Skincare gosmento: conheça o slugging, máscara de vaselina febre no TikTok

A moda de usar vaselina como máscara facial noturna explodiu no TikTok nos últimos meses. Conhecido como "slugging", esse truque de beleza popular entre coreanas e japonesas ganhou o mundo, com a proposta de cuidar da pele durante o sono.

A referência pode até parecer estranha, já que a palavra "slug" significa "lesma" em inglês. Mas a ideia é justamente essa: passar uma camada generosa de vaselina no rosto, deixando aquele aspecto de "gosma" que lembra a textura pegajosa do molusco.

"A vaselina é o nome comercial para geleia de petróleo (ou petrolato), um ingrediente que forma uma vedação sobre a pele, evitando a perda de água e ajudando uma barreira cutânea danificada a se reparar", diz Carla Albuquerque, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Como é feita essa hidratação facial noturna

A proposta do "slugging" é usar a vaselina ao final da rotina noturna de cuidados, não só para hidratar a pele como também para "selar" os produtos utilizados no skincare durante a noite. Na prática, a vaselina consegue formar uma camada oclusiva, que beneficia regiões da pele extremamente secas. Por isso, além do "slugging", há quem utilize o produto também para hidratação dos pés.

"A vaselina purificada é um produto não tóxico, portanto, de fácil utilização e sem efeitos colaterais. Pode incluir na hidratação diária, sem problema. Tem um custo menor e é de fácil acesso", explica Roberta Padovan, médica pós-graduada em dermatologia.

Padovan explica que a vaselina forma uma barreira lipídica que, além de proteger a pele das agressões externas, consegue devolver a elasticidade e a umidade à cútis. "Pode ser usada ao redor dos olhos e face após a aplicação de um creme hidratante para maior absorção", completa.

Colocar vaselina no rosto faz mal?

Muitos anos antes do "slugging" virar febre nas redes sociais, a blogueira e empresária sergipana Dine Azevedo, 29, já utilizava vaselina no rosto para dormir. Ela conta que faz máscaras faciais com vaselina ao menos três vezes na semana.
"Durmo com ela e coloco nas olheiras também à noite. Pela manhã, lavo bem o rosto com água gelada para fechar as cutículas e também gosto de usar argilas naturais. A pele fica lisinha, hidratada e plena", revela.

A influenciadora de Aracaju (SE) diz que nunca teve problemas com o uso frequente de vaselina, mesmo tendo a pele mista. No entanto, a dermatologista Joana Diniz, diretora-científica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, alerta que o produto não é indicado para peles oleosas

"A vaselina funciona apenas em peles muito secas ou após um processo abrasivo, como peelings médios, por exemplo. Em pele oleosa e acneica, pode obstruir poros e agravar o quadro", afirma.

Como testar em casa

Para a dermatologista Carla Albuquerque, a recomendação é usar produtos que combinem a vaselina com outros ativos como glicerina e pantenol, ingredientes que atraem umidade para a pele. "O ideal seria uma consulta com o dermatologista antes, para saber também se sua pele é uma boa candidata ao "sluggin" e qual melhor combinação de skincare para associar", acredita.

Em casa, antes de aplicar a vaselina no rosto, certifique-se de que sua pele está completamente limpa. Assim, você não corre o risco de "selar" as sujeiras na pele. Após a limpeza da pele, utilize um sérum noturno hidratante na pele da face e espere alguns minutos para absorção.

Depois, a dica é aplicar uma camada de vaselina uniformemente na face antes de dormir. No dia seguinte, lavar o rosto com água em abundância e sabonete líquido adequado antes seguir com a rotina de skincare. Lembrando que o produto não é recomendado para uso em máscaras faciais durante o dia e, se você tiver pele naturalmente oleosa, evitar áreas como a zona T (testa, nariz e queixo).

Para quem a máscara gosmenta não é recomendada

Se por um lado a vaselina tem um custo baixo e é indicada para hidratar áreas ressecadas do corpo, como cotovelos, pés e joelhos, por outro existe a polêmica do uso de substâncias de derivado de petróleo na pele. Mesmo considerada segura pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a vaselina não é utilizada na formulação de produtos hipoalergênicos e também não é biodegradável — o que pode gerar impactos no meio ambiente.

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Além disso, o processo de oclusão em peles oleosas e com tendência acneica pode provocar o aumento de cravos, espinhas e até dermatite seborreica. "Com a rosácea, a geleia de petróleo pode aumentar a temperatura da pele e provocar mais ruborização. Além disso, o processo de conter a umidade da pele de forma excessiva também pode desencadear a proliferação de bactérias", alerta Diniz.