Skin tech 2.0: a tecnologia que usa o DNA para criar cremes personalizados
Em algum momento você deve ter perguntado para uma amiga qual produto ela usava para manter a pele e o cabelo tão saudáveis e bonitos. E, após a resposta, correu para comprar e testar. Porém, logo percebeu que os resultados estavam longe do esperado. Isso é mais comum do que parece, afinal, cada um tem suas especificidades e elas precisam ser respeitadas.
"Nosso estilo de vida, alimentação, nível de atividade física e de estresse modulam a nossa suscetibilidade genética a desenvolver doenças e distúrbios, inclusive de pele", explica o geneticista Marcelo Sady, pós-doutor em genética e diretor geral da Multigene.
Mais do que levar em conta as características da pele e do cabelo, hoje, é possível produzir itens hiperpersonalizados, ou seja, feitos sob medida para atender as mais diversas necessidades de cada um. É aí que entra em cena a tech 2.0, uma técnica que analisa o DNA da pessoa para, então, dar vida a produtos exclusivos e eficientes.
"Através dessa análise, podemos descobrir, por exemplo, se o paciente apresenta propensão aumentada ao fotoenvelhecimento pela exposição solar. Se ele apresentar o gene MMP1 no seu exame, por exemplo, isso significa que ele irá ter uma degradação de colágeno após a exposição solar 8 vezes maior do que um paciente que não apresenta o MMP1", diz a dermatologista Paola Pomerantzeff.
Como funciona
Através de um teste de saliva, é analisado o DNA da pele e do cabelo do paciente. A partir daí, identifica-se o dano ou as pequenas mutações que podem gerar alteração na expressão gênica de proteínas importantes do nosso organismo.
Assim, é possível descobrir especificidades como propensão à acne ou ao nível de sensibilidade e reatividade e até mesmo a capacidade de cicatrização do tecido cutâneo, conta o Marcelo. "Isso ajuda o dermatologista a indicar o que é melhor para a pele e o cabelo de cada um, levando em consideração seu gene. Desta forma, é possível uma abordagem mais precisa para a rotina de cuidados, com produtos e tratamentos específicos e personalizados para oferecer o que o tecido cutâneo e os fios mais necessitam", explica o geneticista.
Mais do que tratar, com o exame em mãos, é possível também prevenir diversas condições que tanto a pele quanto o cabelo podem apresentar. "Em peles em que há a tendência a degradação do colágeno, por exemplo, é feita uma suplementação antes mesmo dessa degradação ocorrer", diz o dermatologista Abdo Salomão.
No caso do cabelo, existem genes ligados ao aumento da oleosidade, da inflamação e da queda capilar, o que permite a prescrição mais personalizada, incluindo ativos tópicos que atuarão sobre o problema, esclarece a farmacêutica e gestora técnica da Biotec Maria Eugênia Ayres.
Para garantir resultados ainda melhores, o exame deve ser refeito a cada seis meses ou um ano, após o início dos tratamentos, para saber se você já chegou ao resultado desejado, lembra Geisa. "É um tratamento multidisciplinar personalizado. Tanto que às vezes, além do seu dermatologista, você pode precisar de outras especialidades, como nutricionista, nutrólogo, psiquiatra, tricologista, entre outros", ressalta.
Quais os benefícios dessa avaliação de DNA?
Para Abdo Salomão, a precocidade é a grande vantagem da técnica. Através da análise de DNA é possível tratar causas que ainda nem se manifestaram. Além disso, "a genotipagem oferece ao médico informações individualizadas necessárias para tratar as alterações. Isso permite ao paciente ter um tratamento muito mais direcionado e sedimentado, uma vez todos os ativos, doses e fórmulas são pensadas exclusivamente para prevenção ou tratamentos das suas alterações, com base em seus genes", diz Maria Eugênia.
Vale o investimento?
Os especialistas são categóricos em dizer que a tech 2.0 é a técnica mais eficaz de cuidados com a pele e cabelo que se tem no momento. Segundo Marcelo, a técnica é ótima para conhecer a herança genética de cada um e agir nos "pontos fracos" para prevenir e/ou melhorar a qualidade da pele e dos cabelos. "Nos últimos cinco anos, este setor em crescimento começou a iluminar as possíveis direções que a indústria irá tomar para chegar ao futuro dos cuidados com a pele", afirma Marcelo.
É possível encontrar produtos semelhantes nas perfumarias?
Sim, existem marcas que entregam a personalização em seus produtos. Muitas delas, inclusive, são feitas baseadas em pesquisas genéticas, porém, sempre serão menos específicas. "Esses produtos representam um avanço no campo cosmético, mas ainda assim são industrializados e não são completamente personalizados para as necessidades individuais de cada um", finaliza Marcelo.
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