Maju, Kamala, Conceição: menina de 8 anos recria fotos de ícones negras
É impossível passar pelo perfil do Instagram da pequena Clara Larchete, de 8 anos, e não abrir um sorriso. Desde o ano passado e com a ajuda da mãe, Daiane, Clara tem reproduzido fotos de mulheres ícones em diversas áreas. Entre as mais recentes homenageadas estão a escritora Conceição Evaristo, a primeira negra eleita deputada estadual no Brasil, Antonieta de Barros, e a líder quilombola Tereza de Benguela (foto abaixo).
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As legendas sempre trazem uma breve explicação sobre a vida da mulher que ganha a homenagem. A mãe, Daiane, conta que a ideia surgiu de uma atividade escolar, em que Clara reproduziu uma foto da pintora Tarsila do Amaral. O resultado foi postado por Daiane no Instagram. "Não achava que ia ter tanto retorno positivo."
Mas essa também foi uma maneira encontrada pela mãe de Clara para falar com a filha sobre racismo e sobre não se deixar diminuir ao ouvir algum tipo de comentário preconceituoso.
Ideia surgiu após menina sofrer racismo
"Clara já sofreu racismo na escola. Na primeira vez, eu não estava preparada para aquilo, nunca imaginei que ela fosse ser discriminada", conta Daiane. "Chegou um momento que toda vez que eu a arrumava para ir para a aula, ela chorava. Se preocupava se o cabelo estava preso, não queria mais usá-lo solto. Aí contou que tinha um menino que falava que ela era feia, que cabelo era feio."
Em outro episódio, mais uma vez ouviu ofensas sobre seu cabelo vindo de uma colega de classe. "Uma menina na minha sala, mais escura do que eu, falava que quando minha mãe fazia penteados parecia um monte de lixo. Até que teve um dia que eu falei com a professora", conta Clara. A mãe relembra que, depois disso, a escola fez um projeto sobre racismo.
Em casa, Daiane viu na releitura de Tarsila do Amaral um método para ensinar a filha sobre grandes mulheres negras que foram atrás de seus sonhos. "É uma forma de dizer que ela pode ser o que ela quiser."
A brincadeira tem sido uma maneira de mostrar a Clara exemplos de mulheres em quem se inspirar. "Quando vê que mulheres saíram de lugares simples e conquistaram a própria voz, ela entende que também tem a sua força, independentemente do lugar em que esteja crescendo e onde esteja estudando", diz Daiane.
"A luta, para a mulher negra e para o homem negro, é muito mais difícil. Algumas pessoas julgam você incapaz pela cor da pele que você tem", afirma.
Animada com o projeto, Clara conta que há uma releitura em especial que gostaria de fazer. "A Ofélia. Ela é uma personagem preta do 'Quintal da Cultura' [vivida pela atriz Mafalda Pequenino] e quase todos os dias está com penteado diferente", diverte-se a garota.
"Acho essas homenagens muito legais porque estamos lembrando pessoas que mudaram nossa história, mulheres que lutaram pelos seus sonhos", diz Clara.
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