejadas", explica Thais, que é especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Se a ideia é evitar essas marcas, a orientação é, portanto, não expor ao sol sem filtro solar nem o barrigão, nem outra área do corpo. "Quando bronzeamos o corpo, aumentamos os níveis sistêmicos de MSH, o que significa que podemos escurecer áreas que não foram expostas", pontua. "Digo para as pacientes que 'o vermelho de hoje' pode virar o 'marrom de amanhã', e isso é especialmente verdadeiro na gravidez, pela ação do MSH."

Com o progesterona, é esse hormônio que ainda pode provocar o escurecimento de melasma, manchinhas nas maçãs do rosto, testa, no nariz e no buço, em mulheres que são predispostas a tê-lo.

E a vitamina D?

É comum que obstetras prescrevam suplementação de vitamina D para grávidas, pelo fato de ela trazer benefícios para a mulher e para o bebê. Ainda assim, elas precisam pegar sol para garantir esse cuidado?

A dermatologista Gabriela Munhoz, membro efetivo da SBD, explica que não necessariamente. "Há inúmeros artigos que mostram que a exposição solar pode causar câncer de pele. Por outro lado, existe associação da deficiência da vitamina D com a diminuição da nossa imunidade. Tanto a Academia Americana de Dermatologia quanto a SBD recomendam a não exposição e, sim, o uso da vitamina D oral", detalha. "Em caso de exposição, sem filtro solar, dez minutos por dia seriam suficientes."

Ela explica que a exposição solar não intencional, quando se faz uma caminhada pela rua ou se está no carro dirigindo, já seria adequada. A recomendação, no entanto, ainda não é acatada por todos os profissionais e cada gestante deve pedir recomendações específicas a seu médico.

Cuidados com a pele na gravidez

Thais alerta que, de qualquer forma, não vale deixar de lado a hidratação da pele e a proteção solar.

"A exposição ao sol pode gerar ressecamento e diminuir a elasticidade da pele, ou seja, facilitando o surgimento das estrias. Então, para manter a pele sem manchas e tentar evitar as estrias, o ideal é manter a pele hidratada e bem protegida do sol", avalia a dermatologista, indicando que a atenção ao ganho de peso na gestação também é importante para manter a saúde e prevenir as estrias.